Arquidiocese de Braga -

24 outubro 2024

Mosteiro das monjas do Palaçoulo é “sonho de Deus” concretizado em Miranda

Fotografia DACS

DM - Joaquim Martins Fernandes

Arcebispo Metropolita de Braga presidiu ontem à inauguração do Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja

Oito anos após ter sido solicitado para colaborar na criação de um mosteiro de monjas cistercienses na diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro presidiu ontem à inauguração da obra que começou a revelar-se em Roma, em julho de 2016. O atual Arcebispo Metropolita de Braga, que era então bispo de Bragança-Miranda, partilhou na homilia da eucaristia festiva de inauguração do mosteiro que foi sem que nada o fizesse prever que se viu desafiado pela Abadessa do Mosteiro de Vitorchiano, Irmã Rosário, e pelas Irmãs Irmã Augusta e Fabiola, a colaborar no encontro de uma solução que abrisse as portas a uma “presença efetiva em Portugal” da congregação, “por ocasião do primeiro centenário das aparições em Fátima”.

Na inauguração do projeto monástico que nasceu no “coração” da Igreja Católica, D. José Cordeiro disse que não teve a menor dúvida sobre os benefícios da instalação de um Mosteiro Trapista em terras transmontanas. “Aceitei imediatamente o desafio para esta Diocese, que tem como padroeiro o pai S. Bento. As Irmãs pediam um terreno e água”, recordou o agora Arcebispo de Braga, que propôs às monjas três  lugares para a instalação do mosteiro: Seminário de Vinhais, Cortiços e Ribeirinha. 

As propostas enviadas  à Abadessa seriam recusadas, porque as localizações sugeridas “não garantiriam o estimado e estimável silêncio monástico”. O então bispo de Bragança-Miranda manteve a disponibilidade para colaborar no projeto e abriu a porta a que o “enorme dom para Portugal” fosse concretizado numa outra diocese. 

Mas perante a determinação das Irmãs, que deixaram claro que “não queriam desistir deste processo em terras nordestinas”, a Diocese de Bragança-Miranda encontraria uma solução que correspondeu às exigências das monjas. «Damos profundas graças a Deus pelo Seu sonho em concretização aqui e agora», disse ontem D. José Cordeiro, sublinhando que “os sonhos fazem-nos voar alto; cultivam a esperança; desejam a beleza; tornam reais as coisas impossíveis”. E porque “sonhar é a voz do amor”, o sonho que nasceu em Roma concretizou-se em Miranda do Douro. 

“De 22 a 24 de novembro vieram as Irmãs Rosário e Fabiola. Juntos, percorremos os lugares e escolhemos este lugar.  Juntamente com o Padre António Pires, com o Conselho Paroquial para os Assuntos Económicos e 25 famílias, realizou-se o resto, no longo e decisivo processo jurídico-canónico para a fundação do mosteiro. O sonho de Deus realizou-se e continua”, sublinhou ontem o Arcebispo Metropolita de Braga, para quem “este Mosteiro Trapista é um apelo permanente à dimensão contemplativa da vida cristã, num tempo delicado e de aridez espiritual”, que “rompe o equilíbrio vital entre a ação e a contemplação”. 

Acentuou o Prelado que “experimentar o silêncio do silêncio crente e orante na hospitalidade do Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja, em Palaçoulo, uma nova fundação do Mosteiro italiano de Vitorchiano, é como aproximar-se de uma fonte límpida em território inóspito”.