Arquidiocese de Braga -

9 maio 2009

Partilha com os Finalistas

Default Image
Fotografia

D. Jorge Ortiga

Bênção - Estádio Axa - 09-05-09

\n

 

Caríssimos finalistas,

Neste dia de importância particular para vós e para as vossas famílias, quero, com muita amizade e dedicação, partilhar convosco três ideias. Faço-o partindo das leituras que acabamos de ouvir. Gostaria que, na vossa vida, tivésseis um pouco de tempo para “ouvir”, quanto à Palavra de Deus, escrita há dois mil anos ou mais, tem para vos dizer em termos de perene novidade. Experimentai. Ouvireis no vosso intimo mensagens capazes de descortinar horizontes em todos os tempos mas, particularmente, nos mais enevoados e sombrios. Ela pode ser uma raiz de luz a seguir.
1 - Em primeiro lugar, auguro-vos um futuro repleto de muito sucesso. Ouvistes dizer que a Glória de Deus é que deis muito fruto. Fruto, pode significar uma carreira repleta de sucessos, mas pode, também, ultrapassar o âmbito do material para vos colocar na responsabilidade de dar a este tempo moderno um sentido novo. A vossa juventude carrega muitas energias que podeis desperdiçar ou aproveitar e aproveitar egoisticamente ou com dimensão do que chamamos bem comum.
Creio que me compreendeis se vos pedir que olheis para além de vós mesmos e que vos convençais que a sociedade tem necessidade imperiosa das vossas capacidades. Há muitos parasitas que vivem à custa do que os outros constroem; há muitos que ficam à espera do que a sorte ou o Estado poderão oferecer. Vós tendes um contributo específico e insubstituível. Dai frutos e frutos em abundância para mudar o rumo da história. Nada acontece com a inércia; tudo pode acontecer com a generosidade.
Como Arcebispo de Braga, primeiro responsável por uma instituição que quer oferecer bem estar a todos, permiti que peça a vossa colaboração. Sabei que hoje a Igreja está connosco nesta festa que é de esperança e vontade dum futuro favorável para cada um de vós. Não tenhais medo da Igreja, acreditai na vontade que ela tem de ser útil á humanidade. Oferecei-lhe as vossas capacidades e dai-lhe a vossa generosidade. Nós só queremos servir. Dai o vosso contributo.
Para que o mundo ultrapasse esta crise, necessitamos de percorrer o caminho de mãos dadas. Pouco importam as ideologias. Fundamental é acreditar que a história está no confronto dialógico entre todos aqueles que acreditam que é possível um hoje e um amanhã melhor. Por vezes caminhamos em estradas paralelas e não pretendemos encontrar caminhos de bem-estar para todos.
2 - Sabeis que a Igreja Católica está a viver um Ano Paulino recordando um homem que soube situar-se no seu tempo e lutou para oferecer uma originalidade que ele tinha descoberto.
Há momentos, ouvistes ler que ele em Jerusalém, “conversava e discutia também com o Helenistas”. Ele era especialista na cultura judaica, não teve medo de confrontar-se com outra maneira de interpretar a vida.
Aqui está um paradigma para os tempos que correm. Vivemos num pluralismo cultural e religioso. É confrangedor verificar como os homens se gladiam em vez de se encontrarem na discussão e no diálogo sobre os problemas essenciais da existência. É mais fácil fechar-se nos conceitos e concepções do que crescer em comum e descortinar caminhos que sejam válidos para todos, nunca destruindo a liberdade pessoal de cada um.
Portugal e o Mundo necessitam dm momento caracterizado pelo diálogo e confronto sereno onde, fieis a princípios, individualizamos melhores soluções e somos capazes de mostrar que é possível conviver com as diferenças, acabando com toda e qualquer espécie de intransigência geradora de conflitos verbais quando não de atitudes violentos e terroristas.
Sede, nos vossos pensamentos devidamente estruturados, homens e mulheres que saibam conviver com o diferente e que nunca deixam, de colocar as ideias pessoais ao serviço do bem comum. A esperança dum futuro melhor está na unidade que aceita e promove o diverso. O diálogo deve tornar-se o caminho que todos sabem e querem percorrer.
3 - O terceiro pensamento que partilho convosco vem duma carta escrita por S. Paulo e lida há momentos “Não amemos com palavras e com a língua mas com as obras e verdade”.
Pedindo-vos que sejais homens e mulheres que mostrarão a qualidade de vida pelos frutos de humanidade que ireis produzir, solicitando-vos que sejais férvidos adeptos do diálogo, acrescento que as obras e a verdade são o fundamental para o vosso futuro.
Estamos num período de muita comunicação que acontece de variadas maneiras. Podemos dizer que as palavras proliferam e que os discursos se multiplicam com a possibilidade duma capacidade comunicativa que, muitas vezes, engana e defrauda as expectativas.
Importa acreditar nos discursos das obras que falam duma maneira mais eloquente. E mostrar deste modo que só a verdade tem futuro. Hoje há medo da verdade e procura-se ocultar muita coisa. A transparência das obras é que garante justiça, solidariedade e igualdade. Por isso, não caminheis na mentira e mostrai, com obras, os valores em que acreditais.
Quando, dentro de momentos, lançar sobre vós a Bênção de Deus, estou a pedir-lhe que sejais artífices duma sociedade que cresce com os frutos do trabalho, com o diálogo gerador da luz e com as obras de verdade.
Apontei um caminho. Pode parecer também hoje, um discurso. Gostaria que fosse convicção partilhada onde os valores contam e dizem que as crises se ultrapassam acolhendo-os e propondo-os aos outros.
Que Deus vos acompanhe. Ele estará connosco. Não vos imporá nada. Mas continuará a dizer-vos que só Ele é o caminho onde se encontra a verdade que torna a vida verdadeiramente humana. Não tenhais medo d`Ele e ajudai a Igreja a ser de todos, para todos com uma mensagem de hoje porque com grande história.

† Jorge Ortiga A. P.