Arquidiocese de Braga -
9 agosto 2023
Encontro internacional dos Bispos amigos dos Focolares acontece em Braga
DACS
São 3 cardeais e 84 bispos, representando 42 países, reunidos desde o dia 8 para refletir sobre o tema “A mística do encontro. Contemplação e missão numa mudança de época”.
Encerra-se amanhã, dia 10, o encontro internacional dos Bispos Amigos dos Focolares, que teve sede em Braga. São 3 cardeais e 84 bispos, representando 42 países, reunidos desde o dia 8 para refletir sobre o tema “A mística do encontro. Contemplação e missão numa mudança de época”.
No dia 7, logo após o término da Jornada Mundial da Juventude que decorreu em Lisboa, de 1 a 6 de agosto, os bispos peregrinaram ao Santuário de Fátima. Em seguida partiram para Braga. No dia 8, entre as atividades programadas, os participantes visitaram o Santuário do Bom Jesus do Monte.
“A unidade, vida de Deus, vida para a humanidade” foi a temática que coube à presidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram. A sinodalidade e o contributo do Movimento dos Focolares para o caminho sinodal estão entre os tópicos centrais.
Na tarde de hoje, o Cardeal Mario Grech, secretário-geral da Secretaria do Sínodo falará, via zoom, sobre “A sinodalidade a poucos meses da assembleia sinodal” e D. Piero Coda, teólogo, secretário da Comissão Teológica Internacional, sobre o tema “Em caminho com o Ressuscitado: viver hoje como bispos a mística do nós”.
O Arcebispo de Braga, D. José Manuel Cordeiro, rececionou e falou aos bispos no dia 8. D. Jorge Ortiga, Arcebispo Emérito de Braga, e D. Nuno Almeida, Bispo de Bragança-Miranda também presentes, colaboraram na preparação juntamente com a comunidade dos Focolares de Portugal.
“É uma alegria grande poder receber em Braga este Encontro Internacional dos Bispos Amigos do Movimento dos Focolares. Depois dos dias inesquecíveis da Jornada Mundial da Juventude, como ato contínuo, estes três dias aqui em Braga, concentrados sobre a mística do encontro, faz-nos também criar entre nós esta espiritualidade da comunhão e a espiritualidade do recomeço, na colegialidade episcopal”, destaca D. José.
Os carismas hoje, o papel da mulher na Igreja e na sociedade e a missão dos casais cristãos são tópicos da mesa redonda em que participam Rosinha e Amândio Cruz, coordenadores do Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar de Braga.
O programa inclui ainda um encontro entre os bispos e um grupo internacional de jovens que participaram na JMJ.
Um encontro de unidade eclesial
Segundo o Bispo da Diocese de Limerick, na Irlanda, D. Brendan Leahy, moderador do encontro, nas reuniões, que acontecem desde 1977, são analisados diferentes tópicos. “Não é realmente sobre os temas, mas sobre uma experiência de unidade entre nós”, explica.
“Naturalmente, este ano falamos sobre sinodalidade, o grande tema da Igreja, mas estamos olhando para toda a área da unidade hoje, após a JMJ, e de que forma podemos estar com os jovens na construção de um mundo mais pacífico e unido”, afirma, ao lembrar que são ouvidas experiências de diferentes partes do mundo, como Brasil, Tailândia, Alemanha, entre outras. “Torna-se uma pequena experiência do cenáculo, como no evangelho”, completa.
Para D. Jorge Ortiga, “o tema fundamental é olhar para o mundo de hoje, para os problemas, a crise global, que não deixa de afetar a Igreja, e verificar como este carisma, o carisma da unidade, assim sintetizado, pode dar um contributo positivo a estes problemas que existem na sociedade”, ao falar sobre o encontro.
D. Nuno Almeida ressalta que o facto do encontro acontecer precisamente nos dias a seguir à Jornada Mundial da Juventude, onde os bispos tiveram “uma experiência fortíssima de fraternidade universal”. “Foi uma experiência que nos marcou muito e nos surpreendeu pela profundidade e pela maturidade que os jovens manifestaram e que nos desafia a estarmos à altura de os acompanhar”, sublinhou. “Aqui também vivemos com bispos de todos os continentes, mas, ao mesmo tempo, experimentamos uma vivência de unidade muito forte”, disse.
Para saber um pouco mais sobre os Focolares, conversamos também com a presidente do movimento, Margaret Karram.
Como começou o movimento?
Esse movimento começou em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, com a jovem italiana Chiara Lubich, que sentia que no mundo havia muito ódio e injustiça.
Ela pensou: Qual é o objetivo de nossas vidas, se tudo acaba assim? Então começou a viver com o objetivo de trazer harmonia, paz e serenidade ao seu redor, na pequena cidade de Trento.
O que ela realmente queria fazer era que acreditassem no amor de Deus.
Em uma ocasião, levou o Evangelho para o abrigo e leu para um pequeno grupo de pessoas o Evangelho de João 17, 21 - Que todos sejam um…
Chiara descobriu que queria dar a sua vida vivendo esse testemunho, esse “sonho” de Jesus, para ser uma realidade no mundo. Então ela disse: Quero ser um instrumento nas mãos de Deus (junto com outros jovens que a acompanharam na sua trajetória), instrumento dessa unidade.
O movimento começou na Itália, depois espalhou-se para outros lugares da Europa e depois para outros continentes. Neste momento estamos nos cinco continentes, com quase um milhão de pessoas que aderiram ao movimento de diversas formas. Católicos, pessoas de religiões diferentes, pessoas que nem acreditam em Deus, não praticam a religião, mas sentem que querem viver por grandes valores e trazer a fraternidade para o mundo.
Os conflitos de hoje não são muito diferentes…
É verdade. O tempo é diferente, as pessoas, mas vivemos as mesmas realidades, como a guerra, ódio, divisões. Precisamos desse carisma que foi dado a Chiara mais do que nunca. Precisamos de união das pessoas, de compreensão sobre o amor entre os povos. Sinto uma grande responsabilidade, junto com todos os membros dos Focolares, em viver esse carisma ainda mais do que antes.
Tentamos ser um testemunho disso, não são apenas palavras, mas com a nossa vida. Não é fácil, porque vemos que o mundo está indo em outra direção. Mas temos que acreditar que Deus está connosco e Ele nos ajudará a levar isso adiante. É importante que cada um de nós possa dar o seu ‘pequeno’ passo.
Sempre penso no exemplo de um prédio. Cada um de nós pode ajudar com sua pequena pedra, e podemos construir algo. Não podemos dizer que não vamos conseguir. Sabemos que os problemas são muito grandes e os desafios ainda maiores. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade.
Por que esse encontro dos bispos?
O movimento tem diferentes realidades e diferentes ramificações. E há bispos, amigos do movimento, que sentem que esta realidade pode ajudá-los a viver a própria vocação na Igreja com vistas para a unidade.
Eles encontram-se todos os anos. E desde o ano passado, comecei a participar desse encontro. E devo dizer que foi uma descoberta para mim, ver como é importante que os bispos de diferentes partes do mundo se reúnam, porque isso os ajuda. Eles têm muitas responsabilidades, muitos desafios na Igreja hoje.
O caminho que eles podem percorrer juntos, compartilhar suas experiências, falar sobre diferentes áreas geográficas pode ajudá-los a trazer o espírito do Sínodo que o Papa Francisco nos fala.
Para mim é uma grande alegria e uma honra estar neste encontro e poder testemunhar a espiritualidade, e vermos essa imagem, além do clero, com os leigos, as mulheres, a serem esses instrumentos e dar essa nova imagem da Igreja.
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