Arquidiocese de Braga -

23 dezembro 2020

Nasceu o Salvador

Fotografia

Balasar (Santa Eulália)

\n

“Anuncio-vos uma boa nova que será alegria para todo o povo. Hoje vos nasceu da cidade de David um Salvador, que é Cristo Senhor”. (Lc 2,11-12).

 

O nascimento de Jesus mudou a história da humanidade. Crentes, e até não crentes, celebram o Natal. Para os cristãos o Natal é a celebração do nascimento do Salvador, que é Cristo Senhor. É a grande festa da alegria, que resulta do nosso encontro com Jesus Salvador, o Filho de Deus, o Salvador. Natal é um ato de Fé em Jesus Salvador, o Messias, o Deus Encarnado, o Emanuel, Deus connosco, o Filho de Maria, Filho do Altíssimo, obra do Espírito Santo. Celebrar o Natal sem nos deixarmos envolver no mistério de um Deus feito Menino, é participar numa festa sem conhecer a verdade do Natal. Natal é a manifestação do Deus Amor. Deus é Amor. “Deus amou tanto o mundo que lhe enviou o seu próprio Filho” (Jo 3, 17). 

 

“Vamos a Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou”, assim disseram os pastores. Foram. Encontraram o menino e sua mãe. Também hoje somos convidados a ir a Belém para ver e contemplar o Deus Menino. Hoje não precisamos de ir a Belém, nem a Jerusalém, cidades da antiga Palestina. Temos Jesus na nossa casa, nesta casa, a que chamamos igreja. Ele disse: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estiou no meio deles”. Está na Sua Palavra, no Sacrário, vivo e real como em Belém. Não é um menino como em Belém, mas Pão da Vida, o nosso alimento. Ele não volta a nascer em Belém, mas nasce no altar sempre que celebrámos a Eucaristia. Ele faz-se presente para nós. Apenas quer que aceitemos o seu convite: felizes os convidados. 

A Eucaristia é o sacramento do amor. Ele mesmo disse: “Não há maior amor do que aquele que dá a vida”. Belém, o Cenáculo e o Calvário estão totalmente unidos. Sem a Morte e Ressurreição de Jesus, o seu nascimento não fazia parte da história. Em Belém assume a nossa natureza. No Cenáculo, oferece-se ao Pai como cordeiro que tira o pecado do mundo. Oferece-se como Pão da Vida. No Calvário, manifesta a sua divindade. É o Filho de Deus. Assim proclamou o Centurião. 

Em Belém nasce pobre, simples e rejeitado pela sociedade de consumo. No Calvário, morre como condenado e abandonado pelos seus. 

Celebrar Natal é vir ao encontro de Jesus, que continua abandonado. Acreditar que Ele é o nosso Salvador, a revelação de um Deus Pai Amor. 

“ Vinde a Mim”, é o convite de Jesus. Como os pastores, vejamos o que o se realizou e o que o Senhor nos manifestou.

 

Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto.

Esta é a nossa missão: Anunciar ao mundo que Deus nos ama, e nos quer salvar em Jesus. Este mundo tão afastado de Deus. Este mundo que continua a rejeitar Jesus. Veio para os seus, mas os seus não O receberam. Anunciar Jesus aos pobres, simples, humildes e rejeitados. Estes sempre O escutaram. Jesus precisa de mim, de ti, das tuas mãos, do teu coração, do teu olhar, da tua compaixão, da tua caridade, para que muitos dos nossos irmãos possam celebrar o Natal. Hoje, o presépio de Jesus está no sem abrigo, no pobre rejeitado, no que não tem pão para comer e saúde para viver feliz, na família sem amor. Em Belém, Jesus também foi rejeitado e sem abrigo. Ele continua a dizer: “Tudo o que fizeste ao mais pequenino dos meus irmãos, a Mim o fizeste”.

 

Esta é a nossa missão: Anunciar ao mundo que Jesus é o Salvador, o Messias enviado por Deus.

“Não temais”. Assim disseram os anjos aos pastores. O mundo de hoje rejeita Deus, e também nos rejeita. Não tenhamos medo. Jesus, na última ceia disse aos seus discípulos: “ Não temais. Sereis rejeitados. Eu também fui. Mas venci o mundo. Deus vence sempre.

 

Neste Natal, quero proclamar convosco:

 

Creio no amor de Jesus, filho de Deus encarnado, Deus e Homem verdadeiro, Filho do Pai eterno, Luz da Luz e, enquanto Deus, igual ao Pai e ao Espírito em vida, glória, poder, majestade, amor.

 

Creio no amor de Jesus, Filho de Deus encarnado, que, para ficar connosco e em nós, para nos alimentar da sua vida, instituiu o sacramento da Eucaristia e nele dá seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, e permanece em milhões de sacrários.

 

Creio no amor de Jesus, Filho de Deus encarnado, que assumiu o nosso pecado e Se revestiu de divina misericórdia para com os pecadores, em atitude de perdão e de compaixão, de vida sacramental, de divina misericórdia que continua a chegar a cada um de nós.

 

Creio no amor de Jesus, Filho de Deus encarnado, com seu coração generoso, que nos deu seu Pai para nosso Pai, sua Mãe para nossa Mãe, que nos deixou a Igreja, sua Esposa santa, que nos deu o seu Espírito que age em nós pelos seus sete dons.

 

Creio no amor de Jesus, Filho de Deus encarnado, que sofre uma longa e dolorosa paixão, que é crucificado e morre na Cruz, que é feito verme da terra e derrama seu sangue para salvar a humanidade, que é Cordeiro que tira o pecado do mundo.

 

Creio no amor de Jesus, Filho de Deus encarnado, ressuscitado e elevado ao Céu, com todo o poder e toda a glória, mas que continua unido a nós, a interceder por nós, continua presente e actuante nas nossas vidas e na Igreja, nossa Mãe.

 

Creio no amor de Jesus, filho de Deus encarnado, e desejo muito que a minha vida retribua tanto amor, desejo louvá-Lo e bendizê-Lo, pois Ele é digníssimo de todo o louvor, e de toda a glória.

 

Que o Deus Menino nasça nas comunidades, famílias e no coração das pessoas. Surgirá uma nova Criação, uma nova Humanidade. 

Como os pastores glorifiquemos e louvemos o nosso Deus. 

Como os Anjos, cantemos: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens”.