Arquidiocese de Braga -
28 agosto 2024
Braga comemora hoje 935 anos da Sé mais antiga de Portugal
DM - Joaquim Martins Fernandes
A Sé Primacial de Braga celebra hoje, dia 28 de agosto, 935 anos de existência. É a Catedral mais antiga do país e teve uma influência decisiva na afirmação de Portugal como reino independente. Conta mais de oito décadas de história que o próprio país, particularidade a que não é alheia a expressão popular “mais antiga que a Sé de Braga”. A influência que conquistou no Península Ibérica ainda hoje garante ao Arcebispo de Braga o título de Primaz das Espanhas.
Uma cerimónia “simples, mas com a grandiosidade de uma Catedral que é a mais antiga do país” e que “teve um papel determinante” na construção de Portugal como Nação independente. É assim que a Arquidiocese de Braga vai comemorar hoje, dia 28 de agosto, os 935 anos da dedicação da Sé da “cidade dos Arcebispos”. O Deão do Cabido Metropolitano, cónego José Paulo Abreu, destaca a “simplicidade” das comemorações, mas sublinha que são feitas “com a consciência da grandeza histórica” que caracteriza a catedral bracarense.
As cerimónias são abertas a toda a comunidade e ganham maior dimensão no tempo em que ocorrem, com o principal ícone da cidade de Braga a receber diariamente milhares de visitantes, sejam fiéis ou turistas.
As cerimónias religiosas comemorativas dos 935 da Catedral são presididas pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro. O Prelado bracarense preside à celebração eucarística que se realiza às 17h30, que se segue à oração das Vésperas, com início marcado para as 17h00. A eucaristia festiva é animada pelo Coro da Escola Arquidiocesana de Música Litúrgica, com os icónicos órgãos de tubos da Catedral a garantirem à celebração um nível que transporta para a transcendência.
Embora a celebração mais solenizada esteja agendada para o meio da tarde, o programa das celebrações religiosas começa bem cedo. Às 8h30 é celebrada a primeira eucaristia comemorativa dos 935 anos da sagração e dedicação da Sé Primacial de Braga à Virgem Maria. O acontecimento histórico protagonizado pelo Bispo D. Pedro em 28 de maio de 1089 é também evocado na missa das 11h30.
Catedral guarda tesouros de 15 séculos de história, arte e vida da Igreja de Braga
O maior ex-libris da cidade da Braga impõe-se aos visitantes pela grandeza monumental, mas também pela riqueza e diversidade do vasto património que oferece. O apelo a uma visita detalhada revela-se na parte posterior da entrada. Os imponentes órgãos de tubos e a riqueza dos dourados são o prenúncio de um tesouro que deve ser visitado.
“As colecções do Tesouro-Museu da Sé de Braga testemunham, no seu conjunto, mais de XV séculos da história da Arte e da vida da Igreja em Braga”, revela a Arquidiocese de Braga no portal que dedica à Sé. A visita abre as portas a “um valioso acervo constituído pelas colecções de Ourivesaria, Escultura, Pintura, Têxtil, Mobiliário, Cerâmica, assim como todo um conjunto de objectos ligados ao culto católico”. A par da exposição permanente “Raízes de Eternidade. Jesus Cristo”, que mostra ao visitante «uma Igreja, consagrada à arte sacra» e que permite, “através dos diferentes núcleos, revisitar a vida de Jesus Cristo e a história da Igreja em Braga”. Aqui, a história da Arquidiocese bracarense “é contada tomando como referência alguns arcebispos, desde o século V até ao século XX”, sendo a narração histórica “complementada com os núcleos dedicados à paramentaria e ourivesaria”.
Do Tesouro-Museu às Capelas da Sé
O percurso sugerido para uma vista começa no Tesouro-Museu, que está inserido no conjunto monumental da Catedral, mais concretamente na antiga casa do Cabido. Trata-se de uma construção do século XVIII. “O seu acervo é constituído por peças de arte sacra de inestimável valor, recolhidas ao longo de mil anos de vida cristã dinamizada a partir da Catedral”, refere o guia proposto ao visitante, que leva o turista e o peregrino a ousar contemplar as Capelas e o Coro Alto que a Sé acolhe.
De estilo gótico, a Capela dos Reis foi fundada no século XIV pelo Arcebispo D. Lourenço Vicente (1374-1397), que repousa numa arca tumular executada durante as obras dos finais do século XX, depois de ter sido descoberto “incorrupto” em 1663. Também nesta capela se encontram os túmulos dos condes D. Henrique e D. Teresa, pais do primeiro rei de Portugal (D. Afonso Henriques), que D. Diogo de Sousa mandou executar e colocar na Capela-Mor, no século XVI.
Imperdível é a Capela de São Geraldo. Foi edificada no século XII como capela funerária do Arcebispo que lhe deu o nome. O seu interior foi totalmente reconstruído no século XVIII pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles. O belo retábulo de talha dourada, recentemente restaurado, tem ao centro o jacente de S. Geraldo. As paredes estão decoradas com azulejos atribuídos a António de Oliveira Bernardes e representam cenas da vida de S. Geraldo, tal como as pinturas a óleo colocadas na parte superior das mesmas.
Órgãos de tubos
Os monumentais órgãos de tubos da Catedral bracarense estão instalados em dois varandins sobre a nave central e formam um magnífico conjunto barroco com uma profusão de ornamentos escultóricos. As caixas são do século XVIII.
Capela da Glória
A Capela da Glória foi mandada edificar pelo Arcebispo D. Gonçalo Pereira (1326 a 1348). É uma construção gótica do século XIV. No magnífico túmulo com estátua jacente – uma peça notável da tumulária medieval – jaz D. Gonçalo Pereira.
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