Arquidiocese de Braga -

19 abril 2004

Alexandrina de Balasar - de Balasar para o Mundo

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Fotografia

José Ferreira

\nDe Balasar para o mundo . «Quem conhece a Alexandrina fica fascinado com ela. Recebo cartas de todo o mundo com pedido de imagens e relíquias», afirmava há meses o Pe. Pasquale Liberatore, recentemente falecido e que foi postulador salesiano. Um dos aspectos surpreendentes na Alexandrina é a dimensão universal insistentemente atribuída à sua mensagem. Tudo nela tem alcance mundial: se acontece em Balasar, é para se projectar no mundo. Já em 22 de Novembro de 1937, quando ela era conhecida apenas um reduzi-díssimo e fechado círculo de familiares e amigos, Jesus lhe afirmava: «Eu quero que, logo após a tua morte, a tua vida seja conhecida, e há-de o ser, farei que o seja. Chegará aos confins do mundo (…)» Um dia, durante um êxtase da Paixão, estava ela no chão sob o peso da cruz, dois homens tentaram levantá-la, mas não conseguiram. Ela pesava mais ou menos 34 quilos. À pergunta do director espiritual sobre quanto pesava a cruz que carregava, esclareceu que ela tinha um «peso mundial». A consagração ao Imaculado Coração de Maria de que foi mensageira não foi a da Rússia ou de Portugal, nem a da Cristandade, foi a do mundo. Isso está bem claro nas palavras de Jesus proferidas em 29 de Maio de 1942: «Ave, Maria, Mãe de Jesus! Honra, glória e triunfo para o seu Imaculado Coração! Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o universo! Quem não quererá pertencer à Mãe de Jesus, à Senhora da Vitória? O mundo vai ser consagrado todo ao seu Materno Coração! Guarda, Virgem pura, guarda, Virgem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus!» Veja-se o alcance universal atribuído à vida da Alexandrina nestas espantosas frases: «Minha filha, escola de toda a humanidade! ... Quanto deve ela aprender nesta escola: Escola da vida de Cristo, escola da ciência do Altíssimo! É aqui que aprendem os pequenos, os grandes, os ignorantes e os sábios. É nesta escola que se aprende a sofrer e a amar.» (15/4/49) E ainda esta outra citação, de teor semelhante ao da precedente, mas onde ela é chamada «doutora das ciências divinas» e, pelo seu extraordinário empenho em favor das almas, chamada também «redentora» e «nova salvadora da humanidade» (sem prejuízo, entenda-se, de Redentor haver só um): «Vem o Jardineiro divino ao seu jardim a ver as maravilhas que nele operou e o fruto de tantas canseiras. Vem o Rei ao palácio da sua esposa, o Redentor divino à sua redentora, à nova salvadora da humanidade. As minhas maravilhas em ti não ficam ocultas, não consinto no seu escondimento. Hão-de brilhar! São a minha glória; são salvação das almas. Tudo será conhecido, minha doutora das ciências divinas, tudo será conhecido no livro da tua vida. És a heroína do amor, a heroína da dor, a heroína da reparação, a heroína dos combates, a rainha dos heroísmos.» 18-5-1945 Nos derradeiros meses da vida terrena da Alexandrina, as forças abandonaram-na de tal modo que ela deixou de poder ditar os seus diários. O texto que se segue é do último diário, quando estava na «última, tremenda fase» (como a classificou Jesus); é muito belo, tem um final altamente poético e onde ela é chamada «luz e farol do mundo»: «Numa angústia lancinante (eu, Alexandrina) repeti os meus actos de fé: “Creio, Jesus, creio que foi para mim o vosso nascimento, a vossa morte, o vosso calvário. Creio, Jesus, creio!” Os meus abismos são tão negros e profundos que só um Deus podia penetrar neles. Foi assim que Jesus fez. Desceu à minha profundeza, trouxe à superfície e iluminou o meu pobre ser com uns raiozinhos da sua luz: “Vem cá, minha filha, luz e farol do mundo! Tu que és treva inigualável, és luz que brilha, farol que tudo ilumina. A treva é para ti, a luz é para as almas. Vem cá, luz de quem Eu sou luz, farol de quem Eu sou farol! Não posso Eu fazer-te brilhar com o Meu brilho? Não posso Eu fazer que sejas farol como Eu sou farol?” (2/9/55) José Ferreira