Arquidiocese de Braga -

7 abril 2004

Homilia da Missa Crismal

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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga

\nA Quinta-Feira Santa A Quinta-Feira Santa, como momento de renovação dos Compromissos, é ocasião de confronto com a identidade e a missão. Parar para reequacionar, rectificar e readquirir a paixão dos primeiros tempos. O confronto é com Cristo e tudo o pode facilitar. Quero pegar à letra na Exortação Apostólica Pós-Sinodal «Pastores Gregis» sobre o Bispo, servidor do Evangelho. Sirvo-me das referências programáticas referentes às relações do Bispo com o seu presbitério. Poderia apontar itinerários programáticos. Prefiro pôr-me em questão perante o presbitério. Faço-o com muita humildade para que consiga ser o que Deus pretende e o presbitério de Braga merece.. 1 - Presbíteros, os colaboradores do Bispo Tudo parte dum preâmbulo já sugerido no Decreto Conciliar Christus Dominus quando apresenta a Diocese como uma comunidade de fiéis confiada ao cuidado pastoral do Bispo “cum cooperatione presbyteri” fazendo com que entre os dois se estabeleça uma «Communio sacramentalis» fruto do mesmo sacerdócio ministerial, participação do único sacerdócio de Cristo. Não pretendo fazer doutrina sobre estas verdades. Ouso examinar-me em voz alta para solicitar a vossa benevolência e estímulo para que realize quanto o Santo Padre sugere. A Quinta-Feira Santa também é para os Bispos. Gostaria de fazer uma meditação convosco assumindo compromissos e proclamando a vontade de os viver com e para vós. Os presbíteros são os “colaboradores mais íntimos do ministério do Bispo” e, para o efeito, é necessário testemunhar uma qualidade especial das mútuas relações. Não se trata dum mero agir para os mesmos objectivos. As vidas cruzam-se e os destinos identificam-se através de gestos de verdadeiro afecto e carinho. O trabalho pastoral é, pura e simplesmente, uma consequência que muito é condicionado pela qualidade e profundidade daquele relacionamento. Como são belas as Palavras do S. Padre “O gesto do sacerdote, que põe as suas próprias mãos nas mãos do Bispo, no dia da ordenação presbiteral, prometendo-lhe “reverência e obediência”, à primeira vista pode parecer um gesto unilateral. Na realidade este gesto compromete a ambos: o sacerdote e o Bispo. O jovem presbítero escolhe confiar-se ao Bispo e este, por sua vez, compromete-se a salvaguardar aquelas mãos”. Nunca poderei ser bispo sem os Sacerdotes. 2 - Circularidade de Vidas como identidade Circularidade de vidas é o único modo de viver esta comunhão sacramental. Daqui emergem um conjunto de orientações que responsabilizam tremendamente o quotidiano do ministério episcopal. O Bispo que é “Pai” e “Irmão” para os Sacerdotes, tem obrigações concretas. Refiro os verbos usados pelo Papa e peço a Deus ajuda para viver, com todos e cada um, nos seus conteúdos. Como Bispo, tenho de: - “Amar” entregando-se pelos seus sacerdotes; - “Escutar” num vazio interior capaz da mais profunda intimidade e confiança; - “Acolher” na disponibilidade dos encontros necessários e dos momentos plurifacetados da existência; - “Corrigir” na caridade fraterna de quem pretende o bem de todos e se enriquece na busca de perfeição de cada um; - “Confortar” no gesto de saber estar nos momentos dolorosos e nas intrigas dum mundo que nem sempre nos compreende; - “Buscar a colaboração” no espírito duma colegialidade efectiva e na procura comum das melhores soluções pastorais; -“Cuidar o melhor possível do seu bem-estar humano, espiritual, ministerial e económico” num compromisso de investir as energias e as disponibilidades para que o viver sacerdotal se caracterize pela serenidade dum presente, feito entrega incondicional ao Reino pois o futuro está devidamente salvaguardado. Caríssimos Sacerdotes, foi fácil elencar este conjunto de verbos. Quis enunciar cada um para que saibais das minhas intenções e desejos. Perdoai as incoerências. Ajudai-me a viabilizar estas ideias para que não permaneçam no reino das boas intenções. 3 – Momentos e espaços para testemunhar a colaboração Esta circularidade de vidas é o perfume da vida diocesana e vê-se em momentos especiais. Sirvo-me mais uma vez, das orientações do Papa: “Outro é quando um sacerdote, por causa da idade avançada ou doença, deixa a guia pastoral efectiva duma comunidade ou os encargos de directa responsabilidade. Nestas circunstâncias e análogas, o Bispo tem o dever de fazer com que o sacerdote sinta quer a gratidão da Igreja particular pelas lidas apostólicas até então desempenhadas, quer a especificidade da sua nova colocação dentro do presbitério diocesano: é que ele conserva, antes vê aumentada, a possibilidade de contribuir para a edificação da Igreja através do testemunho exemplar duma oração mais assídua e da generosa partilha, a bem de seus irmãos mais jovens, da experiência adquirida. E aos sacerdotes que se encontram em idêntica situação, por causa duma doença grave ou doutra forma de persistente debilitação, o Bispo faça-lhes sentir a sua solidariedade fraterna, ajudando-os a manterem viva a convicção de «continuarem a ser membros activos na edificação da Igreja, especialmente em razão da sua união com Jesus Criso sofredor e com tantos outros irmãos e irmãs que na Igreja tomam parte na paixão do Senhor». A idade avançada e a doença dos Sacerdotes ocupam um espaço significativo nas minhas preocupações. Muito mais me é pedido e só a certeza de encontrar todos os sacerdotes alegres e felizes com o indispensável acompanhamento humano e espiritual me tranquilizará. Que Deus me dê forças para concretizar os projectos para bem de todos. 4 – Novidade dos tempos actuais Somos sacerdotes num tempo novo. É inútil ignorar este factor. Torna-se perigoso esconder-se por detrás dum passado que se sonha como ideal. Não voltaremos à mesma caracterização da sociedade e seremos fiéis à identidade se progredirmos na Formação Permanente, interpretada como «vocação na vocação» pois só ela «nas suas dimensões diferentes e complementares, tende a ajudar o padre a ser e a comportar-se segundo o estilo de Jesus». Como gostaria de ser capaz de colocar o presbitério nessa atitude condicionante da qualidade do exercício do ministério. Há segredos e dinamismos aos quais resistimos como um erro irreparável. Ou aproveitamos todo o tempo ou traímos a mesma missão. Os tempos são novos. Só com uma formação permanente os encararemos com serenidade. 5 – Sinais de Família Recordemos na alegria os sacerdotes ordenados e em Bodas de Ouro. Na saudade evoquemos os falecidos. Sacerdotes ordenados – alegria. Sacerdotes ordenados 1 – P. Álvaro da Costa e Silva. Lousado, Vila Nova de Famalicão; 2 - P. Armindo Paulo da Silva Freitas, Ponte, Guimarães; 3 - P. Hermenegildo José das Neves Faria, Creixomil, Guimarães, 4 - P. João Miguel Torres Campos, Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto 5 - P. Jorge Filipe Vilaça Barbosa, Jesufrei, Vila Nova de Famalicão; 6 - P. José Manuel Faria Ferreira, S. Miguel de Ceide, Vila Nova de Famalicão; 7- P. Manuel Alves da Silva, Rendufe, Guimarães; 8 - P. Marcelo Fernandes Correia Pinto, Padim da Graça, Braga; 9 - P. Marcos Paulo da Costa Alves Gil, Lousado, Vila Nova de Famalicão; 10 - P. Mário Martins Chaves Rodrigues, Curvos, Esposende; 11 - P. Martinho da Silva Araújo, Sezures, Vila Nova de Famalicão; 12 - P. Paulo Alexandre Terroso Silva, Argivai, Póvoa de Varzim; 13 - P. Salvador de Vasconcelos Mota, Gondomar, Guimarães. Sacerdotes jubilados – participação na acção de graças. Não há Sacerdotes em celebração de Bodas de Prata. Bodas de Ouro 1 - P. Abílio Alves Martins Machado, Joane, Vila Nova de Famalicão, Pároco de S.Cosme do Vale, Vila Nova de Famalicão; 2 - P. Dr. Abílio Mariz de Faria, Cristelo, Barcelos, Pároco de Barcelinhos, Barcelos; 3 - P. António Cachadinha Alves, Nogueira, Viana do Castelo, Secretário da Faculdade de Teologia de Braga; 4 - P. António Joaquim Ferreira Mendes, São Gens, Fafe, Capelão do Lar da Misericórdia de Vila Verde; 5 - P. António Rodrigues, Oleiros, Vila Verde, Pároco de Freiriz, Vila Verde; 6 - P. António Lourenço Oliveira Castro Fernandes, Passos, Fafe, Pároco de Carreira, Vila Nova de Famalicão; 7 - P. Aquilino Pereira, Santa Isabel do Monte, Terras de Bouro, Pároco de Sobradelo da Goma, Póvoa de Lanhoso; 8 - P. Avelino Ferreira Guerra Fontes, natural de São Paio de Merelim e nela residente; 9 - P. Domingos Ferreira Silva Brandão, Gavião, Vila Nova de Famalicão, Pároco de Gualtar, Braga; 10 - Cónego Dr. Guilherme Frederico Malvar Fonseca, Cedofeita, Porto, Pároco de Esudeiros, Braga; 11 - P. João José Gomes de Macedo, Ucha, Barcelos, ex-pároco de Manhente, Barcelos; 12 - P. Joaquim Alcino de Azevedo, Ribeirão, Vila Nova de Famalicão, Pároco de Vilarinho das Cambas, Vila Nova de Famalicão; 13 - P. José Alberto Martins Fonseca, S. Vicente, Braga, Director Espiritual no Seminário de Nossa Senhora da Conceição; 14 - P. Manuel Martins de Sá, Alvarães, Viana do Castelo, Pároco de Fragoso, Barcelos. Sacerdotes falecidos – solidariedade de oração. Sacerdotes falecidos 1 - P.e Dr. Sebastião de Sá Matos, falecido em 6 de Julho, residente em Areias de Vilar - Barcelos e lá sepultado; 2 - P.e José de Jesus Ferreira Peixoto, falecido em 4 de Agosto, ex-Capelão do Santuário de Nossa Senhora do Alívio, Vila Verde e sepultado em Palmeira, Braga; 3 - P.e José Nunes Monteiro, falecido em 19 de Agosto, ex-pároco de Sequeirô, Vila Nova de Famalicão e lá sepultado; 4 - P.e António Rodrigues de Sousa, falecido em 12 de Setembro, pároco de Pedome, Vila Nova de Famalicão e lá sepultado; 5 - P.e José Ferreira Correia, falecido em 3 de Setembro, ex-pároco de S. Martinho do Vale, Vila Nova de Famalicão e sepultado em S. Cosme do Vale, Vila Nova de Famalicão; 6 - Mons. Manuel Vaz Coutinho, falecido em 31 de Outubro, ex-Administrador do Jornal Diário do Minho e sepultado em Mazarefes, Viana do Castelo; 7 - Mons. Alberto José Gonçalves, falecido em 14 de Dezembro, ex-pároco de Ruivães, Vieira do Minho e lá sepultado; 8 - P.e António Oliveira Lopes, falecido em 17 de Dezembro, pároco de Parada de Bouro, Vieira do Minho e sepultado em Grimancelos, Barcelos; 9 - P.e Augusto Vieira Veloso, falecido em 6 de Dezembro, ex-pároco de Antas, Vila Nova de Famalicão e lá sepultado; 10 - P.e Manuel Gonçalves, falecido em 3 de Janeiro, ex-pároco de Águas Santas, Póvoa de Lanhoso e lá sepultado; 11 - P.e Clementino da Costa Mendes, falecido em 8 de Março, ex-pároco de S. Lourenço de Sande, Guimarães; e 12 - Cónego Dr. Manuel António de Paula, falecido em 15 de Fevereiro e sepultado em Britelo, Ponte da Barca. 6 - Conclusão Termino com uma citação de S. Jerónimo: “Sabemos que a mesma relação que havia entre Aarão e os seus filhos, decorre entre o Bispo e os seus sacerdotes. Um só é o Senhor, como um só é o templo: haja também unidade no ministério. […] A glória de um pai não é o filho sábio? Possa o Bispo congratular-se consigo próprio pelo bom pressentimento que teve na escolha de tais sacerdotes para Cristo”. Será ousadia da minha parte solicitar que cada Sacerdote seja a minha permanente alegria, pois cada um foi escolhido pelo Bispo para ser Sacerdote de e para Cristo. Conseguiremos atingir esta meta alta mas realizadora? Rezo. Conto com as vossas orações. Seremos um presbitério feliz. + Jorge Ortiga, A. P.