Arquidiocese de Braga -

24 abril 2014

PALAVRA DE ARCEBISPO

Fotografia

As celebrações da semana santa são oportunidade única para fazer uma síntese do percurso pastoral da arquidiocese e semear desafios para os cristãos que vivenciam a paixão de Jesus. Aqui ficam os destaques das palavras de D. Jorge Ortiga.

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Eu Não quero pagar!

“Ao celebrar-se hoje o Dia Mundial da Juventude, em pleno Domingo de Ramos, não poderia deixar de iniciar esta homilia por recuperar a letra de uma recente música comercial que expressa na perfeição o sentimento juvenil perante a actual situação socio-económica do nosso país, que diz: “Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz, não me fazem ver que a luta é pelo meu país. Eu não quero pagar depois de tudo o que dei, não me fazem ver que fui eu que errei!” (Domingo de Ramos, 13 de abril)

Uma arma secreta

“Se é verdade que não tendes diante de vós o melhor bispo do mundo, eu porém digo, com orgulho, que tenho diante de mim os melhores padres do mundo. E na minha qualidade de pastor, gostaria de apontar a oração, enquanto um dos seis eixos do nosso programa pastoral (não o esqueçamos), como a arma secreta do sacerdote.” (Quinta-feira Santa, Missa Crismal), 17 de abril)

Made in ecclesia

“Quis, nesse sentido, que a cerimónia do Lava-Pés tivesse um significado especial. Mais do que um rito memorial e fidedigno, pretendi que fosse uma interpelação à sociedade. Foi com esse intuito que lavei os pés a pessoas de situação económica estável e com papel activo na comunidade. Pessoas que vivenciam o desemprego de longa duração. Pessoas que ficaram dependentes do consumo de drogas. Pessoas que ficaram sem casa. Pessoas licenciadas que procuram o primeiro emprego. Pessoas que ficaram com os seus negócios arruinados. Pessoas que vivem em famílias monoparentais. Pessoas que foram vítimas de violência doméstica. Pessoas portadoras de doenças graves e incuráveis. E pessoas isoladas, sem qualquer suporte familiar.” (Quinta-feira Santa, Lava-Pés), 17 de abril)

Porquê?

“Cristo é muito mais que um herói de Hollywood. O mistério da sua Paixão não pode ser captado com a objectiva de uma máquina de filmar , porque a sua Paixão continua evidente nos dias de hoje, uma vez que a Cruz não significa a ausência de Deus, mas que Deus coloca-se ao nosso lado, num acto de plena solidariedade humana. Por isso, uma das mais belas formas de expressarmos a nossa fé, é o beijo paradoxal que damos à Cruz de Cristo nesta celebração. Um beijo no qual revemos as nossas próprias feridas e onde reconhecemos que a fé não expressa o medo da morte mas antes o desejo da vida.” (Sexta-Feira Santa, 18 de abril)

Não ter medo de subir

“Partindo desta imagem, há um perigo que corremos muitas vezes no caminho teológico, semelhante a este percurso: o de ficarmos apenas pela Cruz, ou seja, o de separar a Cruz de Cristo da Sua Ressurreição. É que se ficarmos pela Cruz, a mensagem cristã parece simplesmente mais uma história banal, onde a Cruz é a consequência natural daqueles que ousam perturbar o sistema político-religioso. E se olharmos apenas a Ressurreição, a mensagem cristã parece mais uma epopeia clássica (mitologia da vitória), com a divinização de um homem desligado do seu realismo.” (Sábado Santo, Vigília Pascal), 19 de Abril)

Um Curso de Engenharia Apostólica

“Há um apontamento litúrgico que sugere que não usemos flores nos altares durante o tempo da Quaresma. Ao celebrarmos hoje o dia “maior” do ano, dia da Ressurreição, “dia que o Senhor fez”, a liturgia volta a recomendar o uso de flores. Por isso, ao olharmos o jardim da criação, há uma flor típica que os primeiros cristãos usavam para descrever a nostalgia deste dia: o girassol. Pois “tal como o girassol gravita sempre em torno do Sol, também a nossa vida gravite em torno de Cristo Ressuscitado.” (Domingo de Páscoa, 20 de Abril)