Arquidiocese de Braga -

16 março 2004

Tomada de posse de novos capitulares

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Dom Jorge Ferreira da Costa Ortiga

\nEsta cerimónia de investidura conduz o meu pensamento àquilo que exprime a essência da Igreja no dever de a manifestar no meu múnus episcopal. Vislumbro, sempre, como intenção e projecto, uma Igreja comunhão. Recordo, a propósito, quanto o Papa sublinha na “Pastores gregis sobre o Bispo, servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo”. “A comunhão orgânica eclesial chama em causa a responsabilidade pessoal do Bispo, mas supõe também a participação de todas as categorias de fiéis, enquanto corresponsáveis do bem da Igreja particular que eles mesmos formam. O que garante a autenticidade da referida comunhão orgânica é a acção do Espírito, que age quer na responsabilidade pessoal do Bispo, quer na participação que nela tomam os fiéis. Com efeito só o Espírito, fundamento tanto da igualdade baptismal de todos os fiéis como da diversidade carismática e ministerial de cada um, pode actuar eficazmente a comunhão”. Nestas palavras ninguém vislumbra particular novidade de conteúdos. Recolhem uma aceitação pacífica em termos de orientação de sentido único. Pode a fragilidade humana afastar-nos do âmbito duma concretização imediata e permanente. Creio que ninguém ignora ou duvida da minha fé nestas formas de participação e corresponsabilidade. A unidade que me propus é sempre meta de alguém que se empenha em acolher e suscitar o consenso e desejo sincero de que tudo acontecerá espontânea e permanentemente. Há momentos de corresponsabilidade pessoal e outros de vivência colegial. Todos são estimados e agradecidos. O Santo Padre fala duma “espécie de circularidade” entre aquilo que o Bispo tem na responsabilidade pessoal de decidir para o bem da Igreja confiada aos seus cuidados e o contributo que podem oferecer-lhe os órgãos consultivos. Circularidade é uma palavra dinâmica que obriga a intervir. Reagir depois dos acontecimentos ou iniciativas pode significar renúncia ao dever elementar de colaboração. A Igreja Diocesana será o que deve ser, se esta circularidade de propostas e correcção mútua entrar nos paradigmas da Pastoral ordinária. Esta “circularidade” não se restringe aos Órgãos Colegiais. Estes podem ser motor para que todo o Povo de Deus – a começar pelo presbitério – se comprometa neste exercício de corresponsabilidade. Somos “comunhão orgânica”. Sem o contributo de todos, o corpo pede a vitalidade. O caminho está iniciado. Ainda teremos de testemunhar maior espontaneidade – da parte de todos – nas propostas de solução para os desafios. A “hierarquia” tem o seu lugar; só a comunhão define a Igreja. Esta renovação da Instituição capitular, como Colégio de Consultores, significa, para mim, confiança na mesma e, concretamente, naqueles que hoje começam a integrá-la. Confiar é sinónimo de esperança para a Diocese que se edificará a este ritmo comunitário. Os tons monocórdicos pertencem ao passado. Confiança pessoal, esperança diocesana e gratidão pelo trabalho realizado ou a realizar. Os pergaminhos da história capitular continuarão a resplandecer na tarefa duma igreja que se quer coral para se credibilizar perante as exigências hodiernas. Um bem-haja a todos e cada um e que o Espírito conjugue as nossas vontades para enfrentarmos o futuro com o optimismo da fé. Braga, 16.03.2004 + Jorge Ortiga, A. P.