Arquidiocese de Braga -

18 julho 2004

Homilia da Eucaristia com os Cursistas

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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga

\nOs Cursistas empenhados nas Escolas da Palavra para evangelizar os ambientes A Palavra de Deus é sempre norteadora da vida das pessoas e dos Movimentos. Nunca nos é dirigida por acaso. Nela encontramos o nosso dever ser pessoal e comunitário. A permanência de Cristo em Betânia é paradigmática e pode tornar-se síntese dum programa de vida que os Cursos de Cristandade devem aceitar. 1. Maria, sentada aos pés de Jesus, escutava a Sua palavra Há sempre a vontade de adaptar-se às circunstâncias. Importa, porém, ter algo de inabalável e inquestionável. Um Cursista é alguém que, dum modo permanente, se coloca na escola de Jesus para um encontro renovador e retemperador. Sentar-se para ouvir. A Palavra de Deus não é um livro morto. Falamos muito de evangelização dos ambientes como actividade a realizar com os outros. O fundamental está na vontade que cada um tem de conhecer a Bíblia, de a manusear com facilidade, de a meditar como alimento, de estruturar a vida de harmonia com os seus critérios. Não são os Estatutos que definem um movimento como católico. Só a Bíblia pode identificar. Desafio, por isso, os Cursos de Cristandade a que apostem nas “Escolas da Palavra” tornando os seus membros conhecedores e saboreadores da vida que a mesma Palavra encerra. Ao mesmo tempo, envio os cursistas para este trabalho maravilhoso não só dum contacto ocasional com a Palavra de Deus mas de se tornarem instrumentos, nas comunidades paroquiais a que pertencem, desta orientação sempre actual e nunca plenamente realizada. “Os recém-saídos do Cursilho requerem um catecumenado Kerigmático, para consolidar a conversão apenas iniciada; logo a seguir, é necessário uma profunda catequese que explicite e complemente o anúncio fundamental; catequese que, todavia, não deve esquecer a dimensão vivencial-testemunhal integral indispensável para uma conversão integral, progressiva e actuante” (M.C.C.I.F. 685). 2. “Senhor, não passeis sem parar em casa do vosso servo” Abraão faz uma prece para que o Senhor pare e entre na liberdade de ordenar a casa. Também hoje, os cristãos são convidados a arrumar a casa para que o testemunho de fidelidade e coerência aconteça. Também nesta perspectiva, atrevo-me a indicar aos cursistas o caminho da verdadeira influência no ambiente. A luz não se confunde com as trevas e o fermento invisível transforma com a força que encerra no seu ser. Quando o Senhor “pára”, porque o convidamos e aceitamos, Ele não deixa as coisas na mesma, em nós e nos outros. Se não progredimos no encontro com a consciência, formada nos critérios de Deus e da Igreja, e não aceitamos a tarefa de transformar a sociedade não estamos a testemunhar a vitalidade dum movimento. Será atrevimento pedir aos Cursistas que trabalhem um projecto de fidelidade a Cristo e à Igreja para se tornarem um movimento que arrasta e convence? Importa um dinamismo novo nas convicções pessoais para irradiar e mostrar que se vive um projecto diferente. 3. Marta e Maria, à sua maneira, serviram Jesus. Hoje o caminho dos cristãos é o serviço, isoladamente ou em Movimento. Sem serviço não há cristianismo autêntico. Importa servir os outros, a Igreja e o mundo. Vivemos para os outros sem escolher ou marginalizar ninguém. Cristo está em todos. Há um caminho de situações de miséria que não podemos ignorar. Os outros necessitam da nossa solicitude. A Igreja “é a serva universal da vida divina em todos os homens, à maneira do seu “Mestre e Senhor” (M.C.C.I.F. 626). Vivemos para a Igreja, na sua expressão universal ou na diocese, se estamos na primeira fila daqueles e daquelas que gastam a vida na fidelidade às orientações hierárquicas. “O MCC é um movimento essencialmente diocesano. Por isso tem renovado em todos os seus Encontros a consciência de que não pode ser considerado como um agente à parte, separado da comunidade eclesial. O MCC é um elemento e um instrumento dessa pastoral” (M.C.C.I.F. 693). Vivemos para servir o mundo. Colocai-vos no lugar onde Deus vos enviou. Não tenhais medo nem vergonha. Revelai aí “o mistério oculto ao longo dos séculos”. Por Cristo e pela Igreja penetrai no mundo da política, da economia, do comércio, da educação, da saúde. Deixai aí marcas do amor de Cristo. Já houve tempo de mais ousadia. S. Paulo não se aterrorizou com os seus adversários. No mundo hostil encontrou coragem. Hoje teremos de elevar a temperatura do nosso cristianismo para permearmos a sociedade com a mais valia dos valores evangélicos. Deixemos o medo para os outros. Sintamo-nos apóstolos e, desculpai a personalização, ajudai-me, neste quinto aniversário da minha tomada de posse da Arquidiocese , a ser um Bispo servo do Amor. “Uma maior tomada de consciência da necessária presença no mundo, como fermento (incarnação) e como resposta (serviço) (M.C.C.I.F. 630)”. O Evangelho de hoje conjuga a sublimidade do silêncio operoso assim como a eloquência das obras. Daí que importa que este serviço ao Homem, em Igreja, para salvação do mundo se veja. Quando um Movimento se esconde nas suas actividades não está a corresponder às exigências do Espírito. Os Cursos precisam, por isso, de se mostrarem, sem espírito de dar nas vistas, através duma presença interventiva nas paróquias e na Diocese. “Saber-se e sentir-se Igreja, servir a Igreja, construir Igreja,, para além de serem os melhores títulos que devem ostentar aqueles que de Deus no mundo, são a única razão profunda e válida que pode justificar a própria existência e a permanência nela de todos os seus movimentos e organizações apostólicas” (M.C.C.I.F. 634). “O MCC é um agente na construção da Igreja como sacramento de comunhão e participação; por conseguinte, põe ao serviço da Igreja todos os seus recursos para colaborar com ela na sua acção pastoral e na criação e promoção de comunidades cristãs, em plena corresponsabilidade com a mesma Igreja” (M.C.C.I.F. 638). Concluindo, peço à Senhora do Sameiro a capacidade para vós e para o movimento de “estar com Cristo” para percorrer a aventura do anúncio da Boa Nova. Vivemos em Igreja um verdadeiro Pentecostes dos Movimentos. As Dioceses confiam em vós e espera que sejais testemunhas alegres dum Cristo Salvador e duma Igreja sacramento de salvação. Braga, 18.07.04 + Jorge Ortiga, A. P.