Arquidiocese de Braga -
22 abril 2014
RESSURREIÇÃO PERMITE AOS CRISTÃOS NÃO TEREM MEDO DE ANUNCIAR A DEUS
O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, lançou ontem um apelo para que os cristãos não corram o «perigo» de ficarem «pela Cruz», ou seja – explicou –, de separarem «a Cruz de Cristo da Sua Ressurreição». Falando na Vigília Pascal, na Sé Catedral, o prelado
O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, lançou no passado Sábado um apelo para que os cristãos não corram o «perigo» de ficarem «pela Cruz», ou seja – explicou –, de separarem «a Cruz de Cristo da Sua Ressurreição». Falando na Vigília Pascal, na Sé Catedral, o prelado afiançou que é na fé da ressurreição que os cristãos encontram a alegria, a coragem e força para anunciarem ao mundo a Boa Nova que Jesus é o Filho de Deus feito Homem, que morreu por todos na Cruz e que Ressuscitou como todos haveremos um dia de ressuscitar dos mortos.
«Se ficarmos pela Cruz, a mensagem cristã parece simplesmente mais uma história banal, onde a Cruz é a consequência natural daqueles que ousam perturbar o sistema político-religioso. E se olharmos apenas a Ressurreição, a mensagem cristã parece mais uma epopeia clássica (mitologia da vitória), com a divinização de um homem desligado do seu realismo», esclareceu o celebrante.
Mas, continuou, «a fé leva-nos mais longe», já que a Ressurreição «obriga-nos a compreender e habitar a realidade de um outro modo». «Não acreditar na Ressurreição é viver como se a Cruz fosse uma grande desilusão», disse D. Jorge Ortiga.
Voltando a incidir a atenção no legado deixado por João Paulo II, o Arcebispo Primaz lembrou a relação entre «a fé (como dom divino) e a razão (como pensamento humano)», como sendo «as duas asas através das quais o Homem descobre a verdade sobre Deus, sobre si próprio e sobre o mundo». E insistiu na «compatibilidade entre o pensamento racional e a fé cristã», anunciando «Jesus como o protótipo do Homem-Novo que os cristãos são chamados a descobrir».
Por tudo isto, asseverou, «o cristão não tem medo de pensar e de se confrontar com o diverso». «Caminhando entre os homens, sabemos, ou devemos saber, dar razão das nossas certezas, proclamando-as na ousadia de quem respeita mas não se conforma com modelos de vida enganosos», acrescentou.
Desafiou ainda: «Se parece que crescem os não crentes, deve crescer, também, o testemunho e a palavra do crente que, ouvindo todos os argumentos dos outros, sabe crescer no diálogo que esclarece, que nunca marginaliza ninguém, que ouve desapaixonadamente para proclamar com paixão o que vive na caridade e celebra em comunidade».
Apontando, de seguida que «hoje as comunidades devem partir ao encontro dos que saíram, ouvir as razões, entrar em sintonia e mostrar que o amor a uma pessoa – Cristo – não é destruído nem sequer pela morte».
«A fé deve, nestes tempos difíceis, na verdade, tornar-se alegria, festa», disse D. Jorge Ortiga, não sem antes avisar que «o maior atentado» à vida cristã «é o “pecado da instalação”», que a Ressurreição exige que não ocorra.
O Batismo é Sinal Integrante da Vigília Pascal
A celebração da Vigília Pascal é o momento privilegiado para que se realizem os sacramentos da Iniciação Cristã. No passado Sábado, foram batizados dois novos cristãos, um com oito anos de idade e outro de tenra idade, sendo que o mais velho recebeu também o sacramento da Eucaristia, vulgo Primeira Comunhão.
Destaque para os muitos símbolos presentes naquela que é a celebração mais rica do catolicismo. O Círio Pascal, que recebe o lume novo e que simboliza a chama da fé. A bênção da água, na Pia Batismal, com a qual nos revestimos com a dignidade de membros do Corpo Místico de Cristo.
Na particularidade do Rito Bracarense, muito mais rico em símbolos do que o habitual Rito Romano, destaca-se também na celebração da Vigília Pascal a presença de um “dragão” que com três velas na boca e que integra o “ascendi”, um ritual de apagar e voltar a acender o Círio Pascal, simbolizando o facto de corrermos o risco de perdermos a fé e de a voltarmos a ter.
"O Amor às pessoas é força que favorece o encontro com Deus"
O bispo auxiliar de Braga, D. António Moiteiro, enumerou no Sábado, na alocução do Ofício de Laudes, na Sé Catedral, três motivações para que os cristãos sejam anunciadores do amor de Deus. A primeira condição «é o amor que recebemos de Jesus, a experiência de sermos salvos por Ele e que nos impele a amá-Lo cada vez mais». A segunda, prosseguiu, «é o amor à comunidade, à nossa paroquia, à nossa família». «O amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o encontro em plenitude com Deus», acrescentou.
A ressurreição de Jesus é a terceira motivação. «Onde parecia que tudo morreu, volta a aparecer por todos os lados os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. É verdade que muitas vezes parece que Deus não existe. É a noite da Fé. Vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não servem. Mas também é certo que no meio da obscuridade sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produzirá fruto», disse o bispo auxiliar.
Na cerimónia que contou a presença de membros do Cabido Metropolitano e Primacial, D. António Moiteiro lembrou o exemplo de Maria, que «esteve junto à Cruz, a Mãe que acompanhou o Filho à sepultura e a Mãe que, hoje, também nos ensina a viver esse amor misericordioso de Deus».
Ao olhar para Maria, continuou o prelado, «voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto». «Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas sim dos fortes, que não precisam maltratar os outros para se sentirem importantes», frisou.
A finalizar, D. António Moiteiro pediu a Maria para interceder pelos cristãos, pelas paróquias e pela Arquidiocese. «Ajuda-nos Senhora a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e que nenhuma periferia fique privada da Sua luz».
Depois do Ofício de Laudes, os capitulares presentes dirigiram-se para as naves laterais da Sé, a fim de procederem à confissão dos penitentes que quiseram receber o Sacramento da Reconciliação.
DM, 20 de Abril de 2014
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