Arquidiocese de Braga -
10 julho 2015
Braga recebe as pré-jornadas do Rio de Janeiro
Encontro entre as duas arquidioceses serviu para estreitar laços de amizade e confirmar as pré-jornadas de 2016 em Braga.
Braga foi oficialmente escolhida pela Arquidiocese do Rio do Janeiro para realizar, no próximo ano, o seu encontro de preparação para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Cracóvia, Polónia.
Durante uma semana, os responsáveis da Pastoral de Jovens das duas arquidioceseses reuniram-se para avaliar as condições de acolhimento, estreitar laços de amizade e planear uma semana de acção missionária na Arquidiocese de Braga.
Numa video-mensagem dirigida a Braga, o Cardeal Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, destacou “o relacionamento antigo” entre as duas arquidioceses e formulou votos que esta semana sirva para “unir ainda mais os laços de amizade” entre as duas Igrejas Particulares.
O Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Braga aproveitou a ocasião para fazer uma entrevista à comitiva brasileira. Falou sobre a Jornada Mundial da Juventude de 2013, organizada pela Arquidiocese de Rio Janeiro, o impacto que ela teve na pastoral da diocese e ainda as expectativas para as pré-jornadas do próximo ano.
Qual foi o impacto da JMJ na Arquidiocese do Rio de Janeiro?
Monsenhor Joel Amado (MJA) - Constatámos, acima de tudo, uma dinâmica de aproximação. A JMJ aproximou ainda mais a Igreja das pessoas e, por outro lado, aproximou também as pessoas que estavam afastadas da vida da Igreja. Aproximou a Igreja dos jovens e aproximou os jovens da Igreja. E fez também uma última aproximação: resgatou e confirmou a importância da juventude na sociedade.
Um mês antes da Jornada, o Brasil viveu um tempo de muitos protestos. Protestos muito violentos. A Jornada deu um testemunho de resgate ético e existencial muito grande. Diria que foi este o maior lucro da Jornada.
O voluntariado jovem foi uma imagem de marca da JMJ. O que fizeram concretamente?
Pe. Ramon Nascimento Silva - O voluntariado foi algo impressionante. Tivemos pessoas que, há distância de um ano, já se estavam oferecendo para estar connosco. Tivemos pessoas que deixaram o seu trabalho. Pessoas que eram donos e gerentes de empresas e que colocaram outras pessoas no seu lugar para se dedicarem à Jornada. Tivemos também pessoas vindas de outros lugares e que se ofereceram como voluntários. Pessoas, inclusive, que chegaram ao Brasil com dificuldades em falar português.
Receberam ajuda de empresas para a organização da Jornada?
MJA - Tivemos a ajuda de profissionais de ponta na área da comunicação e nos actos centrais da Jornada. A nível financeiro, foi tudo assumido pela Jornada. Algumas empresas, para surpresa nossa, negaram-se a patrocinar o evento. Disseram-nos que estariam a comprometer um certo tipo de público. Referiram ainda que, ao ajudarem uma religião, teriam de ajudar outras. Essa foi, para nós, a primeira grande dificuldade. Outro obstáculo foi a nossa inexperiência. Aprendemos a fazer a Jornada à medida que a Jornada ia decorrendo.
Como foi lidar com os imprevistos? Por exemplo o mau tempo?
MJA - Tivemos alguém na equipa que nos ajudou muito: foi o próprio Senhor. Porque, de facto, precisámos de fazer, ao longo da Jornada, algumas transferências. A primeira foi a da base aérea para Guaratiba, depois da Guaratiba para Copacabana. Foram transferências desgastantes e sofridas, que nos roubaram noites de sono. Vinha de dentro de nós uma força que nós não imaginávamos existir. Mas, naquele momento, contávamos com o reconhecimento das pessoas e a certeza de que haveria no Rio de Janeiro algo grandioso. Sem dúvida nenhuma, a presença carismática do Papa Francisco nos ajudou muito.
Como foi a reacção dos moradores e das pessoas que estavam a assistir à Jornada?
MJA - Os moradores não só aceitaram como, durante o evento, se colocaram à disposição para o que fosse necessário. Os jovens subiam para usar os banheiros, tomar banho e alimentar-se. Os próprios moradores diziam “venham para cá!”.
Dois anos depois, que a leitura fazem deste evento? Houve uma aproximação dos jovens?
MJA - Uma das consequências foi a ratificação da confiabilidade da sociedade brasileira na Igreja, de modo especial da sociedade carioca para com a Igreja do Rio de Janeiro. Isso pôde ser visto no ano seguinte, em 2014, quando celebrámos na nossa Arquidiocese o ano da caridade. Nesse ano fizemos uma coleta de alimentos a favor do Haiti e conseguimos angariar 180 toneladas de alimentos.
Porque decidiram organizar as pré-jornadas aqui em Braga?
MJA - Há uma amizade e um vínculo muito próprio do senhor Cardeal Orani Tempesta com a Arquidiocese de Braga, tal como existe entre o Brasil e Portugal. O Cardeal pensou numa experiência de Deus vivida por duas culturas que são, ao mesmo tempo, tão próximas e tão distantes. O que se deseja é que possa haver um intercâmbio entre cariocas e bracarenses para responder a uma pergunta: “Como você vive a sua fé?”.
Que actividades estão pensadas?
MJA - Pelas manhãs haverá catequese. Uma será da responsabilidade de Braga e outra da responsabilidade da Arquidiocese do Rio de Janeiro. A segunda marca das pré-jornadas são as ações missionárias, nas quais os cariocas terão contacto com a Igreja de Braga e poderão testemunhar o modo como a Igreja de Braga vive e pratica a fé. Na parte da tarde, serão escolhidos locais e e situações diferentes para experienciar a fé.
Porquê Braga?
MJA - Por causa da identificação dos dois bispos, da facilidade de idiomas e porque o europeu e o latino-americano, embora próximos pela história, vivem em mundos diferentes. Queremos, neste mundo globalizado, mostrar que é possível viver a dinâmica da misericórdia num mundo de violência.
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