Arquidiocese de Braga -
10 dezembro 2021
Gerar pontes
CMAB
Irmã Emília Almeida, Congregação da Divina Providência e Sagrada Família
“Que todos os povos louvem a Deus com gritos de alegria!
Cantem hinos de louvor a Ele; ofereçam a Ele louvores gloriosos”.
(Sl 66,1-2)
A Infância Missionária foi desafiada no Ano Pastoral de 2017 a iniciar uma viagem, percorrendo, ano após ano, cada um dos cinco Continentes, de forma a passar pela Ásia, pela África, pela América, pela Oceânia e a terminá-la na Europa, tendo sempre como meta viver e aprofundar um lema. Está a ser uma viagem interpelativa e geradora de compromissos. Aqui e ali fomos forjando atitudes comportamentais, geradoras de fraternidade.
Esta navegação culmina, este ano, no Continente Europeu, no qual vivemos, mas que na realidade pouco conhecemos. Para término desta longa viagem escolhemos o ponto mais alto da Europa: Monte Elbrus. Chegados aqui paramos, contemplamos, ficamos como que extasiados e do nosso ser brotou um hino de louvor ao Senhor, pelos dons e maravilhas com que nos envolve. De repente, veio ao nosso coração e memória o salmo 100 que diz: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante d’Ele com cânticos. Sabei que o Senhor é Deus; foi Ele que nos fez, e não nós a nós mesmos (...); louvai-O, e bendizei o Seu nome." Porém, não quisemos concretizar sozinhos, o Lema para este ano, que nos convida a LOUVAR. A partir desta elevação quisemos construir pontes, para que o hino ao nosso Deus ecoasse em toda a terra.
Planeámos regressar à Ásia, e com tijolos feitos de pequemos gestos de gratidão, construímos a Ponte do AGRADECER. Porém, sozinhos nada somos, e, nesta consciência caminhámos até ao Continente Africano. Com este povo, aprendemos a estar atentos às necessidades do outro e, para isso, pegamos em tijolos feitos de gritos de fome e gritos de nada ter! Unimos esses gritos com o cimento da esperança e construímos a Ponte do INTERCEDER. Seguidamente, pegando na Carta Encíclica FRATELLI TUTTI e com o Papa Francisco recordamos palavras de S. Francisco de Assis, que nos convida “a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço” e partimos rumo à América e com tijolos feitos de pedacinhos de amor e solidariedade construímos a Ponte da PARTILHA, que nos ajudou a perceber, que não somos ilhas e que o segredo da felicidade do Homem está no amor, que nos vincula ao outro e por consequência gera comunhão e fraternidade universal. Mas como as relações, por vezes, geram conflitos, decidimos ir até à Oceânia e com os nossos irmãos desse Continente quisemos aprender a ultrapassar divergências, e, com pequenos gestos de desculpa e compreensão construímos a Ponte do PERDOAR. O perdão gera vida nova, proximidade, restitui esperança e educa para o acolhimento ao outro e a olhá-lo com compaixão.
Interligados os cinco Continentes, cimentamos esta união com o laço do LOUVAR. O louvor é uma expressão de alegria, gratidão e de amor ao Senhor da vida, ao Criador do Universo.
Com o lema deste ano auguramos, que a Infância Missionária aprenda a Louvar a Deus pela Sua ação na história do Homem; pela beleza desta “Casa Comum”, que para nós criou, e compreenda o sentido profundo do dom agradecido ao Senhor: pela beleza das maravilhas naturais, das raízes culturais e da diversidade de todos os seres vivos…
Marion Pacheco diz que “a música une as pessoas e que o louvor une a Deus”. Neste sentido queremos dar as mãos a todos os irmãos e entoar a partitura deste poema de Myrtes Mathias: LOUVOR, SÓ LOUVOR
“Hoje não te escrevo, Senhor,
Para um pedido; quero que seja a penas só Louvor
Como o canto dum passarinho
Como o rio que no leito corre
Como o botão que se transforma em flor.
Um poema que se faça hino,
E qual incenso chegue a teus pés:
Nem pedido, nem queixa, nem voto, Senhor,
Mas o louvor ao Deus grande que és.”
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 10 de dezembro de 2021.
Download de Ficheiros
IV_2021_12_10_net.pdf
Partilhar