Arquidiocese de Braga -
3 maio 2009
Diáconos para uma Arquidiocese Centralizada na Palavra

D. Jorge Ortiga
Ordenação de Diáconos
Num mundo onde os construtores desprezam os verdadeiros alicerces duma sociedade justa, somos responsáveis por mostrar que só Cristo é a pedra angular sobre a qual se edifica para o futuro, dum modo perene e não efémero.
Conseguiremos concretizar esta proposta, se percorremos um caminho de sentido único: reencontrar verdadeiramente o primado e a centralidade da Palavra.
Pode ter muitos conteúdos. Há um elemento essencial que nem sempre descortinamos: ver como é admirável o amor que Deus no dedica.
Ele que é o Bom Pastor conhece-nos pelo nome e espontaneamente dá a vida por nós.
Importa que O queiramos conhecer e que mostrámos alegria em o dar a conhecer. A leitura leva à fé e teremos de acreditar verdadeiramente no que lemos. (Problema hodierno é a pouca fé dos que se dizem crentes).
Só depois há o direito de ensinar com o único conteúdo do que se acredita. O grande problema da Igreja é a história recente de se mostrar portadora de doutrinas e pouco testemunha duma fé incarnada.
Ler – crer – ensinar. Eis a trilogia que não dispensa nenhum destes elementos.
A palavra, que é Cristo, conduz á acção. Nunca fecha em intimismos mas abre à aventura de dar a vida como o Bom Pastor. O crente verdadeiro é, assim, alguém que realiza, dum modo permanente e estável, sinais de caridade e amor, fazendo-o “em nome de Cristo” e “por Ele”. A palavra de ordem é servir, não dois senhores, mas Deus e os homens num amor que se entrelaça e se condiciona mutuamente. Deus só pode estar no amor. Aqui está o caminho de hoje a dar esperança e alento.
Encerramos a 46.ª Semana das Vocações que nos levou com S. Paulo à experiencia do “Sei em quem pus a minha confiança” (2Tim. 1,12).
A ordenação de diáconos, como resposta ao apelo do amor, está a mostrar que é possível viver para o anúncio do Evangelho e o serviço do amor.
Como Arcebispo gostaria de gerar uma Igreja alimentada pela Palavra servindo o mundo com alegria, na corresponsabilidade com muitos cristãos sacerdotes e leigos, que, dum modo festivo, anunciam o Evangelho.
Se todos os cristãos devem viver ao serviço do Evangelho, o mundo hodierno necessita de Sacerdotes entregues a tempo inteiro a este ministério. Sem, exclusivismos, a Boa Nova, colocada no coração da humanidade, está nas mãos dos sacerdotes e Deus continua a chamar para que alguns ouçam o seu apelo.
Estas ordenações acontecem no Seminário por vontade dos quatro que receberão o primeiro grau do Sacramento da Ordem. Agradeci a ideia e espero que, em todas as comunidades, cresça o amor pelo Seminário como local de formação e discernimento vocacional.
Importa chamar em nome de Cristo e acompanhar, na oração e na vida, aqueles que aqui procuram fazer uma experiencia séria de encontro com Cristo para O conhecer mais profundamente para o anunciarem mais convictamente.
Se todos desempenham um papel imprescindível na promoção e acompanhamento vocacional, as mães deveriam segredar aos filhos a vocação sacerdotal como caminho de realização humana. Todos estamos marcados pelo amor materno. Se as mães colocarem no coração dos filhos a alegria de seguir Cristo, teremos seminaristas e padres alegres e felizes.
Dou graças a Deus por todas as mães da Arquidiocese. Abraço-as em gratidão ou sufrágio. Reservo para as mães dos sacerdotes um espaço particular nas minhas orações. Espero que muitas se orgulhem de ter um filho sacerdote e tudo façam para que isso aconteça.
S. Hipólito de Roma dizia que os diáconos “são ordenados para o ministério do Bispo”. Rezo para que muitos ouçam o apelo de Deus e comigo, indigno servidor, ousem arriscar as vidas, não por mim nem pelos meus méritos, mas por Cristo e pela Igreja. Sozinho nada sou; com muitos seremos esperança e certeza de que o amor admirável de Deus vencerá todas as crises.
Seminário Menor, 03-05-2009
† Jorge Ortiga, A.P.
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