Arquidiocese de Braga -

12 abril 2021

Francisco alerta para a fé que se torna “estéril”

Fotografia

DACS com Agência Lusa

Ajudar e partilhar “não é comunismo, é cristianismo na sua forma mais pura”, diz o Papa.

\n

O Papa alertou este domingo para a transformação da fé num “intimismo estéril”, pedindo para não se viver uma “meia crença”. Na celebração do Domingo da Divina Misericórdia, Francisco explicou também que ajudar e partilhar “não é comunismo, é cristianismo na sua forma mais pura”.

Na homilia, o Papa Francisco convidou os fiéis a reflectirem sobre se se “curvam perante as feridas dos outros” e pediu para evitar a indiferença e não viver uma fé sem convicção, que recebe mas não dá”, porque “se o amor acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril. Sem os outros, torna-se desencarnada. Sem as obras de misericórdia, morre”.

O pontífice recorreu ao episódio bíblico da aparição de Jesus ressuscitado aos seus discípulos, desanimados pela morte do mestre e atemorizados pela perseguição – uma presença que, segundo a Bíblia, mudou as suas vidas e os fez partilhar tudo.

“Só acolhendo o amor de Deus podemos dar algo de novo ao mundo. Vemos isso na primeira leitura. Os Actos dos Apóstolos dizem-nos que ‘ninguém considerava os seus bens como sendo seus, todas as coisas eram mantidas em comum’. Não é comunismo, é cristianismo na sua forma mais pura”, sublinhou o Papa.

E acrescentou: “É ainda mais surpreendente se pensarmos que esses mesmos discípulos pouco tempo antes tinham discutido sobre recompensas e honras, sobre quem era o maior entre eles”.

Francisco explicou que os discípulos abraçaram a misericórdia e entregaram-se a outros que sentiram o mesmo sobre o seu mestre, que perdoou as suas dúvidas.

“Eles viram nos outros a mesma misericórdia que tinha transformado as suas vidas. Descobriram que tinham em comum a missão, o perdão e o Corpo de Jesus; partilhar os bens terrenos era uma consequência natural”, disse.

A missa, celebrada na Igreja do Espírito Santo em Sassia, a poucos metros da Praça de São Pedro, contou com a presença de cerca de 80 pessoas ligadas a obras de misericórdia. Entre os presentes encontravam-se uma família de migrantes da Argentina, jovens refugiados sírios, nigerianos e egípcios, voluntários da Cáritas, um grupo de detidos, algumas enfermeiras, deficientes e freiras das Irmãs Hospitaleiras da Misericórdia, entre outros.