Arquidiocese de Braga -

Jesus Cristo manifestou o projeto do Pai, e confiou-o à Igreja, da qual nós, os batizados, somos continuadores, por Testamento: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” (Jo 20,21); “sereis minhas testemunhas...” (At 1,8). Sim, somos testemunhas, e o Espírito Santo dá a cada pessoa um carisma, ou seja, um dom, que deve ser colocado ao serviço da construção da comunidade, pelo que “Nenhum crente, nenhuma instituição da Igreja pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar Cristo a todos os povos” (S. João Paulo II, Missão do Redentor, 3).

Mais do que um território geográfico dentro de uma diocese, uma Comunidade Paroquial é uma comunidade de irmãos que seguem Jesus Cristo, com o Pároco presidindo aos seus destinos, auxiliado pelos seus agentes de pastoral, mas onde todos, sem excepção, devem colocar-se ao serviço de uma evangelização, que a revele ao mundo como Comunidade de vida, de amor, de solidariedade, de serviço, de fé e de esperança.

As nossas Comunidades Paroquiais são geradoras de vida, nelas fomos gerados como cristãos pelo Batismo, são elas que acompanham os seus filhos desde o nascimento até à morte, através da evangelização e da catequese, numa dinâmica de formação permanente, em vista duma conversão pessoal e comunitária, pois estamos sempre em caminho. Por isso, a Comunidade Paroquial é um lugar de encontro e vínculo de comunhão, que faz da Palavra de Deus vida e oração, tomando em suas mãos o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que deve proclamar, acreditando no que lê, ensinando o que crê e vivendo o que ensina. Só desta forma, a Comunidade Paroquial, celebra verdadeiramente a fé e a vida, com as suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, fracassos e triunfos, consciente da imperfeição dos seus filhos, mas alegre na esperança, unindo todos pela caridade, e ligando os sacramentos à vida.

Sem mundanizar a sua fé, a Comunidade Paroquial deve orientar para Deus, com a Mensagem do Evangelho, o complexo mundo da política, da economia, da cultura, da ciência, das artes, da vida internacional e dos meios de comunicação social. Somos, portanto, comunidade missionária, e as nossas paróquias são tanto mais autênticas e mais próximas de Jesus, quanto mais depressa deixarem uma simples pastoral de manutenção, e passarem para uma pastoral missionária, ou seja, fazendo da oração o motor da vida espiritual, enveredando, ao mesmo tempo, por uma opção clara e preferencial pelos pobres, procurando, como Jesus, os que não têm voz nem vez, os marginalizados pela pobreza, pela doença e pela velhice.

Nesta linha de pensamento, se a Paróquia quer ser uma Comunidade Missionária, deve tomar a atitude de Nossa Senhora, ou seja, levantar-se e partir, como Ela se levantou e partiu, mas apressadamente, assumindo, nestes dois imperativos, a urgência de ir ao encontro, pois o Amor não pode esperar. Esta é a centralidade da mensagem das Jornadas Mundiais da Juventude, Lisboa 2023 e que desafiam a nossas Paróquias a se tornarem Comunidades de Missão.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 09 de março de 2023.