Arquidiocese de Braga -

25 julho 2023

Jovem de Moçambique dará testemunho na Vigília da JMJ com o Papa

Marta é a jovem de vermelho, ao lado do arcebispo
Fotografia DACS

DACS

Marta, que dará testemunho na Vigília, foi recebida pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, na manhã de hoje, junto com o grupo de Moçambique.

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Marta Luís, uma jovem deslocada de Cabo Delgado, do distrito de Muidumbe, em Moçambique, vai dar o testemunho de sua história de vida na Vigília com o Papa Francisco, no dia 5 de agosto, durante a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.

Ela chegou com o grupo de 8 jovens da Diocese de Pemba, Moçambique, com a qual a Arquidiocese de Braga tem um acordo de cooperação missionária. 

É na Diocese de Pemba que está a missão que cuida da Paróquia de Santa Cecília de Ocua, considerada, carinhosamente, a 552ª paróquia da Arquidiocese de Braga.

A coordenação do Projeto de Cooperação Missionária entre as Dioceses de Braga e Pemba está a cargo do Centro Missionário Arquidiocesano Braga (CMAB) 

“Na vigília vou ter a oportunidade de lhe explicar um pouco como foi aquele momento em que minha família teve que fugir dos terroristas, da região de conflito, em 2021”, diz Marta. Na fuga estavam ela, a mãe e quatro irmãs. “Minha avó tinha conseguido sair antes, porque andava sempre doente”.

“Com muita dificuldade conseguimos sair para a província de Nampula”, recorda, dizendo ainda que a fé deu-lhes sustento. “Deu-nos força, porque pedimos a Deus naquele momento, rezamos muito, para não acontecer o pior nas casas das pessoas e superar aquele momento de dificuldade. Não perdemos a fé”, afirma.

Ela dá testemunho de uma situação durante a fuga: “Naquele momento, enquanto estávamos fugindo, encontramo-nos num sítio onde passava água (as pessoas saíam das casas, da guerra, para o mato e ficavam naquele local). Teve um momento em que os terroristas vieram até onde estávamos, mas não fizeram nada connosco, atiraram para cima e nós fugimos. Minha mãe perdeu um documento e estava sem chinelos. Tirei os meus e dei para ela. E ela perguntou-me como ia andar assim, e eu disse: então vamos partilhar”. Elas passaram a andar cada uma com um dos pés, até que arrumaram um saco e trapos de pano para os pés em que fazia falta o calçado.

Andaram de Muidumbe até Mueda a pé (uma distância de 41 quilómetros), onde dormiram por um dia. Depois, o tio que estava em Nampula enviou dinheiro para comprarem um bilhete de transporte.

Ao falar sobre a emoção de ver o Santa Padre, Marta diz que agradece a oportunidade. “Não tenho ideia de como cheguei a esse ponto. Agradeço ao padre Edgard que me deu a oportunidade de poder partilhar a minha história, tudo que passei durante aquele tempo de dificuldade. Estou muito emocionada mesmo e espero que tudo corra bem”, fala, a sorrir.

Ao questionar se vai ficar nervosa e responde com serenidade: “Não vou ficar nervosa. Eu vou ler aquilo que eu passei. Se fosse a história de uma outra pessoa seria uma dificuldade para mim. Mas é minha história!”.