Arquidiocese de Braga -

13 junho 2015

Bom Jesus elevado a basílica exige mais dos bracarenses

Fotografia DM / Álvaro Magalhães | Fotografia: Álvaro Magalhães

No próximo dia 5 de julho, será feita a proclamação solene da elevação do Santuário do Bom Jesus do Monte à dignidade de “basílica menor”, no decorrer da Missa solene que terá lugar a partir das 11h00.

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O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga,  disse ontem que todo o processo de candidatura do Santuário do Bom Jesus do Monte a património mundial da UNESCO entrou numa fase «decisiva» e desafiou Braga – nos seus habitantes e nas suas instituições – a não se demitirem da responsabilidade que têm para que o processo avance. «O trabalho desenvolvido para que seja declarado património da humanidade, não é uma mera questão burocrática», frisou o prelado em conferência de imprensa. Na sua opinião é «uma forma de ninguém poder eximir-se a identificar-se com esta causa, desde as entidades estatais, camarárias e todos os bracarenses».

No encontro com os jornalistas,  D. Jorge Ortiga, anunciou que, após solicitação da Arquidiocese de Braga, confirmada pela Conferência Episcopal Portuguesa, e «indo ao encontro do desejo de muitos bracarenses, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, no dia 19 de abril 2015 emitiu um decreto onde o santuário do Bom Jesus do Monte passa a ser basílica menor».

Este decreto “entrará em vigor” a partir do dia 5 de julho, na Missa das 11h00, momento em que será feita a proclamação solene da basílica.

«Com este decreto, a Santa Sé está a dar o seu contributo à candidatura do Bom Jesus a património da humanidade», declarou.

«Este decreto diz que, o facto de ser elevado a basílica, este santuário tem maior ligação com o Santo Padre e exemplaridade como centro de ação litúrgica e pastoral da Arquidiocese de Braga», indicou o arcebispo, apontando que «a agora basílica deverá continuar a ser um livro aberto capaz de ser entendido pelos bracarenses e pelos muitos turistas» que ali acorrem.

Segundo o responsável pastoral diocesano,  a elevação do santuário a basília «impõe» também «uma mudança de mentalidade», já que aquele local, «proclama a imagem de um Deus belo e bondoso».

Herança de fé

«O culto neste local não é acidental nem meramente conservador de tradições», garantiu D. Jorge Ortiga. «O culto neste local tem de explicar o que deu origem a este enquadramento que não é meramente natural.  O que deu origem a este ambiente foi a fé dos antepassados.  Esta fé tem de estimular a fé dos de hoje», explicou o prelado.

Sendo um lugar de convívio e lazer, o arcebispo alerta: «importa que Braga nunca esqueça a particularidade deste lugar». É que, «há aqui uma linguagem particular e daí que o ambiente natural e moral tenha de ser respeitado por todos», avisou.

De facto, D. Jorge Ortiga sustenta que a distinção papal ao santuário  «deve suscitar um amor de Braga ao Bom Jesus ainda muito maior do que já é». E recordou: «Há dias ouvi uma romena que tinha estudado em Braga ao abrigo do programa “Erasmus” e disse que não havia semana que não passasse pelo Bom Jesus. Também me parece que os portugueses e os bracarenses o deveriam procurar».

O arcebispo considera que ninguém ignora o que tem sido realizado mas alerta que «há ainda muito mais para fazer». Ao mesmo tempo lança um lamento: «Quão poucos entenderam ainda esta responsabilidade de se comprometerem nesta causa do Bom Jesus para que seja declarado património da humanidade». Por isso, o atual momento «deverá responsabilizar ainda mais os bracarenses e os amantes do Bom Jesus». E salientou: «A honra implica um ónus pesado e daí o meu pedido para que todos colaborem».

D.  Jorge Ortiga quer que as pessoas gostem de passar e de estar no Bom Jesus e que o mesmo não se transforme em «quase uma sucursal de turistas do Porto que passam a correr» pela estância.

Gastos 18 milhões de euros em 15 anos de obras

Nos últimos 15 anos, em obras realizadas nos hotéis, em acessibilidades e parques, a Confraria e os Hotéis do Bom Jesus gastaram 18 milhões de euros, revelou Mário Paulo Pereira, presidente da Sociedade de Hotéis do Bom Jesus.

Falando na conferência de imprensa do anúncio da elevação do santuário à categoria de basílica, aquele responsável  avançou ainda que as obras em curso – financiadas com verbas comunitárias – encerram no dia 26, tendo incidido sobre o escadório na sua parte mais alta – “O escadório dos 5 sentidos e das 3 virtudes” –, sobre o exterior do templo e sobre 10 capelas.

«A confraria tem feito um esforço financeiro medonho, acompanhada pelos hotéis », declarou, apontando que as obras «são para continuar já que a recuperação da estância «é de suma importância quer para o turismo local e nacional quer para a candidatura a património mundial».

Mário Paulo Pereira avançou a intenção de continuar com as obras sobre a parte do escadório que não é tão visível e suas capelas e no interior da basílica.  «Está também nos objetivos uma intervenção sobre a mata, uma riqueza natural única na região», frisou.

Conferência internacional impulsiona candidatura

A Confraria do Bom Jesus do Monte, em Braga, promove, nos próximos dias 26 e 27 do corrente mês, uma conferência internacional  “Bom Jesus: Vozes e contributos à Candidatura a Património Mundial”. As inscrições são gratuitas mas obrigatórias. Podem ser efetuadas na internet (http://conferenciabomjesus.wix.com)  até ao dia 24 de junho.

Um conjunto de especialistas nacionais e internacionais que escreveram sobre as várias temáticas do Bom Jesus: história, arte, religião, turismo e natureza, vão intervir e, com isso, «dar um grande contributo e força à candidatura a património mundial», afirmou ontem Varico Pereira, da mesa da Confraria do Bom Jesus do Monte.

Tais contributos serão reunidos num livro e, posteriormente, serão entregues na UNESCO para reforçar o formulário já entregue pela confraria em novembro de 2013.

O programa agenda a sessão de abertura para as 10h00, com as presenças de D. Jorge Ortiga (Arcebispo Primaz); Adelino Costa (presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte); Ricardo Rio (presidente da Câmara Municipal de Braga); Emídio Gomes (presidente da CCDRN); e Melchior Moreira (presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal). Nesta mesma sessão deverá estar presente o secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier, estando ainda por confirmar.