Arquidiocese de Braga -

25 março 2024

Pregador dos Passos de Braga falou ao coração da multidão sobre as feridas do nosso tempo

Fotografia DACS

DM - Francisco de Assis

O Cónego José Paulo Abreu falou à multidão reunida em frente à Igreja de Santa Cruz

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A procissão dos Passos de Braga chamou ontem muita gente às ruas de Braga, sobretudo nas imediações da Igreja de Santa Cruz, cuja irmandade é a entidade organizadora. O pregador foi, uma vez mais, o Cónego José Paulo Abreu, que voltou a prender a atenção da multidão, ao falar-lhes diretamente ao coração sobre os problemas, feridas, dores e pecados do nosso tempo que deixam as famílias e as sociedades sem amor em quase sempre em pé de guerra. 

Diante da imagem de Cristo com a Cruz às costas, mas também de personalidades como o Arcebispo de Braga e o seu bispo auxiliar, D. Delfim; o presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio; e o presidente da Junta de Freguesia de São Lázaro e São João do Souto; bem como do provedor da Irmandade de Santa Cruz, o pregador falou daquilo que pesa nos ombros de Jesus.

O pregador dirigiu-se a todos como “amigos e cristãos” para lhes elucidar que, muitas vezes pensamos em personagens que estiveram diretamente ligadas à condenação e morte de Cristo,  nomeadamente Pilatos, Pedro, Judas, os soldados e a própria multidão “ingrata”. E a tendência natural é de as condenar.

Porém, lembrou, tantas vezes nós, na nossa vida do dia a dia, não nos comportamos como Pilatos que lavou as mãos,   agindo com cobardia e indiferença, ou não dando testemunho. Ou Pedro, que representa as nossas falhas, as nossas inconsistências.

Na comparação do pregador, os soldados representam a violência e as guerras que explodem pelo mundo, e que diariamente nos entram nas nossas casas.

Por isso, pediu que todos rezem ao Príncipe da Paz, para que dê paz ao mundo. O cónego José Paulo Abreu falou de Lampedusa, onde chegam milhares de migrantes desesperados, a precisarem de acolhimento; das drogas, que destroem pessoas e famílias, da quantidade de casos de corrupção, que minam as sociedades, prejudicando sobretudo os mais frágeis.

Mas abordou igualmente as boas ações de Maria, a Mãe de Jesus, das Mulheres de Jerusalém, de Verónica, que teve compaixão de Jesus. “Como é bom ter compaixão, não é ter pena, é partilhar, e tomar as dores dos outros como nossas”.

Um dos apelos aos presentes foi sobretudo no sentido de deixarem-se inundar pelo amor de Deus, que ofereceu o próprio Filho para a salvação da humanidade. Isto é, na necessidade de mais amor, mais compreensão e respeito pelo outro. 

Depois da pregação, a procissão, agora bem mais composta, com os anjinhos que a incorporaram a partir da igreja a de Santa Cruz, regressou à igreja de S. Paulo.

Uma procissão que também leva o Evangelho para as ruas.