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3 Nov 2022
Celebrando o Mistério Pascal
Homilia na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos
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  © Avelino Lima

1. Para além da morte

No Ocidente, o mês de Novembro inicia com a solenidade de todos os Santos e a comemoração de todos os Fiéis Defuntos. De facto, este mês é muito vivido, na Piedade Popular, como o mês da memória dos defuntos, comumente chamado “mês das almas”, expressando a fé na ressurreição dos mortos e na vida eterna. 

O Venerável Bernardo de Vasconcelos cantou com a alegria da fé a nossa peregrinação: «para além da morte – a vida.../ para além da terra – o céu.../ ó morte! Foste vencida;/ forte poder te venceu».

A Liturgia cristã das exéquias é uma celebração do mistério pascal de Cristo. De facto, os cristãos confessam na fé e na esperança a sua última Páscoa, ao dizerem no Credo: «espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir». A própria Liturgia da Igreja o afirma solenemente: «N’Ele brilhou para nós a esperança da feliz ressurreição: e se a certeza da morte nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade. Para os que creem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna». 

A Liturgia usa alguns sinais e os símbolos para expressar o mistério da morte: o silêncio; o círio pascal; as velas; a aspersão com a água benta; a Bíblia; a Cruz; a cor litúrgica.

 

2. Jesus comoveu-se e chorou

O Papa Francisco na exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitiae escreveu assim: «Compreendo a angústia de quem perdeu uma pessoa muito amada, um cônjuge com quem se partilhou tantas coisas. O próprio Jesus Se comoveu e chorou no velório dum amigo (cf. Jo 11, 33.35). E como não compreender o lamento de quem perdeu um filho? Com efeito, “é como se o tempo parasse: abre-se um abismo que engole o passado e também o futuro. (...) E às vezes chega-se até a dar a culpa a Deus! Quantas pessoas – compreendo-as – se chateiam com Deus”. “A viuvez é uma experiência particularmente difícil (...). Alguns, quando têm de viver esta experiência, mostram que sabem fazer convergir as suas energias para uma dedicação ainda maior aos filhos e netos, encontrando nesta experiência de amor uma nova missão educativa. (...) Aqueles que já não podem contar com a presença de familiares a quem se dedicar e de quem receber carinho e proximidade, a comunidade cristã deve sustentá-los com particular atenção e disponibilidade, sobretudo se vivem em condições de indigência”» (n. 254).

Na verdade, a Liturgia da Igreja, na oração de sufrágio pelos Fiéis Defuntos, implora a vida eterna não só para os seus fiéis, mas também por todos os defuntos, cuja fé só Deus conheceu: «Lembrai-Vos também dos nossos irmãos que adormeceram na paz de Cristo e de todos os defuntos cuja fé só Vós conhecestes» (Oração Eucarística IV).

Ao sufragar a todos os fiéis defuntos, tornamos presentes, especialmente os Pastores Arcebispos, Bispos, Capitulares, Presbíteros; os Diáconos, as Pessoas consagradas, os benfeitores e todo o povo santo de Deus que peregrinou nesta Arquidiocese de Braga.

 

3. Como um amigo ausente

Na celebração da Liturgia, acontece a comunhão entre vivos e defuntos. As exéquias cristãs são sempre acompanhadas pela presença da comunidade que encomenda o defunto à Igreja celeste. O nexo teológico da liturgia dos funerais com os sacramentos do Batismo e da Eucaristia abre à eclesiologia expressa em termos de comunhão e fraternidade da comunidade cristã, especialmente, em relação aos familiares do defunto.

A fé na Páscoa eterna é a receção da vida em Deus que leva até a transmitir: «A morte é uma normalidade como um amigo ausente» (Daniel Faria).

Na Liturgia, passado, presente e futuro estão sempre intimamente unidos. Numa Anáfora Oriental, Anáfora Antioquena de Teodoro de Mopsuéstia, reza-se na narração da instituição: «Nesta liturgia tremenda fazemos memória da morte de nosso Senhor, e recebemos o alimento imortal e espiritual do Corpo e do Sangue de nosso Senhor. Foi por nós que nosso Senhor, ao chegar a hora da Paixão, entregou aqueles alimentos aos seus discípulos, para que, todos nós que acreditamos em Cristo, os recebêssemos deles e por nossa vez os fizéssemos. É por isso que, a partir de então, nós celebramos o memorial da morte de Cristo nosso Senhor e, desse modo, recebemos um alimento inefável em que nos é dada uma esperança capaz de nos conduzir à comunhão dos bens futuros».

 

 † José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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