Arquidiocese de Braga -

30 novembro 2018

Mensagem de Advento

Fotografia

Francisco Miguel Fernandes Carreira

O nosso Arcebispo deixa-nos uma mensagem de interpelação para melhor viver o tempo de Advento

\n

TALENTOS E RESPOSTAS
Sociais-caritativas

A espiritualidade do Advento e do Natal estrutura-se a partir da vinda do Senhor. Recorda-se a expectativa do Messias, por parte do povo judeu, e a certeza histórica da incarnação de Cristo. Esta esperança fundada impele-nos ao compromisso de anunciar a Sua contínua presença entre nós por meio do testemunho pessoal e da partilha da Palavra. Importa, por isso, colocar-se a caminho em vista à alegria do encontro e a encarar a vida como uma missão.

Estamos, este ano pastoral, a aprofundar a temática ser esperança que, no âmbito da liturgia, se traduzirá no projecto “Cres’Ser na Esperança”. Temos no horizonte um mundo à procura da verdade e de um sentido para a vida. Cada cristão deve assumir esta missão, de modo inequívoco e transparente, conservando e estimando a Palavra. Em simultâneo, as comunidades paroquiais e movimentos eclesiais terão de abraçar esta causa, activando os seus talentos, únicos e irrepetíveis, para “crescerem na esperança”. Este esforço é feito a pensar sobretudo no mundo e na missão de, em Igreja, propor Cristo.


Em primeiro lugar, e particularmente durante o Advento, devemos ser capazes de avaliar a missão para nos prepararmos convenientemente para o “grande mistério da Incarnação”.


As nossas comunidades são demasiado passivas e quase sempre nos limitamos a assistir e a consumir. Bato à porta de cada um para que reconheça que na comunidade há lugar para todos. Há trabalho dentro da comunidade e fora dela. Teremos de sair dos nossos adros e aceitar o mundo como um espaço onde trabalhamos por um mundo melhor. Os ambientes de vida interpelam-nos a mostrarmos que o amor de Deus deve passar pelo testemunho e pela acção dos cristãos. Também aí não basta esperar e cultivar a atitude de crítica dos que nada fazem. Ao mesmo tempo, façamos – como nos recorda o Programa Pastoral – “um inventário atualizado dos talentos das pessoas que participam na vida da comunidade (paroquial)” para, como nos indica este itinerário, sermos “sementes da nossa Esperança”. E porque devemos fugir à monotonia do sempre foi assim, criemos “oportunidades para que todos partilhem os seus dons, sobretudo os jovens”.


Auguro que a caminhada de Advento seja pautada pela serenidade de avaliar. “O que fazemos cumpre a missão de ser fermento de Deus no meio da humanidade? Somos lugar de misericórdia gratuita, onde todos se sentem acolhidos, amados, perdoados e animados a viver segundo a vida boa do Evangelho?”.


Em seguida, é necessário reconhecer os numerosos talentos que cada cristão tem para os exercitar nos diversos campos da missão. Um exercício que se pretende activo e criativo. Cristo nasceu e com Ele veio a aurora de um mundo mais digno para todos. O Natal é movimento e envolve-nos na construção de comunidades vivas para que a sociedade se transforme. Com o nascimento de Cristo, iniciou-se uma nova era e hoje reconhecemos que a evolução da sociedade nos coloca perante os desafios de um mundo novo. É uma tarefa que nos une a todos sob o horizonte da participação. Queremos um modo novo de fazer pastoral e pretendemos que esta seja “de carácter sinodal, um caminho mais participativo, criativo, comunitário, corresponsável e missionário”. O que posso e devo fazer? O que deve realizar a comunidade na sua vida e na relação com o mundo? Unido ao Papa, “convido todos [neste Natal] a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respetivas comunidades” (E.G. 33). Cada uma destas palavras é uma responsabilidade e o Natal é o momento de ultrapassar a monotonia pastoral e, de um modo renovado, a sairmos dos nossos espaços religiosos para incidirmos na sociedade. Há caminhos novos a percorrer. Há coisas grandes e pequenas a realizar. Da participação activa de cada um nasce uma Igreja renovada e um mundo mais humano.


Na lógica do Programa Pastoral, temos um itinerário concreto, apaixonante e inovador. O Advento e o Natal podem oferecer muitas surpresas. Sei que a avaliação e a participação acontecerão, assim como creio que, em ambiente de oração, as raízes da árvore da esperança crescerão e darão frutos. Com uma participação activa e, sobretudo, criativa permitamos que este Natal gere comunidades acolhedoras e responsáveis pelo futuro de todos.


+Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

 


Download de Ficheiros

Mensagem_Advento_D._jorge.pdf