Arquidiocese de Braga -

26 junho 2023

D. Nuno Almeida quer que a Palavra de Deus percorra os caminhos do mundo

Fotografia Avelino Lima

Jorge Oliveira-DM

Aplausos, entusiasmo e cânticos de alegria na receção ao novo bispo de Bragança-Miranda

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A Diocese de Bragança-Miranda acolheu, ontem, de braços abertos, em ambiente alegre e festivo, o seu novo pastor. D. Nuno Almeida entrou como Bispo da quarta maior diocese de Portugal (em extensão) numa celebração solene na Catedral de Bragança, onde apontou já algum do caminho a trilhar, num «peregrinar juntos, sinodal, como povo de filhos e de irmãos».

D. Nuno Almeida, natural da diocese de Viseu, foi recebido com um «bem-vindo» no exterior da Catedral de Bragança, por jovens da Diocese que vão à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e por crianças de colégios e Instituições sociais ligados à Diocese, bem como pela tuna do Instituto Politécnico de Bragança.

Na receção ao 45.º Bispo da Diocese de Bragança-Miranda estiveram também representantes das paróquias da Diocese, com as cruzes paroquiais, a quem o novo bispo, acompanhado do ex-administrador diocesano,  cumprimentou, um a um, e agradeceu a presença.

Antes de entrar na Catedral, D. Nuno foi recebido e saudado pelo Arcebispo Metropolita de Braga, que presidiu à tomada de posse do novo bispo diocesano. Seguiu-se o cortejo até ao interior da Catedral, onde D. Nuno Almeida iniciou o seu ministério pastoral em Bragança Miranda aplaudido pela assembleia de fiéis e brindado com cânticos acompanhados por vários instrumentos musicais, destacando-se o som de gaitas-de-foles, instrumento caraterístico de Trás-os-Montes.

Na homilia, o novo responsável da diocese do noroeste transmontano, depois de confiar o seu ministério pastoral ao Senhor, defendeu que é necessário nos tempos atuais «colocar o Evangelho em diálogo com a vida concreta e com a cultura».

«Como é decisivo que a que a Palavra de Deus percorra os caminhos do mundo, que hoje são também os da comunicação, informática, televisiva e virtual», vincou.

Nesse sentido, indicou que a Bíblia tem que entrar na vida das famílias, para que pais e filhos a leiam e rezem.

«Cada vez mais se interpreta a existência humana numa perspetiva exclusivamente horizontal e fechada nos confins do mundo, como se vivêssemos sob um grande guarda-chuva! Como se fôssemos girassóis à meia noite. É uma necessidade pastoral, particularmente nos tempos atuais, colocar o evangelho em diálogo com a vida concreta e com a cultura», reforçou. 

O prelado defendeu ser prioritário, na pastoral, «conduzir  as  pessoas, famílias e comunidades a viver unidas a partir da celebração do sacramento da Eucaristia», mencionando particularmente os jovens, a quem desafiou - a pouco mais de um mês do início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) - a testemunhar e a levar o Evangelho a todos, desde os mais próximos até aos mais afastados.

«Como seria bom que, particularmente, os jovens se deixassem “contagiar” por uma grande afeição pelo Evangelho», disse.

Numa terra predominantemente rural, rica em paisagens e produtos agrícolas, D. Nuno Almeida falou também sobre a Criação, apontando algumas das maravilhas criadas por Deus neste território transmontano.

«Deus mostra o Penedo Durão e as uvas maduras, nas encostas do Douro; mostra neve sobre a Serra da Nogueira, sobre a Serra de Bornes, sobre a Serra de Montesinho; mostra a cor dos outeiros, o cheiro de castanhas assadas e do fumeiro em Vinhais, em Bragança; mostra amendoeiras em flor e oliveiras verdejantes nas encostas do Tua e do Sabor; mostra a doçura da fruta do Vale da Vilariça; mostra maçãs que crescem, em Carrazeda de Ansiães, mostra orvalho nas searas do planalto Mirandês…», disse.

A sinodalidade na Igreja foi outro dos pontos que marcou a homilia de D. Nuno Almeida, segundo o qual «as estruturas por si só não são suficientes para tornar uma Igreja sinodal», sendo necessário uma «cultura e uma espiritualidade sinodais, animadas por um desejo de conversão ao Evangelho, alimentadas pela Eucaristia e sustentadas por uma formação adequada para todos os membros do Povo de Deus».

No início da homilia, D. Nuno Almeida recordou o episódio bíblico em que Jesus acalma a tempestade no meio do mar, depois da pequena barca em que seguia com discípulos se encher de água e ameaçar desfazer-se, para dizer que é Jesus quem comanda a vida daqueles que os seguem.

O programa do início do ministério episcopal de D. Nuno na Diocese de Bragança-Miranda culminou com um jantar de confraternização, aberto à comunidade.