Arquidiocese de Braga -
8 abril 2014
FÉ E ARTE EM DESTAQUE EM BRAGA
A cidade de Braga foi ontem palco de mais uma edição do “Fé e Arte”, um evento organizado pelo Centro Académico de Braga (CAB), que pretende marcar o debate estético-teológico em Portugal e que «mais do que encerrar, lança pistas e temas de reflexão que
A cidade de Braga foi no passado sábado palco de mais uma edição do “Fé e Arte”, um evento organizado pelo Centro Académico de Braga (CAB), que pretende marcar o debate estético-teológico em Portugal e que «mais do que encerrar, lança pistas e temas de reflexão que devem ser digeridos até à próxima edição, em 2016», disse o padre António Valério, SJ, ao Diário do Minho.
Falando à margem da iniciativa, o responsável pela organização apontou que esta terceira edição do “Fé e Arte” contou «com mais de 200 inscritos», um volume de interesse que «corresponde inteiramente às espetativas» dos organizadores.
Este debate, que, desta feita, se centrou no “Elogio dos Sentidos: do Corpo e do Espírito”, é para continuar «com uma periodicidade de dois em dois anos», apontou o padre António Valério, justificando a não anualidade do “Fé e Arte” não apenas com as exigências «logísticas» que lhe estão adstritas como pela «necessidade de haver tempo para uma reflexão e digestão dos temas que aqui são sempre suscitados».
A este respeito, o organizador aponta que os estudantes que frequentam o CAB, outros grupos cristãos e também outros sem qualquer vínculo religioso, se têm aproveitado e servido do resultado das interpelações suscitadas no “Fé e Arte” para continuarem um trabalho «muito próprio».
Para o CAB, enquanto entidade organizadora, «é indiferente» que os intervenientes e participantes sejam ou não crentes. «Este é e sempre foi um espaço aberto a todos», sublinhou o sacerdote jesuíta.
Depois de uma manhã muito participada que contou com a conferência “Os sentidos e o sentido”, proferida pela teóloga italiana Stella Morra, especialista em sociologia da religião, doutorada em teologia e docente universitária. Secundada pelo teólogo e poeta José Tolentino Mendonça e o cantautor Manuel Fúria que abordaram o tema “Sentidos em diálogo”, o Fé e Arte 2014 encerrou com a comunicação intitulada “Fazer o sentido”, pelo escultor norueguês AsbjØrn Andresen, que interveio na Capela Árvore da Vida, obra premiada pela arquitetura e que se encontra no Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo.
Entre estes momentos, uma mesa redonda subordinada à temática “Sentidos em círculo” e moderada pela jornalita Paula Moura Pinheiro, reuniu o ator Ruy de Carvalho, o poeta Nuno Júdice, a pintora Luísa Jacinto e o estudante de escultura e jesuíta João Sarmento.
Ao usar por diversas vezes as expressões carinhosas de “meu filho” e “minha filha” quando se dirigia ou interpelava os seus colegas artistas de debate, o ator Ruy de Carvalho como que assumiu uma posição de “pai”, que foi bem acolhida por todos.
O bem conhecido ator português arrancou por diversas vezes o aplauso do público que esteve presente no auditório da Faculdade de Filosofia. «Criação artística, seja ela uma pintura, um poema, uma escultura ou um bordado, é sempre um ato de fé», declarou Ruy de Carvalho. «Quando avançamos neste mundo dizemos sempre cá para nós: “Seja o que Deus quiser!” e o facto é que Ele quer», afirmou o ator, apontando que, no que lhe diz respeito faz «o melhor» que sabe e pode «há 71 anos». Recordando a sua estreia em palco, Ruy de Carvalho indicou que a mesma ocorreu aos oito anos, no papel de um ardina numa peça de «um conto da carochinha».
Olhando para trás, o ator aponta que «se tivesse sido padre, talvez tivesse sido um bom padre» mas que essa opção de vida não se lhe colocou «porque não se podia casar».
DM, 6 de Abril 2014
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