Arquidiocese de Braga -

7 fevereiro 2019

Venerável D. António Barroso Processo de Canonização

Fotografia

CMAB

Amadeu Gomes de Araújo (Vice-Postulador da Causa da Canonização de D. António Barroso)

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A fama da santidade de D. António Barroso é anterior à sua morte. Muitos dos seus contemporâneos já o apelidavam de “Bispo santo”, e são inúmeras as referências às suas virtudes heróicas, quer de colegas no episcopado quer de intelectuais e de outras figuras gradas da época. As mais comoventes homenagens na hora da partida, vieram, porém, do povo anónimo que desde o início da carestia da I Guerra Mundial, se habituara a tratá-lo por “Pai dos pobres”.

As gentes do Porto e da área de Barcelos tiveram para com ele, desde a primeira hora, manifestações de afecto e de veneração. Um espontâneo e informal Grupo de Amigos de D. António Barroso passou a organizar em diversas paróquias do Porto romagens muito participadas ao túmulo do bispo missionário, em Remelhe, aldeia do concelho de Barcelos, onde nasceu e que escolheu para repousar. À trasladação dos restos mortais para a capela-jazigo, construída por subscrição pública, no dia 5 de Novembro de 1927, esteve presente uma multidão de admiradores e devotos que a imprensa da altura calculou em 50 mil pessoas. Foram também muitos os sacerdotes e leigos do Porto que participaram no I Congresso Missionário Português, realizado em Barcelos, em 31 de Agosto de 1931, em homenagem a D. António Barroso. A partir de 1942 e 1943, com as agruras da II Guerra Mundial, alguns grupos de devotos começaram a organizar romagens periódicas ao túmulo.

Mas foram as comemorações dos Cinco Séculos de Evangelização e Encontro de Culturas, ao longo da década de noventa, que vieram chamar a atenção de muitos portugueses para esta figura ímpar. De facto, as comemorações do V Centenário ajudaram a recuperar a figura deste missionário dinâmico e corajoso que foi missionário em três continentes e que, depois, presidiu à Igreja Portucalense entre 1899 e 1918, distinguindo-se entre os homens do seu tempo sobretudo pela fé intrépida com que enfrentou as adversidades, e por virtudes heróicas que lhe granjearam fama de santidade junto do povo humilde.

E foi nesta vaga de fundo trazida à tona do tempo pelas referidas comemorações que surgiu o "Movimento Pró-Canonização de D. António Barroso," o qual solicitou à autoridade competente da Igreja, a introdução do respectivo processo. Atendendo ao volume das assinaturas recolhidas num curto espaço de tempo, considerando existir unanimidade quanto às suas virtudes extraordinárias, e verificando não existirem visões alternativas, o Senhor Bispo do Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas, decidiu, por decreto de 31 de Julho de 1992, «dar início às diligências para introduzir a Causa de Canonização de D. António José de Sousa Barroso».

Em 16 de Junho de 2017 soprou de Roma uma brisa de esperança, com a publicação do Decreto sobre as virtudes do Servo de Deus António Barroso, confirmando que praticou, em grau heróico, as virtudes teologais da Fé, Esperança e Caridade, bem como as virtudes cardeais da Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza. Por isso, entendeu o Papa Francisco que D. António Barroso é merecedor da nossa veneração. Esta Declaração constitui um passo necessário e determinante rumo à beatificação e canonização. A recente convocação de um Ano Missionário Extraordinário convida-nos a olhar com redobrada esperança para este Francisco Xavier do séc. XIX. Resta-nos orar e aguardar que a Congregação da Causa dos Santos considere provado o presumível milagre que lhe foi submetido para apreciação.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 07 de fevereiro de 2019.


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