Arquidiocese de Braga -

3 julho 2018

Estar com Jesus e a urgência da missão

Fotografia

Formação de Adultos

Há pouco tempo para estar com Jesus, porque a urgência da missão torna-se, por vezes avassaladora; no entanto, só o “estar com Jesus” dá sentido a essa missão e a alimenta. Aproveitemos este tempo de “férias” para estar mais vezes e com maior qualidade co

\n

Nos nossos ambientes e conversas, ouve-se amiúde que, hoje, não é fácil ser-se catequista ou um cristão comprometido nas nossas comunidades cristãs… e com toda a razão! E apresentamos mil e uma razões, validíssimas, que suportam a nossa tese... e se esses fundamentos estiverem em contingências externas a mim, tanto melhor, pois não me implicarão, nem exigirão de mim mais do que já faço, nem melhor do que já faço… e limito-me a aceitar e a fazer o que posso!

Porém, ao olharmos atentamente para a história da salvação, rapidamente nos aperceberemos que nunca foi fácil ser-se povo de Deus e discípulo de Jesus; que o diga o próprio Jesus, os primeiros cristãos e tantos irmãos na fé que entregaram e continuam a entregar a sua vida.

Muito do nosso desgaste na pastoral, do nosso desânimo e cansaço passam pela dificuldade que todos temos na priorização e no equilíbrio deste fazer e deste ser… A urgência de tudo a acontecer ao mesmo tempo (para ontem) e a exigência que sentimos à nossa volta (que nos pede mais todos os dias) sobrevalorizam o fazer e menorizam, inadvertidamente, o ser.

“Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar” (Mc 3,13-14). “Estar com Jesus”, aceitar sentar-se, baixar a guarda para se deixar interpelar com os ouvidos do coração, deverá ser a principal preocupação de cada um de nós, que se sente ternamente amado por um mestre que se sacrifica pelos seus discípulos. Depois… só depois de estar com Jesus, depois de beber do seu coração é que a “nossa” missão terá sentido; aliás, depois de percebermos como somos amados, mesmo sem o merecermos… como calar este amor? Como calar este ardor? Na verdade, depois de estarmos com Jesus as nossas palavras já não serão as nossas… os nossos abraços já não serão os nossos, as nossas forças já não serão as nossas…

E então, as pessoas a quem formos enviados já não serão “números”, “estatísticas” ou “grupos”, mas irmãos para amar! E quando se ama… tudo pode acontecer, até mesmo entregar a nossa vida, toda!

Há pouco tempo para estar com Jesus, porque a urgência da missão torna-se, por vezes avassaladora; no entanto, só o “estar com Jesus” dá sentido a essa missão e a alimenta. Aproveitemos este tempo de “férias” para estar mais vezes e com maior qualidade com Jesus, para que as nossas forças revigorem, para que as nossas mãos despertem e o nosso coração ame, com o amor maior de Jesus.

 

Sérgio Paulo Pinto