Arquidiocese de Braga -

7 março 2019

Jovens e Missão...

Fotografia Susana Magalhães

CMAB

Paulo Pereira, seminarista do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, Braga

“Todos, tudo e sempre em missão” é este o lema que a Conferência Episcopal escolheu para este ano missionário. Tendo como ponto de partida estas palavras, pode dizer-se que ninguém é excluído, mas somos todos chamados à missão, que, por sua vez, não é em part-time, não é apenas quando nos apetece, nem apenas ao fim de semana, mas é sempre. Somos chamados constantemente à missão, que é um desafio que nos impele a estar disponíveis para o outro, quando ele precisa, sem estar preso a uma agenda. Missão é palavra em sentido ativo, que faz agir, sair do conforto e da monotonia das horas, para ir ao encontro do outro, que nos faz viajar do programado para o imprevisível, para a novidade. Assim, ser missionário é ser enviado, é ser acima de tudo discípulo, que segue os ensinamentos do mestre. São estas as ideias que me habitam quando penso sobre esta palavra, que ao mesmo tempo me traz à memória rostos concretos e experiências.

Na verdade, o Papa Francisco, na mensagem para o dia mundial das missões, especialmente dirigida aos jovens, lança uma interpelação que nos inquieta, dizendo que “A vida é uma missão”. Ora, dizer que a vida é uma missão é dizer que esta é uma dimensão fundamental daquela. Isto faz recordar o mandato que Jesus dirige aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho”. É esta a missão que Jesus lhes propõe: anunciar a Boa Nova, missão esta que é para todos e para nós jovens também. É uma missão para os discípulos do seu tempo, mas também para nós, que hoje queremos ser seus discípulos.

Dizia o Papa Francisco, na mensagem aos jovens para as jornadas mundiais da juventude no Panamá, que há em muitos jovens, crentes ou não crentes, uma sede, uma força de querer ajudar os outros, que os impele a ajudar os que sofrem, os que mais necessitam, os excluídos... A este desejo o Papa chama a “revolução do serviço” que pode mudar o mundo, a Igreja e a sociedade. Na verdade, em muitas das ocasiões em que o Papa falou aos jovens referiu esta força motriz que habita os jovens, faz colocar “mãos à obra” e deve ser usada em prol das carências do Homem em todas as suas dimensões.

É na juventude que construímos e nos construímos enquanto homens e mulheres no compromisso e na generosidade. É também nesta idade que temos os maiores sonhos e projetos para a vida. De facto, enquanto jovens chamados à missão, somos desafiados a viver esta “revolução do serviço” que Jesus iniciou no seu tempo, deixando-nos o seu exemplo. Esta não é tarefa fácil, porque a Igreja vive inserida numa sociedade que muitas vezes fomenta o individualismo e a indiferença, e quem rema contra a maré pode correr o risco de ser ridicularizado. A renovação da Igreja passa pela renovação missionária dos jovens, pois como dizia S. João Paulo II: “A Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja”. Assim, ser Jovem é estar aberto ao desafio do encontro com os outros através do serviço concreto, porque a missão nasce de uma fé que ama, é relação.

O Jovem, na sua missão, é chamado a testemunhar não só com palavras, mas também com gestos, e cujas ações devem confirmar as suas palavras. Neste sentido, S. Francisco, quando disse aos seus colegas “prega o Evangelho em todo o tempo, se necessário, usa palavras”, colocou um desafio exigente, cuja atualidade se estende até aos nossos dias!

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 07 de março de 2019.


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Igreja Viva 7 de Março de 2019.pdf