Arquidiocese de Braga -
12 junho 2014
2ª EDIÇÃO DE CINEMA AO AR LIVRE CINEVITA

Fotografia
O AUDITÓRIO VITA promove a 2ª edição de cinema ao ar livre CineVita com o tema VISÕES GENERATIVAS DO HUMANO. Uma proposta de quatro metáforas ou visões em torno dos afectos familiares e comunitários e da sua ambivalência no mundo contemporâneo. É na diver
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O AUDITÓRIO VITA promove a 2ª edição de cinema ao ar livre CineVita com o tema VISÕES GENERATIVAS DO HUMANO. Uma proposta de quatro metáforas ou visões em torno dos afectos familiares e comunitários e da sua ambivalência no mundo contemporâneo. É na diversidade de visões e estilos que se colocam algumas interrogações.
Que visões transmitir às novas gerações? Que herança pais e filhos, indivíduo e comunidade, são chamados a condividir? Em tempo de uma certa ausência da paternidade e confusão de papéis educativos, como falar de modo novo da relação entre gerações? O que temos para transmitir uns aos outros? Que aliança estabelecer entre as fontes de geração de vida humana, religiosa, social e cultural? Ou ainda na pergunta incisiva de um reconhecido psicanalista: "que coisa resta do pai?"
A educação humana é uma responsabilidade partilhada de diversas figuras e actores de uma sociedade. Educar para o humano que nos é comum é hoje uma emergência antropológica. A ditadura do capital financeiro e do sucesso nevrótico exerce no âmbito familiar uma pressão sufocante, relegando para segundo plano as fontes de humanização da nossa existência. Os espaços e tempos de abertura à relação humana degradam-se no imediato da consumação do entretenimento fácil.
Torna-se, portanto, urgente uma aliança ética entre os diversos actores públicos (família, escola, comunidades eclesiais e associativas, cultura, arte…) de modo a não quebrar o elo generacional entre pais e filhos, entre indivíduos e comunidade alargada, educadores e educandos. Trata-se de olhar para estas figuras na sua ambivalência e complexidade apresentando-as como lugares fundacionais do mundo da vida, de significado e de horizonte existencial.
Uma aliança entre gerações capaz de gerar compromissos responsáveis na construção ecológica do mundo e da vida humana. Um caminho possível só com a restituição de uma aliança geracional que reúna o puzzle dos afectos humanos, um tanto fragmentarizado. A geração da vida na sua diversidade de formas (biológica, familiar, social, religiosa, humana, educativa…) é uma excedência de amor-agápico capaz de gerar liberdades comprometidas com outras liberdades.
Passar da auto-afeição à pro-afeição em favor do próximo, de arriscar na aventura da diferença, é activar a construção de uma cidadania aberta e dialogante. É na educação para esta passagem, de transmissão do que somos às gerações mais novas, sem idealismos ou virtuosismos, que se revela o início de um percurso de iniciação maturada à vida, fora dos esquemas de interesse meramente funcionais, por mais pios que sejam!
Através do olhar do cinema, queremos dar um contributo à reflexão em torno dos lugares nucleares de geração da identidade e da criatividade humana. É também nosso desejo que este ciclo de cinema ajude a reflectir a importância de restituir a estas figuras do humano o seu autêntico protagonismo.
Na sua forma e estilo, este ciclo é também um convite a sair da nossa zona de conforto, dos modelos estandardizados de apreciação estética, para um estilo ecológico de ver cinema, aberto a todos e amplamente arejado! No fundo, um lugar de aprendizagem comum, de um ethos humano condivisível.
P. João Paulo Costa
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