Arquidiocese de Braga -

21 março 2018

Solidariedade aumentou, mas ainda não chega

Fotografia DACS

DACS

O cónego Roberto Rosmaninho Mariz, na qualidade de Ecónomo da Arquidiocese de Braga, confessou ao Departamento Arquidiocesano da Comunicação Social (DACS) que a solidariedade e caridade aumentaram, mas ainda são insuficientes.

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A afirmação surgiu no âmbito da partilha de valores relacionados com a Renúncia Quaresmal do ano anterior: o Fundo Partilhar com Esperança atribuiu ajudas no valor de € 34.258,93 e o Projecto Salama € 28.194,54.

Esta partilha de valores também deve ser um incentivo para os cristãos, até porque a Quaresma ainda não terminou. Queremos que sintam e saibam com agrado no seu coração e no seu íntimo aquilo que ano anterior já foi feito em torno dessas duas realidades, explicou o cónego Roberto.

O responsável indicou ainda que, apesar de a maior parte das ajudas se concentrar na parte mais urbana de Braga, há outros concelhos e arciprestados que usufruem de auxílio, como é o caso de Vieira do Minho, Famalicão, Vila Verde ou Guimarães.

Dentro de várias dimensões, entre auxiliar famílias na água, na alimentação, electricidade, gás ou medicamentos há uma valência que se evidencia. Mais de 80% das ajudas prestadas prende-se com rendas de imóveis. Claro que a crise hoje em dia, comparando com aquilo que já foi, está diminuída, mas ainda sentimos que é relevante potenciar esta ajuda, indicou ao DACS.

O pároco de S. Lázaro manifestou alegria pelo facto de o turismo em Braga ter crescido exponencialmente, mas sublinhou as dificuldades acrescidas com o agravamento das rendas, que traduzem também o aumento de algumas solicitações.

Para quem tem de encontrar um novo alojamento tem sido uma dificuldade acrescida. Esta questão das rendas ocupa-nos de forma particular. Não é qualquer família no desemprego ou com o salário mínimo que consegue pagar duas rendas adiantadas, é uma grande despesa. É uma causa que temos de gerir conforme a disponibilidade monetária que existe e o conjugar de todas as solicitações. Se o valor fosse superior, permitir-nos-ia ajudar mais pessoas, de modo mais rápido e mais largo. Claro que isso traz algumas contingências para a receita anual que temos. As solicitações foram no valor de 50 mil euros. Atribuímos cerca de 34 mil. A maior fatia foi ajudada, mas…”, adiantou, sem esconder a preocupação face aos pedidos que não foram atendidos.

A crise diminuiu e isso tem sido sentido no montante angariado, mas há pessoas a quem ainda está a custar muito sair de um regime de dependência por não terem ainda conseguido entrar no mercado de trabalho. Aquilo que se pretende com este amparo da Arquidiocese a nível caritativo é que as pessoas saiam dessa dependência, que consigam reconstruir a sua vida. Há alguns casos pontuais que ainda nascem neste momento por algum infortúnio da vida, mas aquilo que mais nos preocupa é conseguir que aqueles que têm perdurado nessas circunstâncias consigam alcançar outro patamar, informou.

O Ecónomo da Arquidiocese de Braga apelou ainda à participação dos fiéis no Projecto Salama, nomeadamente no programa que existe de preparação e formação de missionários que posteriormente são enviados para a paróquia de Santa Cecília de Ocua, a “552ª paróquia de Braga”, como é conhecida.

O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, já tinha apelado à generosidade dos fiéis durante a homilia de quarta-feira de Cinzas. A Quaresma recorda-nos que os pequenos gestos, talvez ocultos, podem ter um valor incalculável de restituição da dignidade à vida de muitas pessoas. A dinâmica do contributo penitencial, que exige a capacidade de contribuir, supõe a renúncia a coisas supérfluas ou desnecessárias. Ela permite que com o pouco de cada um se façam autênticos milagres, afirmou.