Arquidiocese de Braga -
31 outubro 2016
D. Jorge Ortiga: “O tempo não nos pertence”
DACS
Arcebispo Primaz escreveu Mensagem para a Solenidade de Todos os Santos e pediu que o dia seja de oração, reflexão e serena alegria.
O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, escreveu uma Mensagem para a Solenidade de todos os Santos, intitulada “O tempo não nos pertence”.
O prelado começou por explicar que, para além do tempo, também a eternidade não pertence à humanidade. Mesmo que sejam dois termos que à partida parecem excluir-se, estão, no entanto “profundamente ligados na fé cristã”, já que a incarnação de Cristo e a Sua presença convidam a humanidade a transgredir os limites impostos pela temporalidade que conhecemos como humana.
“A cultura industrial e tecnológica criou, na nossa sociedade, uma nova percepção do tempo. O tempo é um bem precioso, mensurável e controlável. «Lembra-te que o tempo é dinheiro», disse Benjamin Franklin a um jovem empresário do século XVIII. Cada minuto, cada segundo, conta e deve ser rentabilizado. Penso, todavia, que esta concepção do tempo destrói por completo a nobreza do espírito humano”, explicou D. Jorge Ortiga, salientando que a referida nobreza assenta no ser em vez do ter.
O Arcebispo manifestou-se ainda preocupado com o encarar da morte como o “final da jornada”, já que desta forma se perde o sentido da “transcendência, da escatologia, da ressurreição” e a “certeza que Cristo continua vivo”. Neste sentido, apontou a importância de a catequese, as escolas e os grupos de reflexão ajudarem a esclarecer o sentido cristão do tempo.
“Exorto ainda a que, neste dia, seja lida e estudada a Instrução Ad resurgendum cum Cristo. Este documento esclarece a doutrina católica sobre a cremação. «Em si mesma [a cremação] não é contrária à religião cristã», mas a «Igreja recomenda insistentemente que os corpos dos defuntos sejam sepultados no cemitério ou num lugar sagrado». Pede-se ainda, neste documento, o respeito pelas cinzas, evitando que as mesmas sejam dispersas «no ar, na terra ou na água ou, ainda, em qualquer outro lugar», ou mesmo conversadas em «peças de joalharia ou em outros objectos». Creio que, antes de mais, é um sinal de respeito pelo corpo humano, epifania da nossa existência e das nossas relações interpessoais. O corpo, na lógica cristã, é a fonte de relação, memória da nossa presença na Terra e parte integrante da nossa existência. Acreditamos, por isso, na «ressurreição dos mortos e a vida no mundo que há-de vir». Acreditamos, como nos diz Paulo, que Cristo «transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao seu corpo glorioso»”, pediu.
O prelado terminou a mensagem com a esperança de que a Solenidade de Todos os Santos seja uma oportunidade para reflectir cristãmente sobre a morte, o sentido do tempo e a nobreza do corpo. “É um dia de silêncio respeitoso, de estar com a família, de nos lembrarmos dos nossos amigos e familiares já falecidos. É um dia de oração na comunhão dos santos. Mas é também um dia de serena alegria porque Cristo venceu a morte”, concluiu.
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Mensagem na Solenidade de Todos os Santos
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