Arquidiocese de Braga -

19 janeiro 2021

Arquidiocese espanhola vende obras de arte em benefício dos pobres

Fotografia Conferência Episcopal Espanhola

DACS

Em Espanha, o Cardeal Antonio Cañizares, Arcebispo de Valência, decidiu vender bens patrimoniais da sua diocese para ajudar os mais pobres. O prelado espanhol quer mesmo que outras entidades eclesiásticas lhe sigam o exemplo, a começar pelas congregações

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“A Igreja diocesana vai despojar-se de bens preciosos para entregá-los aos pobres”. Esta foi a promessa do cardeal Antonio Cañizares ao apresentar a sua Mensagem de Natal.

Para esse fim, foi criada uma fundação chamada “Pauperibus” (para os pobres). Como primeiro passo, foram concedidas à Fundação “cerca de quarenta pinturas do Arcebispado, algumas de pintores valencianos", explicou o cardeal Cañizares. A essas pinturas devem, em breve, juntar-se outras obras de arte, como esculturas, e “outros bens imóveis de que a Arquidiocese abrirá mão em favor dos pobres”.

Em carta publicada em vários órgãos de comunicação espanhóis, o Arcebispo explica que nunca poderia ter a “presunção” de ser ele, Antonio Cañizares, a título individual, a desfazer-se dos bens. A fazê-lo está o “servidor e pastor dos valencianos”, à semelhança do que já haviam feito outros seus antecessores na Arquidiocese.

“Assim, o vosso Bispo Antonio, pastor e servo indigno, vai desfazer-se dos bens que não são meus, nem vossos, queridos valencianos, mas dos pobres, porque a diocese como Igreja pertence aos pobres e existe para os pobres (…). Por isso, e nada mais, a minha mensagem permanece firme e tornar-se-á realidade em 2021, se Deus quiser, e com certeza Ele assim irá querer”, afirmou.

As referidas quarenta pinturas estavam na casa do Arcebispo, incluindo um quadro do século XX que retratava o Cardeal Beato Ciriaco María Sancha, pintado por Maria José Ruiz, e que era propriedade pessoal do Cardeal Cañizares.

 

“Assim, o vosso Bispo Antonio, pastor e servo indigno, vai desfazer-se dos bens que não são meus, nem vossos, queridos valencianos, mas dos pobres, porque a diocese como Igreja pertence aos pobres e existe para os pobres (…). Por isso, e nada mais, a minha mensagem permanece firme e tornar-se-á realidade em 2021, se Deus quiser, e com certeza Ele assim irá querer.”

 

“Outros bens irão juntar-se às pinturas, como algumas esculturas, parte de um presépio do século XVII, um belo São Sebastião e algumas outras obras, bem como cruzes peitorais minhas de que me irei desprender. Todo este conjunto ficará exposto na Assembleia Municipal da Faculdade de Teologia, futura sede da Universidade Católica, na rua Trinitarios, e poderá ser conhecido e visitado, juntamente com outros dados sobre imóveis de que a diocese se irá desfazer para os pobres”, afirmou.

O prelado explicou ainda que as obras não “saem” ou “desaparecem” da diocese, nela permanecem, perguntando ainda onde é possível os fiéis encontrarem Jesus. 

“Onde está o Seu trono, onde é que Ele se senta? O Seu «trono» são os pobres, é a Igreja dos pobres e dos que sofrem. Essas pinturas vão deixar de enfeitar as nossas paredes para servir a Deus, servindo os vulneráveis e necessitados, isso é que é amor”, indicou.

O Cardeal Cañizares frisou ainda que a iniciativa não é sua, mas sim de Deus, indicando ainda que a fundação Pauperibus está aberta a “receber donativos de pessoas ou instituições da Igreja, civis e sociais”. 

Na sua Mensagem de Natal, o Arcebispo já havia pedido que mais entidades eclesiásticas se juntassem à causa.

“Peço que os religiosos e as religiosas façam o mesmo, que também se privem de importantes bens patrimoniais e os dêem aos pobres: Deus deu tudo, por que não devemos nós fazê-lo?”, questionou.