Arquidiocese de Braga -

23 dezembro 2021

Bispos católicos do Haiti lançam grito de alarme antes do Natal

Fotografia AFP

DACS com La Croix International

Líderes da Igreja no Haiti apelam à comunidade internacional para ajudar a resgatar o país do crescente caos político, económico e social após o assassinato do presidente.

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Os bispos católicos do Haiti apelaram à comunidade internacional e aos políticos haitianos para que encontrem soluções urgentes para o caos institucional, económico e social que afecta a empobrecida nação caribenha.

“Não podemos ficar indiferentes aos trágicos acontecimentos dos últimos meses”, afirmam os bispos numa mensagem publicada a 18 de Dezembro.

“Não deveria tal situação de caos sócio-económico e político desafiar a consciência daqueles que têm responsabilidades na comunidade internacional e levá-los a trabalhar em sinergia para nos ajudar a curar esta ferida e promover o respeito pelos direitos universais?”, perguntam os prelados católicos.

“E os nossos líderes políticos também não se sentem mais preocupados do que nunca por causa desta situação caótica e catastrófica que não mostra sinais de abrandamento?”, continuaram.

 

Mil raptos desde Janeiro

A situação no Haiti está fora do controlo há anos e, nos últimos meses, piorou após o assassinato do presidente Jovenel Moïse a 7 de Julho e um terramoto em Agosto passado.

Desde o início de 2021, já houve pelo menos mil raptos no país. Os bispos apelam à consciência individual e colectiva para “um salto moral e patriótico”.

“Ao mostrarmos a nossa solidariedade com a dor de todos aqueles que são vítimas de raptos, violações e violências de todos os tipos, confiamos à misericórdia de Deus as almas dos nossos irmãos inocentes e irmãs que caíram sob as balas de grupos fortemente armados”, escrevem os bispos.

Condenam veementemente “esses actos fratricidas” e exigem que “a verdade, a ordem e a justiça sejam restauradas com a autoridade do Estado”.

Na noite de 13 de Dezembro, um petroleiro explodiu no norte do país, em Cap-Haitien, matando cerca de 75 pessoas. No rescaldo da tragédia, o Papa Francisco pediu orações pelo povo haitiano.

“São boas pessoas, pessoas religiosas, mas estão a sofrer muito”, disse, durante a sua Audiência Geral na quarta-feira, 25 de Dezembro.

 

Não deixem este país “à sua sorte”

Na mensagem, os bispos haitianos também recordam as palavras do Papa após a oração do Ângelus no Domingo, a 31 de Outubro.

“Também estou a pensar no povo do Haiti que vive em condições extremas”, disse o Papa. “Peço aos líderes das nações que ajudem este país, não o deixem à sua sorte”.

“Muitos dos nossos compatriotas são forçados a deixar o país, pensando que podem encontrar o bem-estar a que aspiram noutro lugar. Infelizmente, muitas vezes são vítimas de abusos e discriminação”, observam os bispos haitianos.

Os líderes da Igreja insistem em que “os princípios relativos ao respeito pela dignidade humana devem ser aplicados a todos”.

 

Artigo de Céline Hoyeau, publicado no La Croix International a 22 de Dezembro de 2021.