Arquidiocese de Braga -

7 junho 2018

Evangelho ou morte!

Fotografia

Pe. Paulo Terroso

Editorial do Pe. Paulo Terroso, director do Departamento Arquidiocesano de Comunicação Social, por ocasião da renovação de imagem do suplemento Igreja Viva.

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Dom Tonino Bello, bispo católico e figura incontornável do século XX em Itália, é o ilustre desconhecido entre nós que invoco como padroeiro deste Igreja Viva renovado. Não porque seja o advogado dos designers. Aliás, o seu processo de beatificação ainda está em curso. Não porque tivesse um particular gosto pelo jornalismo. Embora fosse um mestre em comunicação, escritor e poeta. Mas porque foi um “bispo feito Evangelho”, como o define o monsenhor Agostino Superbo, postulador da causa de beatificação. O bispo cujo ministério pastoral, caracterizado pela “suavidade, ternura, espanto de vibrante poeta; mas também força, paixão, coragem anticonformista” (Luigi Santucci), foi uma “exegese viva do Evangelho” (Giancarlo Pani, sj). 

Um Igreja Viva não o é porque fazemos coisas bonitas, arranjadinhas, idealizadas por um guru do design — obrigado Romão, mais uma vez, pelo excelente trabalho que realizaste — com grandes entrevistas e os melhores colunistas. Tudo é importante, mas se não é feito de Evangelho, se não incarna o Evangelho e não é uma exegese viva do Evangelho de nada nos serve.

Do mesmo modo, a Igreja viva não o é porque tem um plano pastoral desenhado a compasso e esquadro, uma agenda exaustiva, materializada numa publicação com uma orientação gráfica irrepreensível. Uma Igreja viva não o é porque até temos uma página na internet e uma aplicação. Uma Igreja viva não o é porque na liturgia o presidente da celebração lê o preto e faz o vermelho, ou então, encontra sempre um modo mais criativo de ler as leituras, proclamar o Evangelho, fazer o ofertório, falar a crianças e adultos e há sempre algo de novo. Fica a dúvida se o fiel entra na igreja para celebrar a fé ou pela novidade! A verdade é que se uma Igreja Viva dependesse da pirotecnia litúrgica estávamos salvos! Tudo é importante, mas se não é feito de Evangelho, se não incarna o Evangelho e não é uma exegese viva do Evangelho de nada nos serve.

O caminho é Outro. É colocar Cristo e o seu Evangelho no centro. Num entusiasmo, alegria e esperança que são confirmação de que estamos no caminho certo. A propósito diz-nos Dom Tonino: “Devemos servir o mundo, mas como ressuscitados. A Igreja ajuda, e muito até. Às vezes até ao esgotamento. Estamos do lado dos pobres, fazemos mil sacrifícios, ajudamos as pessoas […], mas não com a alma dos ressuscitados, mas antes mais com a alma dos assalariados. E nem sempre com o nosso serviço anunciamos Cristo, esperança do mundo. Anunciamos mais nós próprios e as nossas capacidades, do que a Ele. Parecemos, não raras vezes, uma organização que incute respeito, às vezes até medo, sujeição. Mas não somos os caminhantes entusiastas que em conjunto com os outros dirigem os passos em direcção a Cristo ressuscitado”.

Um Igreja Viva, uma Igreja viva, não tem nada a ver com design: é Evangelho ou morte!