Arquidiocese de Braga -

26 julho 2021

Conferência Episcopal de França e o passe sanitário: “não confundamos as liberdades”

Fotografia Clement Mahoudeau / AFP

DACS

Bispos franceses reagiram aos protestos de manifestantes que comparam a obrigatoriedade de um passe sanitário com a discriminação sofrida pelos Judeus ao serem obrigados a usar uma estrela amarela na roupa.

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A Conferência Episcopal de França publicou uma nota na sua página onde pede que não se confundam as liberdades, a propósito da vacinação contra a Covid-19. O documento surge em resposta ao discurso de várias pessoas que compararam a obrigatoriedade do passe sanitário em França com a discriminação sofrida pelos Judeus quando eram obrigados a usar uma estrela amarela na roupa.

“A Shoah representa um horror absoluto a partir do qual as nossas condutas políticas devem ser julgadas e não tornarem-se num brinquedo em benefício de qualquer causa. A vacinação em questão é a resposta médica disponível para fazer face a uma epidemia que corre o risco de paralisar ainda mais a vida económica, mas sobretudo a vida social e as trocas de afecto e amizade. Não nega a dignidade do ser humano ao justificar a sua eliminação”, pode ler-se.

Os bispos franceses defendem que o governo, ao tornar a vacina obrigatória para algumas pessoas e ao impor o passe sanitário para a realização de certas actividades, “está a cumprir as suas responsabilidades legítimas sob o controlo do Parlamento”.

A CEF sublinha ainda que cabe aos órgãos judiciais do Estado verficar se a imposição do passe está de acordo com a lei e salvaguardar a proporcionalidade de quaisquer restrições impostas pela pandemia.

“Nunca confundamos a liberdade de viajar e a liberdade de existir, nem a liberdade de ir ao cinema ou ao café e a liberdade de louvar a Deus ou não louvá-lo, mesmo que seja claro que nem o Estado nem os cidadãos devem ignorar o facto de que tais liberdades estão interligadas. Esta epidemia faz com que todos sintamos o quanto somos responsáveis ​​uns pelos outros. É como um anúncio da unidade humana e da união íntima com Deus”, alertam os bispos.

A obrigação de um passe sanitário para o acesso a determinadas actividades sociais e comerciais foi anunciada por Emmanuel Macron, no passado dia 12 de Julho. O certificado (ou o atestado de um teste Covid negativo) será obrigatório para os cidadãos poderem aceder cinemas, museus, bares, restaurantes, centros comerciais e transportes públicos. Em Portugal, uma política semelhante encontra-se também em vigor.

O passe será exigido a maiores de 12 anos e a vacinação será obrigatória para algumas pessoas, como profissionais de saúde e cuidadores.

O discurso de Macron gerou vários protestos em várias cidades da França, incluindo Paris, Marselha e Estrasburgo, onde centenas de manifestantes marcharam pelas ruas clamando por “Liberdade! Liberdade!".