Arquidiocese de Braga -

A clássica definição de fé, dada por Tomás de Aquino, compreende-a imediatamente como acto do intelecto. Mas já aí se encontra presente a afectividade, situada ao nível da vontade humana. Ao mesmo tempo, a fé converte a pessoa e transforma a sociedade: é, portanto, de ordem prática. Toda a tradição da reflexão teológica sobre a complexidade do acto de crer é um exemplo da relação entre, pelo menos, estas três dimensões: intelectual, afectiva e prática.

Entretanto, os pensamentos moderno e pós-moderno reforçaram a ideia de que não podemos separar estas dimensões, porque a própria inteligência que nos habita é afectiva e pragmática. Como tal, o acto de crer, enquanto acto fundamental do humano, é pluridimensional, constituindo o mundo dos afectos e o mundo da acção dois dos seus núcleos – ou melhor, duas dimensões do mesmo núcleo.

Para falar sobre a afectividade do crer teremos, connosco, um dos teólogos que mais tem escrito sobre o assunto, em diálogo com a psicologia e com as dinâmicas do sagrado dito «pós-moderno». Pierangelo Sequeri, docente na Faculdade de Teologia em Milão, é sem dúvida um dos mais autorizados e originais teólogos actuais, e um dos pontos centrais da sua originalidade teológica é, precisamente, o modo como aborda o mundo dos afectos na constituição da consciência crente.

Cézar Izquierdo, docente na Faculdade de Teologia de Navarra, tem dedicado grande parte da sua obra à reflexão sobre o acto de crer. A par disso, é especialista em Maurice Blondel e editor da versão espanhola da conhecida obra do filósofo francês, L’Action. É, portanto, um dos mais abalizados teólogos para ajudar a discernir a dimensão pragmática do crer, nos dinamismos da acção humana.