Arquidiocese de Braga -
1 dezembro 2025
“A catequese é uma aventura extraordinária”
Palavra de Abertura do Arcebispo, D. José Cordeiro, no Dia Arquidiocesano do Catequista, a 1 de dezembro de 2025
1. Um encontro vital
“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” escreveu o Papa Bento XVI no número um da Carta Encíclica Deus caritas est. Assim sendo, se a Igreja existe para evangelizar (Cf. Evangelii Nuntiandi, 14) a Catequese, se quer ser evangelizadora, tem de promover este encontro com Jesus Cristo às pessoas do séc. XXI, nomeadamente a crianças, adolescentes e jovens para virem a ser adultos na fé.
Aquelas e aqueles, que nos dias de hoje, abraçam a missão de catequistas tem, então, a responsabilidade de mostrar, por gestos e por palavras que Jesus Cristo é a plenitude da vida de cada ser humano, e que ser discípulo de Jesus Cristo é encontrar o caminho para a felicidade. Por isso, pensar a catequese como meio para transmitir um conjunto de conteúdos relacionados com a fé é reduzir a catequese à vertente intelectual, e isso é muito pouco.
2. Uma aventura extraordinária
A catequese é uma aventura extraordinária, como afirmou o Papa Francisco, porque ela deve levar ao encontro com o Senhor, vivo e ressuscitado, e só quem vive a experiência desse encontro com Jesus Cristo pode transmitir, de verdade, o que é a fé cristã. Mais do que fórmulas doutrinais, mais do que formulários de oração, o catequista deve ser capaz de no concreto da sua vida e da sua pessoa, com virtudes e fragilidades, demonstrar a sua entrega a Jesus Cristo, para que o seu exemplo seja coerente e capaz de impactar aqueles que lhe foram confiados.
E aqui está o grande desafio: a catequese tem de ser um acompanhamento pessoal, tu a tu, que valoriza a singularidade de cada pessoa, de modo que essa pessoa possa viver a fé de forma genuína.
3. Uma cultura no coração
Partindo deste pressuposto, a catequese não pode ser um método uniforme, igual para todos, mas um caminho sinodal, percorrido pelo catequizando, caminhando ao ritmo deste, tendo o catequista como guia. “Quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa” disse o Papa Leão XIV na missa do Jubileu dos Catequistas.
Deste modo, ouso dizer que, nos desafiantes dias que vivemos nesta época da história da salvação, o catequista é aquele que procura formar-se bem para exercer o seu ministério, dotando-se dos conteúdos doutrinais e intelectuais necessários; é aquele que se alimenta da Palavra revelada, rezando-a e meditando-a todos os dias; é aquele que na oração se põe em relação íntima com Deus, escutando e discernindo a vontade do Senhor a cada momento; é aquele que faz dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia as fontes onde bebe as graças do perdão e da misericórdia; é aquele que da Missa passa à missão da caridade, indo ao encontro de todos, revelando no seu agir a fé que professa, e mostrando que a Igreja é samaritana para a humanidade que sofre; é aquele que usa sabiamente todas as ferramentas, inclusive a inteligência artificial, para formar adultos na fé e servir com criatividade o Evangelho.
A catequese é uma aventura extraordinária porque faz de nós participantes da obra da salvação, peregrinos do caminho de Páscoa, para levar Jesus a todos e todos a Jesus.
+ José Manuel Cordeiro
Arcebispo Metropolita de Braga
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