Arquidiocese de Braga -
2 setembro 2022
“Desarmamento não é uma forma de fraqueza, mas uma fonte de força”
DACS com Agência Ecclesia
A plataforma “Justiça e Paz Europa” recorda que “Os tratados de desarmamento existentes além de serem obrigações legais são também compromissos morais baseados na confiança entre os Estados".
Após os resultados das Conferências da ONU sobre desarmamento nuclear, o Comité Executivo de “Justiça e Paz Europa” declara que o "O respeito pelos acordos internacionais de desarmamento não é uma forma de fraqueza, mas uma fonte de força”.
Com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia o mundo parece regressar a uma nova dinâmica da Guerra Fria, devido às ameaças de utilização de armas nucleares. A rivalidade estratégica entre potências nucleares e a evolução tecnológica fazem com que se torne muito real o risco de um cenário de uma detonação nuclear intencional ou acidental.
Posto isto, decorreram duas conferências internacionais sobre desarmamento: a primeira reunião dos Estados Partes no Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (de 21 a 23 de Junho de 2022) e a décima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (de 1 a 26 de Agosto de 2022).
Na Declaração Final e no Plano de Acção da primeira reunião dos Estados Partes no Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares é reiterado o forte compromisso para um mundo livre de armas nucleares. Contudo, vários países participaram nesta conferência como observadores e nenhuma das potências nucleares declarou aderir aos resultados da mesma.
Quanto à décima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o Secretário-Geral da ONU afirmou que “a aniquilação nuclear da humanidade está apenas à distância de um mal-entendido ou um erro de cálculo”. Apesar das palavras de António Guterres, os participantes na conferência não conseguiram chegar a acordo quanto a um documento final devido às objecções da Federação Russa.
O Papa Francisco tem afirmado repetidamente que não só a utilização, mas também a mera posse de armas nucleares é 'imoral', uma vez que "tentar defender e assegurar a estabilidade e a paz através de uma falsa sensação de segurança e um equilíbrio de terror, acaba inevitavelmente por envenenar as relações entre os povos e obstruir qualquer forma possível de verdadeiro diálogo”.
Seguindo o compromisso da Igreja com o desarmamento nuclear, a Santa Sé apresentou dez propostas para a décima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Promover a entrada em vigor do Tratado de Proibição Total de Ensaios Nucleares, o estabelecimento de Zonas Livres de Armas Nucleares, a redução de riscos nucleares para diminuir os perigos de acidente e a restauração da linha de separação entre as armas convencionais e nucleares são algumas das sugestões cujo objectivo é fomentar a educação para a paz e o desenvolvimento
A plataforma “Justiça e Paz Europa” reitera as palavras do Santo Padre e recorda que “Os tratados de desarmamento existentes além de serem obrigações legais são também compromissos morais baseados na confiança entre os Estados. A adesão e o respeito por acordos de desarmamento e direito internacional não são forma de fraqueza. Pelo contrário, são uma fonte de força e responsabilidade, uma vez que aumentam a confiança e a estabilidade".
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