Arquidiocese de Braga -

26 outubro 2018

De motard para o convento

Fotografia

CMAB

Ir. Jocélia Prazmoski, Irmã Serva da Anunciação

Fui convidada a contar um pouco da minha história vocacional e aceitei o convite. Estamos todos preparados para entrar numa aventura? Vamos lá!

Chamo-me Maria Jocélia Prazmoski, sou a segunda filha do casal Joaquim Prazmoski e Alzira Prazmoski. Sou brasileira, da cidade de São Bento do Sul, no estado de Santa Catarina.

Era uma jovem sonhadora, com mil aventuras na cabeça e três grandes sonhos: conduzir motorizadas, escutar música rock e ser motorista de camião. Até aqui tudo normal: era uma jovem com vários brincos nas orelhas, t-shirt de banda de rock, salto alto, jeans rasgados e cabelos “malucos”... mas era uma menina correta, cresci “dentro” da Igreja, os meus pais são pessoas de muita oração, frequentei a escola, a catequese, o grupo de jovens… Tinha ainda um namorado e estava a preparar-me para o matrimónio.

Um dia, participando na missa da minha comunidade, fizeram-me um convite para conhecer as IRMÃS/VIDA RELIGIOSA E CONSAGRADA. Este convite entrou como uma flecha dentro do meu coração e nunca mais quis sair: mas como poderia ser para mim? Logo eu? Porque não a minha irmã que, com certeza, rezava mais do que eu? Não consegui resistir a esse chamamento e comecei a conversar com uma irmã da Congregação das Irmãs Servas de Nossa Senhora da Anunciação. Quando vi uma foto daquela Irmã, fiquei apaixonada pelas vestes dela: um hábito com véu branco, estranhamente uma das cores que não fazia parte das minhas roupas… Mas naquele dia eu disse: um dia eu quero vestir uma roupa dessas. Sabia que, para isso, muita coisa ia ter de mudar na minha vida mas estava disposta a essa mudança.

Lentamente fui transformando os meus sonhos em novos sonhos e a realizá-los. Deixei o meu noivo, a minha família e mudei-me para o estado do Paraná, onde as irmãs tinham o convento e um colégio. Foi aí que comecei a minha caminhada como aspirante. Sei que assustei muitas irmãs da Congregação com a minha maneira de ser e de vestir. Até houve irmãs que disseram: “pronto, agora até roqueiras querem ser Irmãs”. Aos poucos tirei os meus brincos (tinha 5 em cada orelha) tirei os saltos altos e acrescentei cores novas às minhas roupas. Ingressei na Congregação no dia 06 de fevereiro de 2004, portanto há quinze anos, sendo que há 5 anos fiz os meus votos perpétuos. Desde há 4 anos até hoje sou missionária em Moçambique, mais concretamente na cidade de Pemba. Durante todo esse tempo de caminhada aconteceu de tudo um pouco, porque aí está a riqueza e a alegria de ser consagrada. As tristezas e alegrias fizeram e fazem com que o meu crescimento espiritual (e como pessoa) seja cada dia mais forte e com a certeza de estar no caminho certo.

Medos? Todos os dias os sinto e dou graças a Deus por tê-los, porque assim tenho a coragem para vencê-los!

Dúvidas? Nenhuma! Tenho a certeza que o convite de Deus era mesmo para mim e não para a minha irmã porque ela continua a rezar muito e eu aprendi a fazer o mesmo. Costumo dizer que Deus sabia que eu daria muito trabalho longe d’Ele e então convidou-me para viver bem pertinho como Serva da Anunciação. A esse convite  respondi: Eis aqui a Serva do Senhor...

Ainda sou “maluca por motos” e por rock. Sempre repito: eu sou Irmã Religiosa mas também sou pessoa humana.

Agradeço imensamente a oportunidade de partilhar um pouquinho da história da minha vocação e aproveito para fazer o convite: venha também fazer parte da Vida Religiosa Consagrada seja qual for Congregação! Se este convite entrar diretamente no seu coração como entrou no meu não resista, aceite. Sou Irmã Jô como carinhosamente todos me chamam!

Artigo publicado no Jornal Diário do Minho de 26 de outubro de 2018.


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