Arquidiocese de Braga -

8 maio 2020

Jesuítas europeus pedem solidariedade à UE

Fotografia

DACS com Jesuítas em Portugal

O apelo surge no 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e 70 anos após a declaração de Schuman.

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Os responsáveis dos jesuítas europeus, a maior ordem religiosa masculina da Igreja Católica, enviaram esta sexta-feira uma mensagem às instituições da União Europeia pedindo-lhes que promovam uma "verdadeira solidariedade ética e social" na sequência dos surtos do coronavírus que abalaram todo o continente.

O apelo, que surge no 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial e 70 anos após a declaração de Schuman, pede à UE que trabalhe arduamente para superar "a ameaça existencial que representa a actual falta de apetência pela solidariedade internacional". 

O Pe. José Frazão Correia, sj – provincial dos jesuítas em Portugal e um dos subscritores da declaração – explica que esta tomada de posição nasce da "consciência que temos das graves consequências sociais e humanas da presente pandemia a nível europeu e mundial e da necessidade de encontrarmos respostas solidárias que evitem o isolamento dos países, o crescimento de visões individualistas e a desatenção aos mais vulneráveis, entre eles os migrantes e refugiados".

O jesuíta português explica também que o texto da Declaração resulta dos contactos regulares entre os provinciais dos jesuítas europeus, coordenados pelo presidente da Conferência Europeia de Provinciais, o belga Pe. Franck Janin, tendo sido trabalhado na última semana por todos os subscritores. 

A declaração dos jesuítas salienta que a pandemia do coronavírus fortaleceu a consciência de todos os povos da Europa de que estão profundamente interligados. Paradoxalmente, é na altura em que as igrejas estão vazias que as pessoas redescobrem a mensagem cristã da solidariedade. Esta crescente consciência deve servir de motor de mudança à medida que as pessoas fortalecem o seu compromisso de servir o bem comum. 

No documento, os jesuítas apelam a um repensar do actual modelo de globalização. "Não podemos viver de forma saudável num planeta doente", apontam, aludindo ao ensino do Papa Francisco sobre "ecologia integral". Lamentam ainda a relutância inicial da União em ajudar os países do Sul que lutam contra o vírus.

"Felizmente, por agora, a UE encontrou o caminho de volta à solidariedade prática. A médio prazo, o desafio consistirá em enfrentar as consequências económicas e sociais da pandemia. Inevitavelmente, isso implicará alguma redistribuição da riqueza dos países mais ricos com os países mais pobres." Em seguida, os jesuítas europeus destacam a situação dos refugiados e requerentes de asilo em toda a Europa. O apelo à solidariedade "deve também estender-se urgentemente a eles", especialmente os que estão confinados em campos da UE. 

Os jesuítas citam o Papa Francisco, que diz que "a União Europeia enfrenta atualmente um desafio epocal, do qual dependerá não só o seu futuro, mas o de todo o mundo". Sublinham que o principal desafio consiste em cultivar uma solidariedade europeia que prefigure a solidariedade global.

É por isso, sublinham, que o sul também tem um apelo à solidariedade europeia, nomeadamente envolvendo "a anulação da dívida dos países mais pobres, mais ajuda humanitária e cooperação para o desenvolvimento, com as despesas militares redirecionadas para a saúde e os serviços sociais". 

A mensagem termina com a esperança de que a crise possa ser uma "oportunidade espiritual de conversão", uma oportunidade que deve ser aproveitada para provocar uma mudança radical, para melhor. 

A Conferência Jesuíta dos Provinciais Europeus é composta por 20 unidades chamadas "Províncias" ou "Regiões" que se estendem pelos países da União Europeia, mas mais amplamente por todo o continente europeu e também pelo Próximo Oriente. Isto representa cerca de 4000 Jesuítas e centenas de instituições diferentes.