Arquidiocese de Braga -

17 novembro 2022

Seminários "requerem atenção apurada"

Fotografia Avelino Lima

DACS com DM

O Congresso Internacional sobre a problemática dos Seminários Católicos teve início no dia 16 e decorre até ao dia 19 de novembro, no Espaço Vita.

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O primeiro dia do Congresso Internacional sobre a problemática dos Seminários Católicos trouxe à tona questões sobre o futuro e as mudanças exigidas pelas tempos atuais. O congresso teve início no dia 16 e decorre até ao dia 19 de novembro, no Espaço Vita.

Na sessão de abertura o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro sublinhou que o Seminário representa para a Igreja local um dos bens mais preciosos e que os Seminários “requerem atenção apurada”. Para o Arcebispo de Braga, "os padres de hoje são aqueles a quem cabe gerir a fase pós-conciliar e pós-moderna". Perante isto deixou duas questões: “Não pode ser repensada a figura do presbítero?”. 

Aos presentes, D. José Cordeiro frisou que o Seminário continua nos dias de hoje a ser “a escola do Evangelho da Vocação que forma os futuros presbíteros, para seguirem o único Mestre que é caminho verdade e vida”. Para o arcebispo, “a sociedade, a família, o Seminário estão a passar momentos de grandes mudanças, que exigem um repensamento e sentido de pertença e identidade”.. «O caminho da esperança tem de ser percorrido na vivência do próprio ministério quotidiano, fundamentado na Eucaristia, na Reconciliação, na Liturgia das Horas, na Lectio Divina, na adoração eucarística, no silêncio, no estudo e acolhimento, na visita às famílias, especialmente às pessoas doentes, na formação permanente, na caridade pastoral, na fraterna comunhão, na oração, na cooperação com o bispo e por tantas outras formas que a Igreja recomenda e que cada presbítero poderá seguir no exercício feliz do ministério recebido como inestimável dom e mistério”, afirmou. 

Ao primeiro orador, o historiador António Matos Ferreira, coube contar a origem dos seminários em Braga. Para tal, o historiador da Faculdade de Letras de Universidade de Lisboa apresentou a comunicação intitulada “Bartolomeu dos Mártires: Trento e a ideia de presbítero”. António Matos Ferreira deu conta da transformação que ocorreu na formação dos presbíteros com a ação de S. Frei Bartolomeu dos Mártires depois de regressar do Concílio de Trento. Ainda no período da manhã, o cónego José Paulo Abreu, falou da “Evolução dos Estatutos do Seminário e as principais figuras dos Arcebispos” de Braga, desde S. Frei Bartolomeu dos Mártires até aos prelados dos nossos dias. “Atacado de tantas formas, por alguns governantes, por diversas legislações, por liberalismos ateus, por maçonaria, como alguns vaticinaram, mas o Seminário sempre se revigorou”, disse. 

Na sua intervenção, o cónego José Paulo Abreu considerou que merece destaque e gratidão “o gigantesco esforço de muitos dos que nos antecederam”.

 

Futuro dos seminários implica mudança e capacidade de adaptação

“Onde nos poderiam levar estes 450 anos?” foi o mote para uma conversa acerca do futuro dos seminários que, no período da tarde, reuniu o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, o superior da Casa de Escritores da revista Brotéria, José Frasão Correia, e o escritor e diretor pedagógico do Colégio Luso-Francês, José Rui Teixeira, moderados pelo comentador Alfredo Teixeira, da UCP-CITER. 

“Não somos uma Igreja perfeita, mas uma Igreja que não se resigna a ser imperfeita e não teme buscar caminhos novos”, disse D. José Ornelas a rematar uma intervenção. 

José Frazão Correia, provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus entre 2014 e 2020, defendeu que “a fidelidade que nos é pedida hoje é a fidelidade da mudança”. 

Inspirando-se no Papa Francisco, que pede pede atenção aos “poderosos impulsos espirituais do nosso tempo”, o orador pediu “coragem para experimentar, mesmo avançando por tentativa e erro”. “O seminário tem que ser capaz de gerar leitura e discernimento espiritual, gerar múltiplos saberes e encontros e ser um lugar de experimentação”, defendeu.

“Há um legado que, ou por respeito, ou por atavismo, ou por anastesia, ficou imóvel nos seminários”, afirmou, afirmando que “é preciso contrariar o paradigma vigente por Amor ao Reino de Deus”.