Arquidiocese de Braga -
28 setembro 2021
Papa lamenta que o aborto esteja normalizado
DACS com Vida Nueva Digital
“Somos vítimas de uma cultura do descarte. Descartamos as crianças com essas leis do aborto que as matam de uma vez. Isto tornou-se numa forma «normal», um hábito que é muito feio, é um assassinato”, afirma.
“Somos vítimas de uma cultura do descarte. Descartamos as crianças com essas leis do aborto que as matam de uma vez. Isto tornou-se numa forma «normal», um hábito que é muito feio, é um assassinato”. Foi assim que o Papa Francisco mais uma vez reflectiu sobre o aborto. E fê-lo na sua audiência à Pontifícia Academia para a Vida, que celebra a sua Assembleia Plenária de 27 a 29 de Setembro com o tema “Pandemia, bioética e futura saúde pública numa perspectiva global”.
No mesmo sentido, também se referiu aos idosos. “Os idosos também são «resíduos», porque não são necessários... Mas eles são as raízes da sabedoria da nossa civilização, e esta civilização descarta-os. Sim, em muitos lugares existe também a lei da eutanásia «oculta», como lhe chamo: é o que faz as pessoas dizerem: «Os remédios são caros, só dá para metade»; e isso significa encurtar a vida dos idosos”, frisou.
Para Francisco, desta forma nega-se a esperança: “a esperança dos filhos que nos trazem a vida que nos faz avançar, e a esperança que está nas raízes que os idosos nos dão. Nós descartamos os dois”. E acrescentou: “Não podemos continuar no caminho do descarte”.
Parar a Covid, mas também a malária
Por outro lado, o Pontífice desenvolveu o seu discurso em torno da pandemia, que “fez ressoar com maior força o grito da terra e o grito dos pobres”. “Não podemos ser surdos a este duplo clamor, temos de o ouvir bem!”, frisou. Por isso, considera “fundamental reflectir com serenidade para aprofundar o que aconteceu e vislumbrar o caminho para um futuro melhor para todos”.
“Muitos problemas muito graves são ignorados por falta de um compromisso adequado. Pensemos no impacto devastador de certas doenças como a malária e a tuberculose: as más condições sanitárias causam milhões de mortes evitáveis em todo o mundo todos os anos. Se compararmos esta realidade com a preocupação causada pela Covid-19, vemos como é muito diferente a percepção da gravidade do problema e a correspondente mobilização de energia e recursos”, destacou.
O Santo Padre continuou: “É claro que fazemos bem em tomar todas as medidas para impedir e derrotar a Covid-19 a nível global, mas esta conjuntura histórica na qual estamos muito ameaçados na nossa saúde deve deixar-nos atentos ao que significa ser vulnerável e viver na precariedade no dia a dia. Desta forma, podemos também assumir a responsabilidade por aquelas condições graves em que vivem outras pessoas e nas quais até agora temos pouco ou nenhum interesse”.
Sistemas de saúde gratuitos
Jorge Mario Bergoglio concentrou-se naqueles lugares onde não só faltam vacinas, mas também água potável ou o pão de cada dia. “Não sei se ria ou chore, às vezes choro quando ouço governantes ou líderes comunitários que aconselham os moradores das favelas a desinfetarem-se várias vezes ao dia com água e sabão. Eles nunca estiveram num bairro pobre: lá não há água, eles não conhecem o sabão”, alertou. Assim, exortou a cuidar dessas realidades.
Por outro lado, o Papa insistiu na necessidade de sistemas de saúde gratuitos.
“Os países que os têm, não os perdem, porque senão resultaria que, na população, só teriam direito ao cuidado aqueles que podem pagar, os demais não”, disse, para depois sublinhar: “Este é um grande desafio”, porque “ajuda a superar as desigualdades”.
Artigo de Rubén Cruz, publicado em vida Nueva Digital a 27 de Setembro de 2021.
Partilhar