Arquidiocese de Braga -
17 dezembro 2021
"Mãe, ajuda-me a cuidar!"

O Conquistador
Fátima Castro, equipa missionária Salama! 2021
Todos os dias são diferentes e, todos os dias, deixo-me evangelizar pelos que encontro. Só assim me faz sentido estar com este povo, despida dos pre(conceitos) de um mundo ocidentalizado e, marcadamente, consumista. Um mundo que não nos deixa parar para ver os detalhes. E são tão importantes! Como a doçura da mamã Leontina... Teve que sair de casa, às quatro da manhã, para conseguir chegar à comunidade de Santa Maria Madalena de Namogélia e participar na formação para Ministros Extraordinários da Comunhão. Às costas carregava a sua bebé. Ainda não tinha completado o primeiro mês de vida! Não sabia o exato dia em que nasceu. Do povo macua é frequente ouvirmos que nasceu "faz tempo" ou, se perguntarmos o ano, dizem que foi "naquele ano da chuva" ou "no tempo em que os cajueiros deram muitas castanhas".
Idade e nome. A criança também não tinha nome. Aqui, o nome não é importante e, não raras vezes, mudam-no ou esquecem-no. Mas... a "terceira sorte" da mamã Leontina ainda não tinha nome e, por essa razão, no decorrer da conversa brincamos com a mamã Leontina dizendo-lhe que ela tinha "cara de Maria": rosto materno de Deus.
No dia seguinte, quando visitamos a sua comunidade, em Savanunni, voltamos a encontrá-las. Com o mesmo sorriso no rosto, e muita doçura no coração, veio dizer-nos que o papá gostou do nome e desde aquele dia seria chamada de... Maria. Como a mãe de Jesus! Não nego que o meu coração deu uma sonora gargalhada! Este nome mariano, nesta época natalícia que se avizinha, ajuda-nos a sentir esta ternura maternal projectada no Deus Menino que vai nascer.
Anseio tanto que a pequena Maria, quando crescer, veja na sua mamã (e em tantas outras mamãs) a figura maternal d'Aquela que foi o primeiro sacrário vivo na terra e que, contra todas as intempéries da vida, colocam os filhos no topo de todas as suas preocupações!
Que privilegiada sou em conhecer estas mamãs que, em cada amanhecer, não se permitem demitir daquilo que as faz colocar os pés ao caminho: o amor! São estas mamãs - que lutam todos os dias para sobreviver a tamanho sofrimento, solidão, pobreza e injustiças - as que eu coloco no colo maternal de Maria e Lhe digo: "Mãe, ajuda-me a cuidar!"
Artigo publicado no Jornal O Conquistador de 17 de dezembro de 2021.
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