Arquidiocese de Braga -
9 outubro 2020
Outubro em Missão... ECOLOGIA INTEGRAL
CMAB
Sara Poças, Centro Missionário Arquidiocesano de Braga
Um testemunho... O futuro c’um caneco
Cresci a ouvir dizer que é preciso poupar água e os recursos naturais, que são um bem essencial, que um dia podem faltar, talvez não a nós, mas às próximas gerações e que é importante poupar e preservar o planeta que é de todos.
Isso fez-nos criar, em casa dos meus pais, uma série de hábitos que ainda hoje tenho, como ter um balde para recolher a água fria do banho, tomar banhos curtos, fechar a torneira enquanto lavamos os dentes, evitar o desperdício de comida, reduzir a produção do lixo, fazer a separação e a reciclagem, não aceitar sacos plásticos em todas as compras porque podemos levar o nosso saco na carteira, privilegiar a compra de produtos locais, optar por compras de melhor qualidade que durem mais tempo...
Talvez naquela altura não conseguisse entender o porquê de nos preocuparmos com o poupar o planeta, parecia-me uma espécie de “futurologia da desgraça”.
Mais tarde, a disciplina de ciências naturais fez-me compreender, com bases científicas, que havia recursos no nosso Planeta que não eram inesgotáveis, como a água e os combustíveis, de que usamos e abusamos. Acabei por fazer formação inicial em biologia e geologia, mas, como refere o Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si’ “uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exactas ou da biologia e nos põem em contacto com a essência do ser humano.” (LS11)
Agora percebo que, o que os meus pais me queriam dizer com o “poupar o planeta que é de todos”, se aproxima com o que o Papa Francisco nos quer mostrar na mais recente Carta Encíclica Fratelli Tutti, publicada no passado dia 3 de outubro, véspera da memória litúrgica de S. Francisco de Assis, que é “o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita.” (FT1)
Estamos todos interligados, neste “condomínio” que é o planeta Terra, e sentirmo-nos responsáveis por isso, mesmo que não tenha consequências imediatas para nós, é um verdadeiro ato de fraternidade e por isso a ecologia integral tem sido uma das grandes “agendas” do pontificado do Papa Francisco.
Talvez as nossas Igrejas Locais devessem também adotar esta “agenda” de uma forma mais efetiva, como fez a Arquidiocese de Tóquio, no Japão, que, escolhendo uma ação muito concreta, convidou os católicos a evitar o desperdício de água nas suas casas, alertando precisamente para o facto de “Cerca de dois mil milhões de pessoas no mundo ainda não têm água potável suficiente porque as nascentes estão muito distantes ou muito poluídas” afetando fortemente a sua saúde.
Tento manter e criar novos hábitos “amigos do ambiente” como evitar comprar o que realmente não preciso, como roupa, reaproveitar coisas de outras pessoas, comprar (e vender) em segunda mão, usar transportes públicos, partilhar boleias...
É difícil agarrarmos causas que não nos tocam e acredito que o facto de durante alguns anos da minha vida ter de tomar banho de caneco, com a água equivalente ao balde que eu enchia em casa dos meus pais enquanto esperava a chegada da água quente, e que eu própria ia “catar” ao poço, me tenha feito sentir na pele que não há fronteiras para cuidarmos dos nossos irmãos, que profeticamente, naquele contexto, me chamavam de Mana. Sem saber, os Manos sabem que Estamos realmente Juntos.
Um Livro... “Factfulness”, de Hans Rosling, Ola Rosling, Anna Rosling Rönnlund
Um Filme... “Rio”, filme de animação
Um Olhar... Fontanária da Missão de Ocua, Pemba, Moçambique.
Uma Música... “Ainda estamos aqui”, Miguel Araújo
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