Arquidiocese de Braga -

28 julho 2014

IN MEMORIAM: PADRE AURÉLIO LOPES FERREIRA

Fotografia

Perfazia oitenta e um anos no próximo dia 7 de agosto. Deus, porém, chamou-o, aliviando-o do sofrimento que, há anos, o retinha no leito. Podemos dizer que o Padre Aurélio subiu ao alto ao obedecer à ordem de nomeação para pároco de Padroso e de Extremo,

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Perfazia oitenta e um anos no próximo dia 7 de agosto. Deus, porém, chamou-o, aliviando-o do sofrimento que, há anos, o retinha no leito.

Podemos dizer que o Padre Aurélio subiu ao alto ao obedecer à ordem de nomeação para pároco de Padroso e de Extremo, no concelho de Arcos de Vale de Vez, então pertencentes, uma e outra, à Arquidiocese de Braga. Foi a sua primeira nomeação oficial. Outras nomeações virão, todas seguidas de resposta pronta e imediata. 

Ordenado de sacerdote em 15 de agosto de 1958, juntamente com um bom número de colegas, teve o Padre Aurélio a sua primeira nomeação, como foi referido, para as paróquias de Nossa Senhora das Neves de Padroso e de Nossa Senhora da Piedade de Extremo, no concelho de Arcos do Vale de Vez. Mais tarde teve também a responsabilidade paroquial de Santo Estêvão de Aboim das Choças, no mesmo concelho. Cheio de alegria juvenil e de vontade de bem servir, partiu para o seu campo de trabalho.

Padroso era uma aldeia de encosta e tinha uma população de sete centenas de habitantes, sediados em cento e setenta fogos. Gente da serra e gente de coração aberto. De origem antiga, possuía monumentos de pedra (uma anta) e lugares fortificados, sinais de uma ocupação primitiva e da necessidade de uma segura defesa. Virada ao nascente, recebia a luz e o calor do sol que, com a abundância e a fecundidade das águas, fertilizavam as suas pequenas áreas cultivadas. Situada a igual distância entre os Arcos e Valença, Padroso foi o primeiro amor do Padre Aurélio.

A paróquia do Extremo, lá no extremo norte e no cume da serra, era menor, embora de situação mais favorável. Tinha três centenas de habitantes, em noventa fogos. Situada no extremo da serra, dividia os horizontes dos Arcos dos de Valença. Era mais lugar de passagem, mas exercia um convite sério à radicalidade das pessoas. 

Aboim das Choças, de orago de Santo Estêvão, que mais tarde tocou ao Padre Aurélio, era terra de passagem, de batalhas e de diplomas régios, que enobreceram as suas gentes, em número de seis centenas de habitantes, em cento e trinta fogos.

Foi, porém, em Padroso, que radicaram os primeiros amores do Padre Aurélio. Sempre que, mais tarde, tinha oportunidade de passar pelos Arcos, acompanhado de seus colegas, fazia alusão às terras de Padroso, que visitava com carinho e saudade. Gostava de rever a sua antiga paróquia, com a sua pequena Igreja e o seu reduzido cemitério. E ali se extasiava em suas antigas recordações. É verdade que os primeiros amores nos prendem e nos acompanham pela vida fora…

E quando, mais tarde, lhe acontecia passar pela vila dos Arcos, nunca se esquecia de ir pagar a assinatura do Jornal da terra, que continuou a receber e a ler com interesse e carinho.

Todavia, chegou o tempo de deixar a serra e de se aproximar da sua terra. Em agosto de 1972 o Padre Aurélio foi nomeado pároco de Silveiros e de Monte Fralães, no concelho de Barcelos, mesmo ali à porta de casa.

Silveiros, orago de S. João Batista, que anexou a antiga de S. Salvador de Silveiros, era uma freguesia de planície e bem habitada, onde a vida decorria e decorre com normalidade e com segurança, numa zona em que os transportes abundam e as distâncias são pequenas. Aqui viveu o Padre Aurélio a maior parte da sua vida de pároco.

Monte Fralães é uma paróquia de encosta do monte da Assaia, lugar de citânia antiga e famosa. Com uma igreja pequena, antiga capela da casa nobre dos Correias de Monte Fralães, e hoje sede do santuário de Nossa Senhora da Saúde, é paróquia de pouca população residente e de reduzido número de fogos.

Entre janeiro de 2002 e julho de 2003 o Padre Aurélio acumulou o cargo de administrador paroquial da freguesia de S. Martinho das Carvalhas, ali ao poente de Silveiros.

Durante o tempo em que residiu em Silveiros exerceu também a nobre função de professor de Religião e Moral na Escola Preparatória de Viatodos.

Foram cinquenta anos de vida pastoral, decorridos na humildade do pastoreio e na dedicação ao dever, sempre exercidos na amizade e na ajuda aos seus colegas, de quem era verdadeiramente amigo e irmão.

A seu pedido e por razões de idade e de saúde, em 18 de julho de 2008 foi dispensado da paroquialidade de S. João Batista de Silveiros e de S. Pedro de Monte Fralães.

A sua doença, que herdara já de sua idosa mãe, em breve o atirou para o leito do sofrimento, onde esperava resignadamente a visita dos seus colegas e dos seus amigos.

O Padre Aurélio havia nascido na freguesia de Viatodos em 7 de agosto de 1933 e ali foi batizado com o nome completo de Aurélio Lopes Ferreira. Estudou nos Seminários de Braga e foi ordenado sacerdote, como acima se disse, em 15 de agosto de 1958.

Faleceu serenamente em 25 de novembro de 2013, em Viatodos, na casa de um seu familiar. O seu funeral realizou-se no dia seguinte, com número significativo de sacerdotes e de muito povo, aquele mesmo povo que dedicadamente pastoreou durante dezenas de anos. Aqui o recordamos com afeto e com saudade.

Paz à sua bela alma.

Padre José Adílio Macedo

In DM 26 de Julho de 2014