Arquidiocese de Braga -
15 setembro 2011
Reflexão de D. Jorge Ortiga no Dia Arquidiocesano do Catequista
Colaborador
«Caríssimos catequistas, será que vos poderei pedir que leveis a todas as paróquias este desejo dum Arcebispo, que apenas quer "presidir à caridade", que espera que os Conselhos Pastorais Paroquiais funcionem na sua expressão estritamente paroquial ou int
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CATEQUESE, RESPONSABILIDADE DA COMUNIDADE CRISTÃ
Dia Arquiodicesano do Catequista
O Dia Arquiodicesano é momento duma maior consciencialização da verdadeira identidade da catequese, naquilo que ela é e no que supõe como condicionante dos resultados. E o catequista é o intérprete duma reinterpretação desta vocação eclesial.
Este ano é proposta uma afirmação inequívoca que nunca pode ser esquecida: a catequese é responsabilidade da comunidade cristã.
Se é fácil sublinhar estes aspectos, há um pressuposto fundamental. Não havendo comunidades autênticas, é possível desenvolver uma catequese adequada? Pessoalmente, reconheço que sem comunidade nunca pode haver catequese.
O Santo Padre na Verbum Domini, que nos acompanhará este ano, afirma: “O encontro dos discípulos de Emaús com Jesus… representa, em certo sentido, o modelo de uma catequese em cujo centro está a “explicação das Escrituras”, que somente Cristo é capaz de dar (cf. Lc 24, 27.L8), mostrando o seu cumprimento na sua pessoa”.
Como é que Cristo é capaz de dar a verdadeira “explicação das Escrituras”? O Santo Padre responde: “A actividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras, na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo, hoje, onde duas ou três pessoas se reunem em seu nome (cf. Mt 18, 20) (Conf. V.D. n. 74). Só Cristo “ explica” Cristo, e a Igreja tem o dever de mostrar que Ele continua, nas comunidades, a estar vivo.
Será que isto acontece? Ousemos ser realistas e interroguemo-nos: Qual a nossa primeira e indispensável preocupação? Fazer coisas para falar de Cristo ou apostar na Sua presença, para que a Sua voz se torne perceptível, sugestiva e motivadora de vida nova?
Há uma conclusão urgente a fazer. Não basta pressupor que a comunidade existe e que aí está presente Cristo. É preciso construir e edificar verdadeiras comunidades para, depois, partir para outras iniciativas. Tanto trabalho e canseiras inúteis por negligência e esquecimento do essencial.
Não quero fugir à temática deste Dia Diocesano. A comunidade deve assumir as suas responsabilidades concretas perante a catequese. Importa, porém, ser construtor de comunidade através de um novo relacionamento entre os seus membros e as suas organizações. Somos todos diferentes e os grupos, movimentos e serviços são desiguais. O amor de quem entrega a vida para que as pessoas se conheçam e se amem, para que os serviços paroquiais se articulem em verdadeira experiência de comunhão, é a prioridade das prioridades e a opção pastoral muitas vezes esquecida. Sem amor genuíno, Cristo não está presente na comunidade e não poderá “explicar” a Palavra por mais que trabalhemos.
Este ano temos um itinerário proposta para a comunidade: ser Igreja que se alimenta da Palavra. Só que esta apenas frutifica verdadeiramente num ambiente de comunhão com todos e entre todos, nomeadamente numa comunhão entre os diversos movimentos ou serviços paroquiais.
Por isso, este ano pastoral deve ser o ano dos Conselhos Pastorais Paroquiais, de modo a que funcionem como instrumentos de comunhão no descobrir as coordenadas e opções pastorais. Há paróquias onde o seu serviço é já realidade consolidada; há outras que nunca ouviram, nem sequer falar da sua necessidade.
Caríssimos catequistas, será que vos poderei pedir que leveis a todas as paróquias este desejo dum Arcebispo, que apenas quer “presidir à caridade”, que espera que os Conselhos Pastorais Paroquiais funcionem na sua expressão estritamente paroquial ou intra-paroquial?
A qualidade da catequese também depende disto. Se eles existirem e funcionarem, como experiência concreta da comunhão, saberão renovar toda a pastoral numa fidelidade à doutrina eclesial e testemunhar a verdadeira unidade na paróquia, sempre em plena sintonia com a Arquiodiocese.
Não são um mero exercício de “democracia pastoral”, mas aposta na presença de Cristo no meio de “dois ou mais”, que se amam com seu amor, edificando, assim, a verdadeira Igreja como Sacramento do Seu amor salvífico.
Rezo para que a Catequese tenha uma dimensão Bíblica, alimentando-se – em primeiro lugar os catequistas – da Palavra, de modo a exprimir essa comunhão paroquial a trabalhar seriamente. Depois existirá comunidade e esta assumirá a responsabilidade necessária pela catequese.
Esta minha reflexão pode parecer um jogo de palavras. Acreditai: trata-se de uma aposta que qualificará a catequese e todas as outras actividades pastorais. Caso contrário, continuaremos a ser comunidades que não produzem frutos, mas que se contentam com os agraços.
Sameiro, 10 de Setembro de 2011
† Jorge Ortiga, A.P.
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