Arquidiocese de Braga -
24 março 2014
SANTUÁRIO DE S. BENTO TERÁ ESCOLA PARA AS FAMÍLIAS
A Irmandade de São Bento da Porta Aberta vai criar uma escola educativa para as Famílias, fundada em ensinamentos do monge beneditino italiano D. Massimo Lapponi. A informação foi avançada por Carlos Aguiar Gomes, membro da Mesa da Irmandade, à margem do
A Irmandade de São Bento da Porta Aberta vai criar uma escola educativa para as Famílias, fundada em ensinamentos do monge beneditino italiano D. Massimo Lapponi.
A informação foi avançada por Carlos Aguiar Gomes, membro da Mesa da Irmandade, à margem do congresso sobre S. Bento que decorreu nos últimos dois dias naquele santuário no concelho de Terras de Bouro.
«Vou-me comprometer e sei que a Mesa também se vai comprometer. Este é um projeto que já andava a bailar na minha cabeça e esta proposta vai ter concretização», disse o mesário, depois de uma participante ter proposto a criação de uma nova escola europeia que defenda os valores da matriz cristã.
«É preciso construir um novo modelo educativo. Este modelo não pode caminhar mais», afirmou Fernanda Rocha no primeiro debate da manhã, sugerindo a criação de um grupo de trabalho para levar a ideia ao presidente da Comissão Europeia.
Aos jornalistas, Carlos Aguiar Gomes admitiu a criação de uma comissão de trabalho para preparar o projeto da escola, mas indicou que a proposta não deverá ser remetida à União Europeia, será divulgada apenas em Portugal.
A escola para as Família terá uma estrutura física, provavelmente no santuário, não havendo por enquanto uma previsão sobre quando será implementada e começará a funcionar.
«Será uma escola não académica como D. Massimo Lapponi propõe, mas um centro de formação com agilidade de adaptação dos diferentes saberes à nossa realidade», adiantou Aguiar Gomes.
Este foi o primeiro congresso sobre S. Bento realizado no segundo santuário mais visitado em Portugal. Em jeito de balanço, o mesário referiu que o evento «superou de muito longe» as expetativas da Irmandade, não só pelo teor das comunicações que, disse, foram de «grande qualidade», mas também pelo «elevado» número de participantes e o grau de adesão das pessoas a este evento que constituiu uma oportunidade de reflexão sobre a Europa de ontem, de hoje e do futuro, numa relação de humanidade e humanismo com S. Bento.
Aguiar Gomes considera que esta reflexão sobre a Europa já deveria ter sido feita há muito tempo, para «pegando nas raízes analizar o presente e ver como se pode corrigir, endireitar, caminhar em direção ao futuro».
No segundo e último dia do congresso intervieram, no primeiro painel, o Cónego José Marques, que falou sobre os beneditinos no noroeste peninsular, D. Massimo Laponi, com o tema “S. Bento e a Família”, Frei Dom Luís Aranha (“S. Bento e a edificação da Europa). No segundo painel, a professora Ana Maria Tavares Martins falou sobre a Regra de S. Bento e a especificidade morfológica dos Mosteiros Cistercinses portugueses, enquanto o padre Duarte Morgado abordou o tema “Estética, teologia e espiritualidade na arquitetura de Cister” e Paulo Oliveira a “Arte e simbólica nos Mosteiros de S. Bento”.
D. Laponi desafia à aplicação da Regra de S. Bento
D. Massimo Lapponi, monge beneditino italiano, que veio ao santuário de São Bento da Porta Aberta proferir uma conferência, sobre “S. Bento e a Família”, defende que «é absolutamente necessário» criar uma escola destinada a pais e a noivos, «capaz de oferecer todas as condições conducentes à aquisição de uma formação adequada».
«É preciso ter a coragem e o entusiasmo para criar uma escola que não existe: uma escola para os pais. E não deve ser uma escoal de índole académica, que dispense graus e diplomas de mérito, deve ser uma escola com finalidades exclusivamente práticas», explica.
Este professor de Ética e de Filosofiada Religião, monge na Abadia de Santa Maria de Farfa (Itália), considera que a crise da família «não resulta hoje apenas das pressões que sobre ela exerce a sociedade ou de eventuais lacunas legislativas», mas também de «hábitos de vida quotidina, que paulatinamente, e ao longo de décadas se foram introduzindo nos lares, acabando por condicionar negativamente os hábitos e comportamentos».
«A crise atual na vida familiar advém principalmente do facto de os hábitos quatidianos da família terem, desde há muito, amplamente dispensado a potência renovadora do Espírito Santo», sublinhou.
Por isso, desafia a uma «pequena revolução» aplicamdo a Regra de São Bento às famílias, referindo que ela ensina a «nobreza dos trabalhos domésticos, que conferem mérito e elevam em caridade».
No seu livro “S. Bento e a vida familiar”, apresentado neste congresso em edição portuguesa, o monge, que desde 2011 se ocupa, alguns meses por ano, de uma fundação beneditina no Sri Lanka, apresenta um conjunto de propostas para a tal vida familiar inspirada na Regra de São Bento (reza e trabalha), um projeto que, desde há vários anos, tem tentado difundir.
Defendendo que a Igreja e a sociedade de hoje «precisam urgentemente de alguém que se dedique a difundir e fomentar o projeto de recuperação e renovação das comunidades familiares», Lapponi presenta 12 mandamentos direcionados a pais, filhos, avós, namorados e religiosos regulares que podem ajudam a esse objetivo.
DM, 23 de Março de 2014
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