Arquidiocese de Braga -

29 novembro 2019

Mensagem do Arcebispo D. Jorge

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Balasar (Santa Eulália)

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Advento de gestos

 

Mensagem de advento O mundo convida a entrar neste tempo com atitudes de índole consumista. Tudo gira em torno da aquisição de bens e prendas, ameaçando transformar a grande festa natalícia num simples convívio familiar e descartando o profundo significado desta época.

Urge dar significado ao Natal e fazer do Advento um itinerário que nos leve a equacionar as nossas opções, tendo em vista a descoberta do que é fundamental. Cristo, Filho de Deus, fez-se homem e desenhou o itinerário de uma vida feliz. Por isso, a alegria do Natal está no encontro com Cristo e, através deste encontro, na redescoberta de uma originalidade na convivência entre as pessoas, capaz de humanizar as relações. Queremos que o Natal seja um berço que humaniza.

São elucidativas as palavras do Papa Francisco: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura.”

(E.G. 286).

Num mundo que desconsidera a vida, desde a concepção até à morte, num mundo que promove comportamentos violentos que destroem a convivência fraterna, num mundo de relações meramente protocolares e muito frias, que ignora as necessidades dos outros, importa recuperar a ternura como verdadeiro motor de humanização dos relacionamentos, começando pelas famílias e mostrando a sua beleza no contexto das nossas comunidades paroquiais.

Vivemos num espaço rico em tradições. Orgulhamo-nos delas e vivemo-las espontaneamente. Preservemos essas tradições.

Iremos encontrar-nos com familiares que vemos esporadicamente. Penso que é imperioso reforçar o dever de levar a ternura a esses encontros para depois a transportar para o quotidiano com pequenas acções concretas. Precisamos de estimular uma felicidade criativa que nos obrigue a reconhecer a importância dos pequenos gestos, na alegria de mostrar que a fidelidade se tece sempre no plural. O nosso relacionamento é demasiado formal e esquecemos o espontâneo, o que não custa nada mas tem um valor incomensurável. Nesta criatividade cristã descobrimos que na medida em que damos amor também o recebemos. É uma lógica contrária à mentalidade corrente de exigir para adquirir. O verdadeiro humanismo reside na oblação, na entrega desinteressada e persistente, na certeza de que se recebe muito mais quando doamos a vida

Neste Advento quero comungar a vida de todos quantos vivem nesta região e pedir-lhes que aceitem esta proposta. A Arquidiocese de Braga, olhando para o Natal, quer sublinhar que com pequenos gestos, e tantos podem ser realizados nos contextos das famílias, das empresas, dos comércios, dos estabelecimentos, das comunidades paroquiais, podemos gerar esperança, tornando-nos um berço que humaniza.

                                                      † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz            

http://www.diocese-braga.pt/noticia/1/22844