Arquidiocese de Braga -

6 novembro 2021

Ninguém é dono da verdade senão aquele que é a verdade!

Fotografia DM

Yessé António Raiton

Yessé António Raiton, seminarista da Diocese de Pemba a estudar no Seminário Conciliar de Braga

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Será que chegou, finalmente, o fim da barbaridade e que já podemos dizer que a flor da paz e justiça florescerá esperançosamente? Ainda não! Preste muita atenção ao que está oculto, porque ninguém sabe verdadeiramente a génese dos problemas. Há muita obscuridade nos homens e esquisita é a sua identidade e interesses. Poderá, por isso, tratar-se de uma cilada que, ulteriormente, se poderá revelar no pouco que graciosamente sobreviveu. Sabei vós, que passastes por este imensurável sofrimento, que tudo nesta Terra é efémero. Foi há pouco tempo que as forças militares e de países apoiantes abateram um líder terrorista em Cabo Delgado que, há ano e meio, terá comandado um massacre de 52 pessoas. Com esse acontecimento e com a entrada do exército ruandês gerou-se grande expectativa no trabalho feito sabiamente. Hoje vós, ó meu povo, cansados das ofensas vindas de outras pessoas, quereis regressar ao vosso deserto. Ai de vós! Estou consciente de que as saudades invadem, impiedosamente, o vosso nobre coração que, ferido pelos homens de pouca fé, desprovidos de ética, homens sem moral, mas dotados de incomparável atrocidade, quer voltar para o seu lugar de conforto. Esperai, porque ainda é cedo, pois quem morreu foi aquele que te amava e aquele que te caça com crueldade ainda sobrevive.

O tempo ainda não é favorável àqueles que querem orientar os seus passos para o deserto que sempre cheira a morte. Hoje, como ontem, dizem-se verdades que, no entanto, não são verdades, ou melhor, são verdades volatilizadas. A maioria, tal como os peixes, deixa-se pescar facilmente por vozes que proferem, quimericamente, pretensas verdades, apenas para tentarem acalmar o frémito das ondas conflituosas que se geram no meio de vós. Portanto, afastai-vos das brilhantes, mas enganosas, palavras que brotam da boca daqueles que vos venderam a custo zero.

Artigo publicado no Jornal Diário do Minho de 06 de novembro de 2021.


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