Arquidiocese de Braga -
14 julho 2023
Missão em Ocua receberá casal de voluntários
DACS
O casal de jovens, Hugo João Osório Borges e Ana Margarida Oliveira Gomes, da Paróquia São Cristóvão, de Cabeçudos (Vila Nova de Famalicão), seguem para África em setembro pelo período de um ano.
No mesmo domingo, 16, em que a Arquidiocese de Braga acolhe quatro novos sacerdotes, acontece, durante a celebração, a bênção dos novos missionários que irão para Ocua, em Moçambique. O casal de jovens, Hugo João Osório Borges e Ana Margarida Oliveira Gomes, da Paróquia São Cristóvão, de Cabeçudos (Vila Nova de Famalicão), segue para África em setembro pelo período de um ano.
Ana é especialista em análises clínicas e Hugo enfermeiro. Ambos só estiveram em África em contexto de férias.
A missão fica na Diocese de Pemba, em Cabo Delgado, onde encontra-se a Paróquia de Santa Cecília de Ocua, que é considerada, carinhosamente, a 552ª paróquia da Arquidiocese de Braga.
A coordenação do Projeto de Cooperação Missionária entre as Dioceses de Braga e Pemba está a cargo do Centro Missionário Arquidiocesano Braga (CMAB) e são eles que promovem a Formação para Voluntários Missionários, da qual participaram Hugo e Ana.
O projeto chamado “Salama!” enviou, desde 2016, 13 voluntários missionários para a Paróquia de Santa Cecília de Ocua em projetos de longa duração (mínimo de um ano) e outros em projetos de curta duração.
Conversamos com os dois voluntários para descobrir o que os motivou neste caminho.
Como decidiram dar esse passo?
Ana - Desde cedo, como casal, já tínhamos falado em fazer algum tipo de voluntariado. Nunca tinha surgido, desde que casámos, nenhuma possibilidade ou oportunidade, até que partilharam connosco este projeto há uns três, quatro anos. A vida profissional e pessoal não nos permitiu, nesses anos, pensar a sério nesse projeto. Até que no ano passado achamos que seria o momento, porque no fundo passou a fazer todo sentido.
Tínhamos a vontade do voluntariado associado à missão, que no fundo é toda a nossa vida paroquial e todo o nosso envolvimento. Foi a junção de duas partes importantes, de um sonho, com a nossa forma de estar na vida também.
Hugo - E depois também a questão de que este projeto sempre foi ‘tropeçando’ em nós ao longo do tempo. O padre Jorge Vilaça (o primeiro sacerdote a estar no projeto em 2016) foi assistente espiritual no Hospital de Famalicão, onde trabalhámos os dois, entre outras pessoas que conhecemos e já participaram da missão. Estávamos sempre ligados ao projeto mesmo antes de estarmos nele.
Farão uma pausa no trabalho? E quando comunicaram para a família, amigos, ficaram surpresos?
Ana - Há uma colaboração em princípio, entre a diocese e centro hospitalar, em que cedem-nos como trabalhadores, para podermos participar neste projeto. Possibilita-nos, dessa forma, uma licença sem vencimento
A nível de amigos e de família, é sempre um choque. As pessoas não estão preparadas para dizermos que vamos em missão. E quando falamos que é por um ano, então, sentem que é um período muito longo.
Hugo - Além de toda a carga de quando dizemos que é para África. Há sempre aquela ideia de que a África é uma vida completamente diferente da que vivemos aqui, e é, de facto. Também a carga associada quando utilizamos palavras como Cabo Delgado.
Quais as expectativas para essa experiência?
Hugo - Fizemos toda a preparação para estar neste projecto, minimamente preparados. Ainda estes dias partilhamos que, se calhar, se há coisa que isto nos mostrou foi que não vamos estar preparados para estar lá. Por muito que pensemos que vai ser difícil, que vai haver questões, problemas, numa realidade tão diferente, só quando estivermos lá vamos saber como adaptar-nos.
Claro que estamos cientes que o tempo é diferente, as condições da estrada, a alimentação, a habitação, são diferentes. Tudo que hoje em dia damos como coisas mínimas são diferentes e, até mesmo, a relação com as pessoas.
Temos noção que muitas das etnias, das comunidades que existem lá, têm uma maneira de ser própria, como nós portugueses temos. Do mesmo modo em que é diferente ser alentejano ou minhoto.
As expectativas são principalmente essas. Não estamos ansiosos. Estamos a aguardar pelo dia que vem, mas sentimos que vamos ganhar com esta experiência e que vamos fazer a diferença lá.
Quando começaram a formação pensavam que seria rápido?
Ana - Quando tomamos a decisão de iniciar a formação era na perspetiva de podermos participar da missão o mais breve possível. Inicialmente achávamos que havia muita concorrência. Então pensamos, se não for neste ano, será no próximo. Mas quando iniciamos a formação foi nesse sentido: é para ir, com tudo o que tiver que ser.
Depois, quando percebemos que éramos praticamente os únicos na formação, veio aquela realidade - se calhar vamos ser mesmo nós! Começou a crescer aqui esta alegria de ver o projeto que tínhamos pensado se concretizar até mais cedo do que havíamos previsto.
No domingo, o momento do envio será junto à ordenação presbiteral. Será um grande momento de celebração…
Ana - É sempre um momento de maior ansiedade, em que estamos fora do nosso contexto paroquial. A celebração em si é diferente, mas gosto da sensação de ser enviada, do contexto em que esta missão está. Este envio também celebra um bocadinho este início de, apesar de já ter começado há muito tempo, agora está mais perto.
Hugo - A cerimónia de envio será aqui “o nosso pontapé de partida”, tanto para nós como também para a família que vai estar presente.
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