Arquidiocese de Braga -

24 janeiro 2009

75 anos de Serviço aos pobres pela educação

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D. Jorge Ortiga

Colégio de S. Caetano

\nComo Igreja Católica, continuamos a caminhar com S. Paulo. Com ele queremos ser encontrados pela Palavra para tornar a vida uma experiência de Deus em Cristo. “Para mim viver é Cristo”.
Cristo, no Seu percurso histórico e terreno, protagonizou um testemunho de amor universal. Ninguém era esquecido ou alheio à Sua solicitude. Simultaneamente, nota-se, com evidência, uma predilecção pelos pobres e pelos abandonados pela sociedade.
Daí que a Igreja sempre se tenha identificado com a causa dos desfavorecidos e tenha provocado a generosidade dos cristãos para poder responder e o amparo quotidiano que as Instituições sempre ofereceram. Os nomes foram-se alterando; o espírito e a intenção prevaleceram intocáveis.
Os órfãos mereceram um carinho particular. Eram acolhidos para encarar um futuro de esperança depois dum crescimento humano e duma preparação profissional capaz de marcar os mais complexos desafios.
Esta casa é sinal disso mesmo. Se hoje se chama Colégio de S. Caetano, durante muitos anos era conhecido como Colégio dos Órfãos. Os tempos mudaram. Só que os órfãos multiplicam-se mesmo conhecendo os pais. Quantas histórias poderíamos contar.
Apaixonada pela causa dos pobres, como referi, a Igreja criava uma mentalidade de solidariedade activa e os benfeitores permitiam que nada faltasse a estas casas. É sugestivo verificar que estas instituições devem a sua existência a doações generosas assim como a migalhas de quem dava do pouco que possuía. Hoje pode haver uma ajuda das autoridades estatais. No passado só a generosidade dos fiéis gerou um património e ofereceu o necessário para um crescimento humano com o indispensável. Todas estas casas passaram por momentos difíceis ou dramáticos. Na hora exacta a mão de Deus chegava com autênticos milagres.
Daí que a sua existência é um hino à generosidade dos seus benfeitores que existiram e devem continuar a existir. Importa que a sociedade conheça a qualidade de vida que aqui se oferece e que os contributos da Segurança Social não cobrem a não ser duma maneira parcial. Se todos conhecessem a vida destas casas, muitos se constituiriam benfeitores dentro das suas possibilidades.
Por outro lado, se estas obras oferecem vida por causa dos benfeitores, passados e presentes, as pessoas que trabalham nestas Instituições são os maiores benfeitores. Pode custar dar alguma coisa; dar-se, por vezes, é heróico.
Os Irmãos de La Salle chegaram a Braga em 1933 e assumiram a coordenação pedagógica desta casa há 75 anos. Havia uma direcção. Eles foram e são o factor dum desenvolvimento integral de muitos jovens que por aqui passaram. O seu carisma pode resumir-se no serviço dos pobres pela educação. Quem conhece a história desta casa reconhece que foram e são fiéis ao Espírito do fundador, S. João Baptista de La Salle que, desde 1681, acreditou que só a educação liberta da pobreza.
Eu sei que os Irmãos que aqui se encontram e aqueles que por aqui passaram, repetem, com consciência cristã e eclesial, que “só fizeram o que deveriam ter feito” como servos do Evangelho e sabem que recolherão a recompensa do cem por um.
A Arquidiocese de Braga sabe que, nas pegadas de Paulo, “como Cristo amaram a Igreja e se entregaram por ela” (Ef. 5, 25), e “por causa de Cristo perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, e estar com Ele”.
Por causa disto apenas me resta, como Arcebispo, cantar um hino de louvor e acção de graças e esperar que muitos ampliem a minha gratidão tornando, com o seu amor e dedicação, o seu trabalho e a sua presença nesta Casa mais reconfortante. Há vidas gastas pelos mais necessitados que se desconhecem. A Igreja de Braga sabe quanto deve aos Irmãos de La Salle. Nunca lhes pagará. “Um” não deixa sem recompensa os pequenos gestos de amor. Braga saberá estar com o seu trabalho acompanhando-os com a estima e carinho que merecem. E a causa de servir os pobres pela educação será acompanhada pela oração e generosidade de muitos bracarenses que reconhecem o seu trabalho.
A todos a nossa gratidão. A cada um a certeza de que continuaremos a compreender a entrega gratuita da sua vida.

Braga, 24.01.2009
† D. Jorge Ortiga, A. P.