Arquidiocese de Braga -

31 outubro 2016

"O tempo não nos pertence"

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Mensagem para a Solenidade de Todos os Santos.

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O tempo não nos pertence

O tempo e a eternidade. Dois termos que parecem, à partida, excluir-se e, todavia, estão profundamente ligados na fé cristã. Cristo, o Verbo Eterno, incarnou e irrompeu no presente histórico, que de si mesmo é limitado. E a Sua presença representa para nós um convite à transcendência, à transgressão dos limites impostos pela humana temporalidade.

A cultura industrial e tecnológica criou, na nossa sociedade, uma nova percepção do tempo. O tempo é um bem precioso, mensurável e controlável. «Lembra-te que o tempo é dinheiro», disse Benjamin Franklin a um jovem empresário do século XVIII. Cada minuto, cada segundo, conta e deve ser rentabilizado. Penso, todavia, que esta concepção do tempo destrói por completo a nobreza do espírito humano. O que entendo por nobreza do espírito humano? É a qualidade do ser em detrimento do ter. Quando o tempo é dinheiro, somos de tal modo pobres que a única riqueza que temos mesmo é o dinheiro. Não por acaso tem vindo a crescer, dos mais diversos quadrantes, um elogio ao ócio, isto é, um tempo de qualidade que renove o nosso ser e nos permita estar com quem mais gostamos.

Mas um tempo mensurável é também um tempo limitado. Neste sentido, a morte é entendida como o final da jornada, o muro inultrapassável. Caras(os) cristãs(ãos), esta é uma realidade que me preocupa. Quando a morte é o fim da vida, perdemos o sentido da transcendência, da escatologia, da ressurreição e, em última circunstância, a certeza de que Cristo continua vivo. É, por isso, importante que na catequese, nas escolas e grupos de reflexão se esclareça sobre o sentido cristão do tempo e como o articular ou distanciar da percepção contemporânea.

 

[Descarregue abaixo a mensagem na íntegra]


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